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20/09/2000 - 03h49

Para EUA, Peru mentiu sobre compra de armas

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MARCIO AITH, da Folha de S.Paulo

Oito dias antes de o presidente peruano Alberto Fujimori anunciar, no sábado passado, que convocaria novas eleições e deixaria o cargo, a secretária de Estado dos EUA, Madeleine Albright, acusou-o formalmente de ter mentido sobre o episódio da compra de 10 mil fuzis da Jordânia que acabaram caindo nas mãos da guerrilha colombiana.

A acusação foi feita pessoalmente em reunião em Nova York, no dia 8 de setembro, durante encontro paralelo à Cúpula do Milênio das Nações Unidas. Também participou da reunião Samuel Berger, principal assessor do presidente Bill Clinton para assuntos internacionais.

No encontro, relatado à Folha por uma fonte da Casa Branca e hoje interpretado pelos EUA como um dos principais fatores que levaram Fujimori a anunciar que sairia do governo, Albright também responsabilizou Vladimir Montesinos, a quem acusou de ter enriquecido ilicitamente por ligações com o narcotráfico e de quem exigiu a demissão.

Segundo o relato ouvido pela Folha sobre a reunião de Nova York, Albright não pediu a renúncia de Fujimori, mas apenas a demissão de Montesinos.

Foi uma conversa dura, quase constrangedora. Albright mencionou brevemente o descontentamento dos EUA com a fragilidade democrática no Peru e logo passou a discutir a compra, ainda nebulosa, dos 10 mil fuzis Kalashnikov, que partiram da Jordânia e acabaram nas mãos das Farc, principal guerrilha colombiana.

Na visão dos EUA, a mentira de Fujimori e de Montesinos teria sido contada em meados de agosto, quando ambos convocaram uma entrevista coletiva anunciando que haviam descoberto e prendido uma quadrilha internacional de tráfico de armas. Segundo os dois, a quadrilha teria usado indevidamente o nome do governo peruano para comprar fuzis do governo da Jordânia e os desviar para a Colômbia.

Desde então, munido de informes da CIA e depois de contatos com autoridades jordanianas e colombianas, o governo dos EUA recebeu informações de que o nome do governo peruano não fora usado indevidamente para a compra das armas: funcionários graduados do serviço secreto, ligados diretamente a Montesinos, estariam envolvidos.

Os EUA obtiveram informações de que a verdadeira história da compra de armas estava prestes a vazar para a imprensa e, por isso, Fujimori e Montesinos se anteciparam anunciando a prisão da quadrilha e montando um teatro.

Na sexta-feira passada, o principal funcionário do Departamento de Estado norte-americano para a América Latina, Peter Romero, insinuou que a quadrilha responsabilizada pela operação é personagem de uma peça de teatro. Ele disse ainda que alguns dos presos não têm idade para comprar bebida alcoólica nos EUA.

Ontem, o porta-voz da Casa Branca, Joe Lockhart, negou oficialmente que os EUA tenham pressionado Fujimori a deixar o poder. Andy Koss, porta-voz do Departamento de Estado, disse à Folha que não pode confirmar nem desmentir se Albright pressionou Fujimori a agir contra Montesinos. Após quatro meses de ataques contra o governo Fujimori, os EUA agora esforçam-se para evitar um golpe de Estado e dar a ele sustentação política até a transição democrática do poder.

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