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24/08/2005 - 19h19

Sunitas ameaçam derrubar Constituição do Iraque

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da EFE

Políticos e religiosos sunitas no Iraque fizeram uma ameaça nesta quarta-feira: lutar até o final e derrubar a minuta da Constituição no plebiscito de outubro, caso suas reivindicações não sejam incluídas no texto.

A afirmação foi feita pelo Congresso Nacional Sunita (CNS), um dos grupos políticos sunitas mais influentes do Iraque, e pela Associação de Clérigos Muçulmanos (ACM), que representa a comunidade, que é minoria no país e governava durante a ditadura de Saddam Hussein.

Porta-vozes dos dois grupos acusaram os curdos e os xiitas --que controlam o governo e o Parlamento-- de tentarem isolar os sunitas e colocar dificuldades para sua participação na redação da minuta da Constituição.

"O texto constitucional, em sua forma atual, é ilegal e não representa todas as tendências do povo iraquiano. Nossa ambição é chegar a um acordo pacífico, mas se isso não for possível, faremos tudo o que estiver ao nosso alcance para que (a minuta) fracasse no plebiscito", disse o secretário-geral do CNS, Adnan al Duleimi.

Divergências

O documento, alcançado com o consenso de xiitas e curdos, foi entregue na segunda-feira ao Parlamento. Mas devido às objeções sunitas, a Câmara decidiu conceder uma nova prorrogação de três dias aos representantes das diferentes comunidades, para que resolvessem suas divergências antes de votar sua eventual aprovação.

Caso o novo texto não seja aprovado, deverá ser submetido a plebiscito em outubro.

"Não vamos permitir que ninguém nos isole, porque nós não queremos deixar ninguém de lado. Nós vamos nos manter no Iraque e não deixaremos que ninguém divida este país", afirmou um exaltado Al Duleimi, em declarações à imprensa.

O líder sunita insistiu, no entanto, que sua comunidade continua disposta a cooperar com xiitas e curdos, apesar de ambos os grupos terem levantado obstáculos para impedir que eles participem do futuro Iraque.

"Colaboraremos com nossos irmãos xiitas, curdos e turcomanos para encontrar uma fórmula que garanta a segurança, a estabilidade, a independência, a unidade e a prosperidade do Iraque", disse Al Duleimi.

Campanha

O líder aproveitou para denunciar que os sunitas eram vítimas de uma campanha policial ordenada pelo novo governo.

"As operações em casas e bairros de sunitas e a detenção de nossa gente é uma prática habitual. Tentam nos isolar, mas ninguém vai nos separar do processo só porque queremos um Iraque unido e a salvo da divisão", disse.

O líder sunita insistiu em afirmar que sua comunidade rejeita o federalismo, pois não deseja ver emergir duas regiões: uma no centro e outra no sul do país.

Al Duleimi pediu a intervenção da ONU, da Liga Árabe e das Organizações pró Direitos Humanos para que freiem as aspirações de curdos e xiitas e ajudem a libertar os milhares de sunitas que estão presos

Pressão

Hoje, o porta-voz da ACM, Abdelsalam Al Qubaisi, acusou o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, de pressionar e intimidar o Iraque

"Exigimos à administração americana que tire suas mãos de um processo que resultará infrutífero e permita que a questão iraquiana seja levada às Nações Unidas, para evitar ingerências de terceiros", disse Al Qubaisi, em entrevista coletiva em Bagdá.

Sobre a minuta da Constituição, insistiu em que "equiparou o islã com outras religiões. Não garante a unidade nem a personalidade árabe do Iraque, por isso não a reconhecemos", disse Al Qubaisi.

A polêmica sobre a nova Carta coincidiu com enfrentamentos registrados hoje entre policiais iraquianos e dezenas de insurgentes em um bairro do oeste da capital, nos quais ao menos sete pessoas morreram, entre elas quatro policiais.

Segundo testemunhas e fontes policiais, os enfrentamentos aconteceram no bairro Hai al Jama, em Bagdá, depois que 40 insurgentes ataram vários postos de controle da polícia.

Com agências internacionais

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