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25/08/2005
-
11h45
DANIELA LORETO
da Folha Online
O brasileiro Nivaldo Papeti, 47, um dos sobreviventes do acidente com o Boeing 737-200 da companhia estatal peruana Tans, que matou 38 pessoas na terça-feira passada (23), disse em entrevista exclusiva à Folha Online que atravessou pântano, com água na altura do peito, e enfrentou chuva de granizo após escapar do acidente.
Papeti conta que o avião estava em procedimento de descida no momento da queda. "Ele já estava pousando, a mais ou menos 800 metros do solo."
O avião, que levava sete tripulantes e 91
passageiros [57 sobreviveram, 38 morreram e três continuam desaparecidos] caiu a 4,8 km do aeroporto e pouco antes do pouso. O vôo saíra de Lima (capital) com destino a Pucallpa (490 km ao noroeste de Lima), e, posteriormente, iria para a cidade de Iquitos.
Segundo ele, no momento em que caiu, o trem de pouso já havia sido acionado e faltavam apenas dois minutos para a aterrissagem no aeroporto de Pucallpa.
Momentos antes do acidente, segundo o brasileiro, a tripulação avisou aos passageiros que a aeronave entraria em uma zona de turbulência. "Entramos em um vendaval tão forte que o avião se descontrolou. Já enfrentei muitas turbulências durante vôos na minha vida, mas nunca havia visto algo dessa proporção. O avião ficou entregue ao vento", afirma.
O brasileiro, que falou à Folha Online por telefone, de Lima, diz que tudo foi muito rápido e não houve tempo nem para que os passageiros entrassem em pânico. "Entre a turbulência e a queda, foram cerca de 10 ou 15 segundos. Não houve gritos", diz.
De acordo com Papeti, até aquele momento, o vôo havia sido tranqüilo e o avião só apresentou problemas depois de chegar na área do aeroporto de Pucallpa, onde caía uma tempestade no momento do acidente.
"Antes da turbulência, havia bastante visibilidade. Eu estava na janela e via o avião se aproximando da cidade", disse.
Queda
Após a queda, segundo o brasileiro, houve barulho de vidros se quebrando e de objetos caindo. A parte dianteira do Boeing 737-200 começou a pegar fogo.
Papeti diz acreditar que só se salvou porque estava na parte traseira da aeronave --onde, segundo ele, estava a maioria dos sobreviventes.
"O avião se partiu em dois e a parte traseira, que ficou intacta, passou por cima da dianteira", afirma. "Eu estava no banco 19. Algumas pessoas que estavam no meio se salvaram, mas foram lançadas para fora do avião."
O brasileiro conseguiu sair do Boeing --que já estava quase todo em chamas-- pela porta traseira, que se abriu devido ao impacto da queda.
Pântano e granizo
Ao lado de outros 23 sobreviventes, ele caminhou em um pântano por cerca de 50 metros, com água na altura do peito. No caminho, segundo Papeti, o grupo ainda enfrentou uma súbita chuva de granizo.
Os sobreviventes conseguiram chegar à terra firme e aguardaram por cerca de 40 minutos até a chegada da equipe de resgate. Segundo Papeti, ele teve
sorte em sair ileso. "A maioria sofreu queimaduras e ferimentos graves",
conta.
No acidente, o brasileiro --que é de Piracicaba e ficou um mês no Peru a trabalho-- perdeu todos os seus documentos e pertences. Segundo ele, a empresa para a qual presta serviços já providenciou roupas e a expedição de novos documentos junto à Embaixada brasileira em Lima.
Empresa
No dia do acidente, o representante da Tans, Jorge Beleván disse que "as informações preliminares indicavam que o acidente foi causado por ventos cruzados que se apresentaram no momento da aterrissagem e que, por mais que os pilotos tivessem toda habilidade, lamentavelmente o avião caiu".
"Quando um avião atravessa um vento cruzado, entra em estado de perda [de estabilidade]. Graças à perícia do piloto, o pouso de emergência permitiu que houvesse sobreviventes", disse o porta-voz da Tans.
Fundada em 1960 pela Força Aérea peruana, para servir comunidades remotas na selva, a Tans começou a operar como linha comercial em 1998. A companhia estatal hoje atende cerca de 30% do mercado local.
