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20/09/2005 - 12h59

Wiesenthal dedicou sua vida às vítimas do Holocausto

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da France Presse, em Viena

Simon Wiesenthal, que morreu nesta terça-feira, em Viena, aos 96 anos, perseguiu durante toda a vida os criminosos nazistas e conseguiu colocar à disposição da Justiça mais de mil pessoas, com destaque para Adolf Eichmann, executor da chamada "solução final", de Adolf Hitler, para o povo judeu.

EFE
Simon Wiesenthal, ao receber título de doutor honoris causa em Praga, em abril de 1997
Mundialmente conhecido como o "caçador de nazistas", Wiesenthal criou seu Centro de Documentação Judaica"O que fiz foi pelos os jovens e pelos que morreram porque continuei com vida, e este privilégio implica um dever", comentou certa vez o sobrevivente do campo de extermínio de Mathausen (Áustria). Com este objetivo, depois da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), criou um centro de informações sobre criminosos nazistas, ponto de partida da caça aos nazistas.

O rabino Marvin Hier, decano e fundador do Centro Simon Wiesenthal em Los Angeles (Califórnia, Estados Unidos), uma organização não-governamental de defesa dos direitos humanos, descreveu Wiesenthal como "a consciência do Holocausto", em um comunicado.

Arquitetura

Nascido em 31 de dezembro de 1908, em Buczacz, situado na Galícia (Província do império austro-húngaro, hoje Polônia), que abandonou aos sete anos por causa da presença dos cossacos, Wiesenthal estudou arquitetura em Lemberg (Lwow, cidade da Galícia que passou a fazer parte da antiga União Soviética, em 1945) e, depois, em Praga (República Tcheca).

A chegada das tropas hitlerianas atormentou sua vida. Preso em 1941, foi internado em cinco campos de concentração, entre eles Buchenwald e Mathausen, de onde sairia no dia 5 de maio de 1945.

Wiesenthal passou a viver em Linz (Áustria) --a apenas poucos metros da família de Eichmann.

Arquivo/Reuters
Adolf Eichmann, durante seu julgamento em Israel, em que foi condenado à morte
Ele encontrou a pista que levaria a Eichmann depois de anos de perseguição, o que possibilitou o seqüestro do nazista em Buenos Aires, em 1960, por parte do serviço secreto de Israel.

Em 1947, funda em Linz, ao oeste de Viena, um Centro de Documentação responsável por compilar informações sobre o destino dos judeus e de seus torturadores. Em boa parte graças a seu trabalho, em 1961, Eichmann foi levado à Justiça, assim como outros 1.100 criminosos nazistas.

Depois da execução de Eichmann em Israel, em 31 de maio de 1962, Wiesenthal transfere para Viena o centro, que também se propõe a combater o anti-semitismo e todas as formas de preconceitos e revisionismo. "Os assassinos da memória preparam as condições para os assassinatos de amanhã", explicava.

Livro

Em "Justiça não é Vingança", sua autobiografia publicada em 1989, o "caçador de nazistas" se esforça para mostrar como, incansavelmente, perseguiu e desmascarou os criminosos, com suas novas identidades, em todo o mundo.

Apenas uma vez, explica no livro, teve vontade de deixar a legalidade de lado e aplicar a pena de talião ao descobrir, entre os documentos de um nazista, a foto de um menino judeu pendurado pelos testículos.

Porém, aquele que quis "viver pelos mortos", também viveu para os vivos, em particular aos refugiados de países do Leste Europeu.

Quase 8.000 pessoas passaram pelos centros construídos por Wiesenthal.

Premiado em várias ocasiões, Wiesenthal também tinha detratores. Alguns o acusaram de dificultar a busca e envio à Justiça de personagens como o ex-presidente austríaco e secretário-geral da ONU Kurt Waldheim.

Como justificativa, Wiesenthal argumentou que sua proposta era a de caçar os criminosos de guerra e Waldheim, criticado por seu passado no Exército hitleriano, não era um deles.


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