Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
16/09/2005 - 17h58

Campanha eleitoral alemã ganha tom ácido na reta final

Publicidade

da EFE

A linguagem da campanha eleitoral alemã se tornou inusitadamente ácida em sua reta final, com os principais adversários acusam uns aos outros de enganar o eleitor.

"Mentira", "engano" e "fraude" são algumas das palavras mais ouvidas nos últimos dias, quando uma febre eleitoral acometeu os políticos alemães --que normalmente usam um tom respeitoso, mesmo em tempos de campanha.

A disputa ficou ainda mais acirrada depois que as pesquisas deixaram de apontar a coalizão conservadora-liberal como única possível ganhadora. A política financeira, que foi um dos temas mais discutidos na campanha, concentra as trocas de acusações mais recentes.

Os conservadores de Angela Merkel e os social-democratas do chanceler Gerhard Schröder se acusam mutuamente de terem elaborado --mas não divulgado-- listas com os cortes financeiros que pretendem fazer caso ganhem as eleições.

O primeiro a fazer acusações a respeito foi o Partido Social-Democrata (SPD), que falou sobre uma lista de 418 cortes que teria sido elaborada pelo catedrático Paul Kirchhof-- designado por Merkel como futuro ministro das Finanças. Foi o próprio Kirchhof que anunciou que, caso assuma a pasta de Finanças, eliminará uma série de privilégios fiscais e subvenções.

Por isso, surgiu o rumor de que a lista de fato existiria e a acusação dos social-democratas de que a União Democrata Cristã (CDU) de Merkel a teria escondido por medo de perder votos.

Contra-ataque

Em resposta, a CDU denunciou um suposto "pacote de economia secreto" do Ministério das Finanças, com o qual o atual titular, Hans Eichel, teria previsto cortes nos próximos anos de 30 bilhões de euros a cada 12 meses.

A CDU e sua ala bávara, a União Social-Cristã (CSU), falam de um "engano gigantesco" ao eleitor e exigiram que o ministro das Finanças publique a lista, sob a ameaça de criar, depois das eleições, uma comissão parlamentar que investigue sua fraude, o que já foi feito na última legislatura.

Eichel garante que essa lista não existe e que tudo que foi falado na imprensa veio de funcionários, provavelmente membros da CDU ou da CSU, que fizeram intrigas por sua conta, talvez a pedido dos conservadores.

"É uma manobra eleitoral evidente. Frente a essas calúnias está a palavra de funcionários neutros de meu Ministério e dispostos a repetir suas declarações sob juramento", disse Eichel hoje em comunicado.

Traição

Na mesma linha, o presidente do SPD, Franz Müntefering, acusou Merkel de ter traído seu próprio preceito de fazer uma campanha eleitoral "honesta" na qual diria todas as verdades.

Em vez disso, disse Müntefering, a CDU escondeu a relação de cortes de Kirchhof e 'inventou' uma lista que não existe.

Por outro lado, voltou a surgir o assunto da entrada da Turquia na União Européia, tema que se presta a manipulações xenófobas, já que 2,7 milhões de turcos vivem na Alemanha e parte dessa comunidade tem problemas de integração.

Schröder visitou na última terça-feira a redação de um popular jornal turco, o Hürriyet, que tem uma edição para a Alemanha. Ontem, o também popular diário alemão Bild, mais ligado à CDU do que ao SPD, perguntava em sua manchete de primeira página se os turcos vão decidir as eleições.

O jornal se referia ao fato de haver 600 mil cidadãos de origem turca com passaporte alemão. Por isso, Merkel criticou o chanceler e o acusou de tentar ganhar o voto dessas pessoas.

Turquia

O chefe do grupo parlamentar da CSU, Michael Glos, declarou "que os eleitores deveriam agradecer ao Bild" por ter desmascarado o suposto motivo de Schröder apoiar a entrada dos turcos na União Européia (UE), ignorando os interesses alemães.

Além disso, afirmou que "os especialistas em imigração advertem que as pessoas já estão de malas prontas na Turquia".

O debate em torno das listas e da Turquia revela o nervosismo provocado pelas últimas pesquisas, que indicam portas abertas para todo o tipo de opção, menos as defendidas pelas coalizões dos social-democratas com os Verdes e a conservadora-liberal.

Se os institutos de pesquisa estiverem certos, nenhuma das duas opções desejadas por seus protagonistas, coalizão vermelho-verde e conservadora-liberal, tem chances.

Uma das opções mais comentadas é a de uma grande coalizão entre social-democratas e conservadores-- justamente os dois partidos que se acusam mutuamente de mentirosos.

Especial
  • Enquete: quem será o próximo chanceler alemão?
  • Leia o que já foi publicado sobre Gerhard Schröder
  • Leia o que já foi publicado sobre Angela Merkel
  • Leia cobertura completa sobre as eleições na Alemanha
  • Leia o que já foi publicado sobre as eleições legislativas alemãs
  •  

    Publicidade

    Publicidade

    Publicidade


    Voltar ao topo da página