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20/10/2005
-
17h00
da Folha Online
O secretário-geral da ONU, Kofi Annan, recebeu nesta quinta-feira o relatório de investigação completo sobre a morte do ex-premiê libanês Rafik al Hariri, assassinado na capital libanesa, Beirute, em 14 de fevereiro passado. Líder do movimento anti-Síria no Líbano e chefe da oposição, sua morte é atribuída ao governo sírio por opositores libaneses.
Segundo fontes da ONU ouvidas pela agência de notícias Reuters, o relatório feito pelo procurador alemão Detlev Mehlis implica o governo da Síria e membros do governo libanês --pró-sírio-- no atentado. Annan planeja divulgar oficialmente o conteúdo do documento ao Conselho de Segurança e às autoridades libanesas apenas nesta sexta-feira.
Com a aproximação da data de divulgação do relatório, membros do governo sírio começaram a aparentar ansiedade e nervoso. Na semana passada, o presidente sírio, Bashar al Assad, disse que seu país era "100% inocente". Mas a revista alemã "Stern" publicou uma reportagem nesta semana dizendo que Mehlis iria citar em seu relatório o cunhado de Al Assad, o chefe da inteligência militar síria Asef Shawkat, como um dos principais responsáveis pelo assassinato de Al Hariri.
Shawkat é visto como o segundo homem mais poderoso da Síria, depois de Al Assad. Sua acusação formal pode detonar uma crise de proporções gigantescas, dentro e fora do país.
Annan alertou a imprensa nesta quarta-feira sobre os perigos em se "exagerar" ou "politizar" o relatório antes de sua divulgação. "O relatório de Mehlis está no começo", disse ele.
Pressão
Membros dos Estados Unidos, da França e do Reino Unido têm discutido sanções que poderiam ser aplicadas à Síria logo após a divulgação do relatório, mas nada foi formalizado ainda.
Tanto a Síria quanto o Líbano são pontos importantes na política externa da secretária americana de Estado, Condoleezza Rice. O assunto foi abordado durante sua visita ao Reino Unido, França e Rússia na semana passada, onde ela tentou angariar suporte para aplicação de uma ação punitiva contra a Síria.
O embaixador dos EUA na ONU, John Bolton, disse que o governo americano planeja estudar o relatório "com muito cuidado" antes de responder formalmente.
O governo do Líbano já prendeu quatro chefes de segurança libaneses --que eram a favor da intervenção síria no país-- e os acusaram de assassinato, sob a recomendação de Mehlis.
No início do mês, o ministro sírio do Interior, Ghazi Kanaan, foi encontrado morto em seu escritório. Segundo o governo, ele cometeu suicídio, e tinha sido interrogado pela morte de Al Hariri dois dias antes de sua morte.
No domingo (16), a polícia francesa prendeu Mohammed Zuhair al Siddiq --ex-agente do serviço de inteligência sírio-- acusado de ter participação indireta no assassinato de Al Hariri, e de tentar despistar a investigação internacional.
Crise
O assassinato de Al Hariri --que foi primeiro-ministro libanês de 1992 a 1998, e depois de 2000 a 2004-- provocou um agravamento da crise sírio-libanesa. Meses antes de ser morto, o líder havia abandonado o cargo, por discordar da forte influência exercida pela Síria sobre o presidente libanês, Emile Lahoud.
A tensão entre os dois países levou à intervenção internacional, e à saída dos soldados sírios do Líbano após 29 anos. Militares sírios tinham sido enviados aos territórios libaneses para auxiliar no controle da guerra civil, que eclodira no país entre os anos de 1975 e 1991.
Mesmo com o fim do conflito, a Síria se recusou a tirar seus soldados do Líbano, o que ocorreu apenas em abril deste ano, sob forte pressão internacional. Desde então, a oposição libanesa culpa a Síria pela morte de Al Hariri, assim como pelo assassinato do jornalista Samir Kassir, que também era contra a influência síria no Líbano, e pela morte em um atentado a bomba do antigo líder do Partido Comunista libanês, George Hawi, em junho passado.
