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27/09/2005 - 15h57

Iraquianos contestam morte de terrorista anunciada pelos EUA

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da Folha Online

Nesta terça-feira, o Exército americano anunciou a morte de Abu Azzam --identificado como sendo o número dois da Al Qaeda no Iraque, e "braço direito" do terrorista jordaniano Abu Musab al Zarqawi no país.

Mas representantes do próprio governo iraquiano lançaram dúvidas sobre a informação divulgada pelos Estados Unidos.

AP
Abu Azzam, que seria o nº 2 da Al Qaeda no Iraque
Em janeiro passado, o governo americano anunciou a prisão de Sami Mohammed Ali Said al Jaff, conhecido pelo apelido de Abu Omar al Kurdi, um outro homem que, aparentemente, ocupava o mesmo cargo de Azzam: número 2 da Al Qaeda no Iraque e braço direito de Al Zarqawi.

O terrorista era acusado pelo governo iraquiano de planejar mais de 30 atentados, entre eles o que matou o diplomata brasileiro Sérgio Vieira de Mello em agosto de 2003, em Bagdá, e uma explosão em Najaf que matou 80 pessoas, ocorrida no mesmo mês.

As informações divulgadas pelo governo americano desta terça-feira não deixam claro de Azzam teria substituído Al Kurdi no posto de número dois da Al Qaeda no Iraque, e tampouco mencionam a morte do comandante anterior.

Segundo a agência de notícias Reuters, em entrevista à rede de TV Al Jazira (Qatar), o porta-voz do governo iraquiano, Laith Kubba, afirmou nesta terça-feira "que não tinha certeza" sobre a importância de Azzam na rede terrorista --que teria nacionalidade iraquiana e cujo nome verdadeiro seria Abdullah Najim Mohamed al Jawari--, e lançou uma dúvida sobre a eficácia dos interrogatórios de suspostos membros da rede no combate à insurgência no Iraque.

"Mesmo aqueles que são membros da rede [comprovadamente] e são presos nada sabem, a não ser nomes de guerra [de outros combatentes] e símbolos [usados pela Al Qaeda no Iraque]", afirmou Kubba.

Os insurgentes também desmentiram o governo americano. Um comunicado assinado pela Al Qaeda no Iraque e divulgado em um site islâmico freqüentemente usado pelo grupo para fazer seus anúncios diz que "o guerreiro sagrado Abu Azzam al Iraqi é um soldado da Al Qaeda, que comanda uma das várias unidades operando em Bagdá [capital iraquiana] (...) sua morte ainda não foi confirmada".

O texto, cuja autoria ainda não pôde ser verificada, diz que "em seu último e desesperado anúncio, eles [em uma referência ao Exército americano] anunciaram a morte do "número dois" da Al Qaeda no Iraque. Nós dizemos, desistam: suas mentiras não irão ajudá-los".

O governo americano afirmou que Azzam comandava a operação da Al Qaeda no Iraque em Bagdá e em "outras cidades", sendo responsável também pela movimentação financeira da rede terrorista.

"Golpe"

Além disso, o site israelense Debka, especializado em assuntos relacionados à inteligência internacional, publicou uma notícia dizendo que "fontes da inteligência contraterrorista" disseram que há "fortes dúvidas" sobre a morte de Azzam.

O Debka também informa que o próprio Exército dos EUA teria anunciado a prisão de Azzam em março passado e, desde então, ele passa por interrogatório. Ao contrário do que falam os americanos, ele também não seria o braço direito de Al Zarqawi, e sim comandante rebelde em Bagdá.

O major-general Rick Lynch, porta-voz das forças americanas no Iraque, afirmou nesta terça-feira que "ao retirar Azzam das ruas, que era outro colaborador próximo de Al Zarqawi, foi outro sério golpe contra a organização terrorista" liderada pelo jordaniano.

Terrorista

Ainda segundo o Exército americano, Azzam reivindicou uma série de ataques contra políticos iraquianos, incluindo a explosão de um carro-bomba, ocorrida em maio de 2004, que matou Izzadine Saleen, que era presidente do Conselho do governo iraquiano à época, e um ataque realizado em julho daquele ano, que matou o governador da Província de Nineveh.

Ele também seria o líder do grupo na Província de Al Anbar (oeste do Iraque) --bastião da insurgência rebelde no país-- até o início deste ano, quando se tornou o líder das operações em Bagdá.

Azzam, dizem os EUA, foi o responsável pelo aumento da violência na região central do país desde abril passado.

Com agências internacionais

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