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20/10/2005 - 03h54

Brasil cai 3 posições e fica em 66º no ranking de liberdade de imprensa

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FELIPE NEVES
da Folha Online
da Efe

O Brasil caiu três posições no que diz respeito à liberdade de imprensa e ficou em 66º lugar, de acordo com o ranking elaborado pela organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF). Para a ONG, "a imprensa local [brasileira] continua exposta a violentas represálias".

Além disso, segundo a entidade, "fora das grandes cidades, informar continua sendo um ofício perigoso". Como exemplo, em seu informe anual, a RSF menciona a morte de dois jornalistas em 2004, uma em Mato Grosso do Sul e outra em Pernambuco.

A RSF afirma que, segundo as investigações, suspeita-se que Samuel Román, morto em 20 de abril de 2004 em Coronel Sapucaia (MS), teria sido assassinado a mando do próprio prefeito da cidade, uma vez que o jornalista criticava sua gestão na rádio Conquista FM.

Por sua vez, José Carlos Araujo, morto apenas quatro dias depois, em Timbaúba (PE), teria sido morto por um criminoso que teria sido denunciado pelo jornalista. O suspeito está preso.

Ainda em 2004, em 11 de julho, um terceiro jornalista foi morto no Brasil, desta vez em Alagoas. Trata-se de Jorge Lourenço dos Santos. No entanto, não há indícios suficientes para determinar se o crime tem relação com sua atividade profissional.

Além da violência, a RSF não poderia deixar de mencionar o caso Larry Rother. Em 11 de maio, o correspondente do "The New York Times" quase teve sua licença de trabalho cassada após a publicação de uma reportagem na qual ele revelava uma suposta preocupação nacional com o consumo de bebidas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Depois da grande repercussão do caso, o governo desistiu da medida.

Ranking

Cuba segue no final da lista na América Latina e no Caribe, enquanto o México tirou a Colômbia do segundo lugar nos países do continente, segundo a classificação publicada nesta quinta-feira pela RSF.

A organização defensora da imprensa considera Coréia do Norte, Eritréia e Turcomenistão como "autênticos buracos negros da informação", por isso ocupam os últimos postos dos 167 países analisados desde setembro de 2004.

Cuba, que no ano passado ocupou o penúltimo lugar, passa a ser a sétima pior, mas não porque a situação da imprensa melhorou na ilha, e sim porque em outros países se deteriorou ainda mais, segundo a RSF.

Com relação ao ano passado, o regime de Havana encarcerou mais dois jornalistas, que se somaram aos 21 que permanecem atrás das grades após a brutal repressão de março de 2003 e cuja situação não melhorou.

A organização revelou também que o México passa a ocupar a segunda pior colocação da América Latina, posto reservado tradicionalmente à Colômbia.

O México sofreu uma queda de quase 40 postos na classificação mundial por causa da deterioração da liberdade de imprensa nos Estados fronteiriços com os Estados Unidos, onde se viveu um "abril negro" no qual, em uma semana, foram assassinados dois jornalistas e um terceiro desapareceu.

Na Colômbia, a influência do narcotráfico e da corrupção levou ao balanço de um jornalista assassinado, sete exilados e freqüentes ataques a meios de comunicação.

A RSF também chamou a atenção sobre o Peru, onde apesar de não ter acontecido nenhuma morte de jornalista, "os atos de violência alcançam proporções vertiginosas", com cerca de 30 casos registrados e outros tantos de ameaças.

A queda do regime de Jean-Bertrand Aristide no Haiti em fevereiro de 2004 permitiu uma melhora da situação da imprensa no país caribenho que, no entanto, continua sendo um "local de risco" para os jornalistas, como demonstra o assassinato de um deles em 2005.

O melhor classificado da América Latina e do Caribe continua sendo Trinidad e Tobago, que ocupa um meritório 12º posto mundial.

A RSF destacou a situação de El Salvador, onde a democracia "ainda frágil após muitos anos de guerra civil" não impediu que ocupe o segundo posto do continente e o 28º do mundo.

Costa Rica, Bolívia, Uruguai e Chile também se repetem nos primeiros postos da América Latina, porque os atentados à liberdade de imprensa se resumem a atos de intimidação.

A Argentina subiu 20 postos perante a diminuição de agressões a jornalistas, as melhoras em matéria de segredo profissional das fontes e a suavização dos delitos de imprensa.

Enquanto isso na Europa, a Espanha perde um posto e fica em 40º lugar, o que se explica sobretudo pela persistência das ameaças do grupo terrorista ETA a jornalistas.

A classificação da organização identifica três grandes regiões onde a liberdade de imprensa encontra mais dificuldades: Ásia Oriental, com Birmânia, China, Vietnã e Laos na liderança; Ásia Central, com Turcomenistão, Uzbequistão, Afeganistão e Cazaquistão; e Oriente Médio, com Irã, Iraque, Arábia Saudita e Síria.

O caso iraquiano é particular, já que a situação da imprensa piorou este ano e a segurança dos jornalistas se degradou.

Desde o início da guerra em 2003 morreram 72 jornalistas e colaboradores, o que lhe transforma no pior conflito para os jornalistas desde a Segunda Guerra Mundial.

Algumas democracias ocidentais retrocederam, como os Estados Unidos, afetado pelo caso de Judith Miller, presa por se negar a revelar uma fonte, Canadá ou França, onde meios de comunicação foram revistados, jornalistas presos e onde foram criados novos delitos de imprensa.

Sete países empataram em primeiro lugar no ranking de liberdade de imprensa da RSF. São eles: Dinamarca, Finlândia, Irlanda, Islândia, Noruega, Holanda e Suíça.

Especial
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