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da Folha Online
O brasileiro Nivaldo Papeti, 47, um dos sobreviventes do acidente com o Boeing 737-200 da companhia estatal peruana Tans, que matou 38 pessoas na terça-feira passada (23), disse em entrevista exclusiva à Folha Online que atravessou pântano, com água na altura do peito, e enfrentou chuva de granizo após escapar do acidente.
Papeti conta que o avião estava em procedimento de descida no momento da queda. "Ele já estava pousando, a mais ou menos 800 metros do solo."
O avião, que levava sete tripulantes e 91
passageiros [57 sobreviveram, 38 morreram e três continuam desaparecidos] caiu a 4,8 km do aeroporto e pouco antes do pouso. O vôo saíra de Lima (capital) com destino a Pucallpa (490 km ao noroeste de Lima), e, posteriormente, iria para a cidade de Iquitos.
Divulgação |
Nivaldo Papeti, que sobreviveu ao acidente |
Momentos antes do acidente, segundo o brasileiro, a tripulação avisou aos passageiros que a aeronave entraria em uma zona de turbulência. "Entramos em um vendaval tão forte que o avião se descontrolou. Já enfrentei muitas turbulências durante vôos na minha vida, mas nunca havia visto algo dessa proporção. O avião ficou entregue ao vento", afirma.
O brasileiro, que falou à Folha Online por telefone, de Lima, diz que tudo foi muito rápido e não houve tempo nem para que os passageiros entrassem em pânico. "Entre a turbulência e a queda, foram cerca de 10 ou 15 segundos. Não houve gritos", diz.
De acordo com Papeti, até aquele momento, o vôo havia sido tranqüilo e o avião só apresentou problemas depois de chegar na área do aeroporto de Pucallpa, onde caía uma tempestade no momento do acidente.
"Antes da turbulência, havia bastante visibilidade. Eu estava na janela e via o avião se aproximando da cidade", disse.
Queda
Após a queda, segundo o brasileiro, houve barulho de vidros se quebrando e de objetos caindo. A parte dianteira do Boeing 737-200 começou a pegar fogo.
Papeti diz acreditar que só se salvou porque estava na parte traseira da aeronave --onde, segundo ele, estava a maioria dos sobreviventes.
"O avião se partiu em dois e a parte traseira, que ficou intacta, passou por cima da dianteira", afirma. "Eu estava no banco 19. Algumas pessoas que estavam no meio se salvaram, mas foram lançadas para fora do avião."
O brasileiro conseguiu sair do Boeing --que já estava quase todo em chamas-- pela porta traseira, que se abriu devido ao impacto da queda.
Pântano e granizo
Ao lado de outros 23 sobreviventes, ele caminhou em um pântano por cerca de 50 metros, com água na altura do peito. No caminho, segundo Papeti, o grupo ainda enfrentou uma súbita chuva de granizo.
Os sobreviventes conseguiram chegar à terra firme e aguardaram por cerca de 40 minutos até a chegada da equipe de resgate. Segundo Papeti, ele teve
sorte em sair ileso. "A maioria sofreu queimaduras e ferimentos graves",
conta.
No acidente, o brasileiro --que é de Piracicaba e ficou um mês no Peru a trabalho-- perdeu todos os seus documentos e pertences. Segundo ele, a empresa para a qual presta serviços já providenciou roupas e a expedição de novos documentos junto à Embaixada brasileira em Lima.
Empresa
No dia do acidente, o representante da Tans, Jorge Beleván disse que "as informações preliminares indicavam que o acidente foi causado por ventos cruzados que se apresentaram no momento da aterrissagem e que, por mais que os pilotos tivessem toda habilidade, lamentavelmente o avião caiu".
"Quando um avião atravessa um vento cruzado, entra em estado de perda [de estabilidade]. Graças à perícia do piloto, o pouso de emergência permitiu que houvesse sobreviventes", disse o porta-voz da Tans.
Fundada em 1960 pela Força Aérea peruana, para servir comunidades remotas na selva, a Tans começou a operar como linha comercial em 1998. A companhia estatal hoje atende cerca de 30% do mercado local.
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