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21/09/2000 - 08h52

Para OEA Fujimori cumprirá promessa de sair

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MARCIO AITH
da Folha de S.Paulo

O secretário-geral da OEA (Organização dos Estados Americanos), César Gaviria, disse ontem que a comunidade internacional acredita na promessa do presidente do Peru, Alberto Fujimori, de realizar eleições e se retirar do poder. "Não há nada que coloque em dúvida sua palavra. Todos estão convencidos, e sou um deles", disse Gaviria em entrevista à Folha em Washington.

Gaviria disse não ver indícios de golpe militar no país -"não estou vendo uma pressão dos militares sobre o governo"- e afirmou, com base em conversas que teve com membros da oposição e do governo peruanos, ser possível realizar eleições em março de 2001.

Embora veja essa data como positiva, Gaviria reconhece que não será possível colocar em prática, até lá, toda a agenda de reformas eleitorais sugerida pela OEA há dois meses. "Mas, se existir vontade, é possível cumprir grande parte dessa agenda antes da partida de Fujimori", afirmou.

Gaviria foi membro da missão especial da OEA que estabeleceu, com o governo e com a oposição no Peru, uma agenda mínima de reformas institucionais no país.

Fujimori aceitou receber a missão depois de pressões internacionais causadas por um relatório da OEA que apontou falhas no processo eleitoral de maio -quando foi eleito para um terceiro mandato.

Folha - A agenda de reformas eleitorais no Peru, sugerida pela OEA recentemente, nem começou a ser executada. Como é que o país pode realizar eleições livres em seis meses? Não há o risco de eleições novamente controversas?
César Gaviria -
Não há tempo para todas as reformas, mas, se existir vontade, é possível que grande parte seja aprovada até as eleições. O governo e a oposição precisam concordar sobre esse assunto.

O presidente Fujimori atuou de maneira responsável e, com seu gesto, abriu um capitulo novo para a democracia peruana, uma possibilidade de reconciliação, de eleições que não sejam controvertidas.

Folha - Não seria mais seguro, para o fortalecimento da democracia no Peru, que o presidente Fujimori deixasse o poder e permitisse que um governo de transição promovesse as eleições?
Gaviria -
Não quero falar sobre hipóteses. Fujimori disse que vai se retirar, que vai presidir as eleições. As coisas mudaram. Para os que imaginavam, até poucas semanas atrás, que Fujimori, com seu novo mandato de cinco anos, era um obstáculo para o regresso do Peru à democracia esse problema não mais existe. Ele anunciou que se retirará, e devemos ser construtivos.

Folha - Mas, tendo em visto o histórico autoritário de Fujimori e de seu alto índice de aprovação popular, por que acreditar que o presidente peruano desistirá do poder?
Gaviria -
Não há, na comunidade internacional, nada que coloque em dúvida a palavra de Fujimori. Todos estão convencidos, e sou um deles, de que o presidente fará eleições e vai se retirar do poder.

Não posso comentar índices de popularidade. Fujimori tem respaldo de um grupo grande de peruanos. Há também um grupo grande da população que não concorda com ele.

As eleições de maio não tiveram todas as características de liberdade e de justiça. Mais tarde, apareceram fortes indícios de que o serviço de inteligência do Estado estava abusando de suas funções, interferindo de maneira criminal e ilegal na vida política do país. Fujimori vai sair porque quer eliminar incertezas, acha que já prestou um serviço ao país.

Folha - O sr. acha que pode haver um golpe de Estado no Peru?
Gaviria -
Falei hoje com chanceleres de toda a região. Não encontrei uma situação militar preocupante nem uma pressão dos militares sobre o governo. Não tenho um conhecimento pleno do problema, mas o governo do Peru nos deu as garantias de que existe uma situação de normalidade. Existe a uma esperança de que as forças militares vão ajudar a fortalecer a democracia.


Leia os textos dos colunistas
Eleonora de Lucena, Clóvis Rossi e Marcio Aith sobre o tema

Clique aqui para ler especial sobre o governo Fujimori
 

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