Com agências internacionais
Especial
Leia o que já foi publicado sobre a crise sírio-libanesa
Leia o que já foi publicado sobre Rafik al Hariri
Annan recebe relatório sobre a morte de ex-premiê libanês
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O secretário-geral da ONU, Kofi Annan, recebeu nesta quinta-feira o relatório de investigação completo sobre a morte do ex-premiê libanês Rafik al Hariri, assassinado na capital libanesa, Beirute, em 14 de fevereiro passado. Líder do movimento anti-Síria no Líbano e chefe da oposição, sua morte é atribuída ao governo sírio por opositores libaneses.
Segundo fontes da ONU ouvidas pela agência de notícias Reuters, o relatório feito pelo procurador alemão Detlev Mehlis implica o governo da Síria e membros do governo libanês --pró-sírio-- no atentado. Annan planeja divulgar oficialmente o conteúdo do documento ao Conselho de Segurança e às autoridades libanesas apenas nesta sexta-feira.
Com a aproximação da data de divulgação do relatório, membros do governo sírio começaram a aparentar ansiedade e nervoso. Na semana passada, o presidente sírio, Bashar al Assad, disse que seu país era "100% inocente". Mas a revista alemã "Stern" publicou uma reportagem nesta semana dizendo que Mehlis iria citar em seu relatório o cunhado de Al Assad, o chefe da inteligência militar síria Asef Shawkat, como um dos principais responsáveis pelo assassinato de Al Hariri.
Shawkat é visto como o segundo homem mais poderoso da Síria, depois de Al Assad. Sua acusação formal pode detonar uma crise de proporções gigantescas, dentro e fora do país.
Annan alertou a imprensa nesta quarta-feira sobre os perigos em se "exagerar" ou "politizar" o relatório antes de sua divulgação. "O relatório de Mehlis está no começo", disse ele.
Pressão
Membros dos Estados Unidos, da França e do Reino Unido têm discutido sanções que poderiam ser aplicadas à Síria logo após a divulgação do relatório, mas nada foi formalizado ainda.
Tanto a Síria quanto o Líbano são pontos importantes na política externa da secretária americana de Estado, Condoleezza Rice. O assunto foi abordado durante sua visita ao Reino Unido, França e Rússia na semana passada, onde ela tentou angariar suporte para aplicação de uma ação punitiva contra a Síria.
O embaixador dos EUA na ONU, John Bolton, disse que o governo americano planeja estudar o relatório "com muito cuidado" antes de responder formalmente.
O governo do Líbano já prendeu quatro chefes de segurança libaneses --que eram a favor da intervenção síria no país-- e os acusaram de assassinato, sob a recomendação de Mehlis.
No início do mês, o ministro sírio do Interior, Ghazi Kanaan, foi encontrado morto em seu escritório. Segundo o governo, ele cometeu suicídio, e tinha sido interrogado pela morte de Al Hariri dois dias antes de sua morte.
No domingo (16), a polícia francesa prendeu Mohammed Zuhair al Siddiq --ex-agente do serviço de inteligência sírio-- acusado de ter participação indireta no assassinato de Al Hariri, e de tentar despistar a investigação internacional.
Crise
O assassinato de Al Hariri --que foi primeiro-ministro libanês de 1992 a 1998, e depois de 2000 a 2004-- provocou um agravamento da crise sírio-libanesa. Meses antes de ser morto, o líder havia abandonado o cargo, por discordar da forte influência exercida pela Síria sobre o presidente libanês, Emile Lahoud.
A tensão entre os dois países levou à intervenção internacional, e à saída dos soldados sírios do Líbano após 29 anos. Militares sírios tinham sido enviados aos territórios libaneses para auxiliar no controle da guerra civil, que eclodira no país entre os anos de 1975 e 1991.
Mesmo com o fim do conflito, a Síria se recusou a tirar seus soldados do Líbano, o que ocorreu apenas em abril deste ano, sob forte pressão internacional. Desde então, a oposição libanesa culpa a Síria pela morte de Al Hariri, assim como pelo assassinato do jornalista Samir Kassir, que também era contra a influência síria no Líbano, e pela morte em um atentado a bomba do antigo líder do Partido Comunista libanês, George Hawi, em junho passado.
Com agências internacionais
Especial
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