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13/10/2005 - 15h58

Casamento de padres pode ser problema para a igreja, dizem bispos

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da Efe, na Cidade do Vaticano

Os bispos que participam do sínodo estão conscientes da falta de sacerdotes, mas consideram que a solução não é abolir o celibato e recorrer a sacerdotes casados, argumentando que eles podem se transformar em um "problema" para a Igreja Católica.

Foi o que disseram nesta quinta-feira o arcebispo de Guadalajara, no México, o cardeal Juan Sandoval Iñiguez, e o bispo ucraniano Sofron Stefan Mudry ao comentarem o desenvolvimento do sínodo sobre a eucaristia, que entrou em seu 12º dia de assembléia.

De acordo com Iñiguez, a ordenação sacerdotal de homens casados não resolve o problema da falta de sacerdotes, já que a experiência das igrejas orientais, onde os padres podem se casar, mostra que eles podem se tornar um problema.

"Nas igrejas orientais também há crise de vocações e, embora os sacerdotes possam se casar, o fato de terem esposa e filhos às vezes cria dificuldades, já que eles têm menos tempo para estudar e têm problemas para manter a família", disse Iñiguez.

Mudry, que pertence ao rito oriental, disse que em sua diocese, de 400 sacerdotes, 360 são casados e têm muitos problemas. "Alguns têm cinco filhos, outros não têm casa. Com a família, é difícil mudar de cidade devido aos estudos dos filhos. Há vários problemas", afirmou.

Nos últimos tempos, "se quisermos salvar nossa igreja", existe a tendência de estimular primeiro o sacerdote solteiro, disse o bispo ucraniano.

Comunhão

Hoje também discursou o cardeal africano Francis Arinze, chefe da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, que reiterou o "não" da igreja à permissão de os católicos divorciados e casados poderem comungar novamente.

Arinze disse que a igreja ajuda e respeita essas pessoas, mas não pode dar a comunhão a elas, "pois se duas pessoas se casaram e o casamento é válido perante Deus, embora tenha fracassado por uma causa ou outra, a Igreja não tem o poder de rompê-lo".

A única solução é pedir a nulidade, ou seja, a constatação de que o casamento nunca existiu. De acordo com Arinze, não se trata de encorajar os tribunais eclesiásticos a serem indulgentes em excesso, mas constar, "seguindo a verdade", que essa união é inválida.

Arinze também exigiu mais rigor e seriedade nas celebrações eucarísticas, e negou que os padres sinodais tenham pedido a volta da celebração do rito de São Pio 5º, ou seja, a realização das missas em latim, uma das exigências dos cismáticos seguidores do falecido bispo Marcel Lefebvre.

O cardeal africano também falou sobre a "aculturação", ou seja, deixar de lado elementos das culturas nativas para anunciar a mensagem de Cristo. Segundo ele, não se trata de os africanos terem que dançar à força nas cerimônias, mas é algo muito mais sério, que precisa de um estudo de teólogos até que esse estilo litúrgico seja admitido pela igreja.

Assim como o cardeal colombiano Alfonso López Trujillo, presidente do Conselho Pontifício para a Família, Arinze afirmou que os católicos não devem votar em políticos que "querem matar as crianças que não nasceram ainda".

"Não se pode votar em políticos que apóiam leis contra a família e a vida", ressaltou Arinze.

López Trujilo tinha dito que os políticos que apóiam leis contra a família e em favor dos casamentos homossexuais, do aborto e do divórcio não podem comungar.

Falta de padres

No momento em que o sínodo entra na metade de sua duração, o relator da assembléia, o patriarca de Veneza (Itália), o cardeal Angelo Scola, preparou um documento no qual reúne as afirmações dos 256 padres sinodais presentes. Nessas declarações, é ressaltada a "preocupante" falta de sacerdotes, mas os bispos continuam considerando que não se pode recorrer ao caminho dos sacerdotes casados, os chamados "viri probati".

Scola ressaltou os pedidos de alguns prelados para que o tabernáculo volte a ser colocado no centro dos altares maiores. Ele também destacou a "incongruência" de colocar a poltrona do celebrante diante do tabernáculo.

Vários ouvintes discursaram na última sessão, entre eles a hondurenha Martha Lorena Alvarado de Casco, presidente do Comitê pela Vida, que propôs a separação da educação dos meninos e meninas e denunciou a falta de pudor de muitas mulheres na hora de irem às igrejas.

O fundador do Caminho Catecumenal, o espanhol Kiko Argüello, pediu a celebração da Eucaristia dentro da comunidade, dizendo que isso é fundamental para amadurecer a vocação e a fé dos cristãos.

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