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21/10/2005 - 11h42

Síria rejeita acusações em caso de assassinato de ex-premiê libanês

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da Folha Online

Isolada após a elaboração e divulgação do relatório preparado pela ONU (Organização das Nações Unidas) sobre o assassinato do ex-premiê libanês Rafik al Hariri, ocorrido na capital Beirute, em 14 de fevereiro último, a Síria tenta, agora, negar a acusação de envolvimento na morte do líder da oposição libanesa.

O documento afirma que funcionários de alto escalão do governo sírio e do governo libanês --liderado pelo presidente pró-sírio Emile Lahoud, que também se tornou um suspeito-- estão envolvidos no assassinato de Al Hariri. A investigação liderada pelo procurador alemão Detlev Mehlis estabeleceu que "muitas pistas apontam diretamente para membros da segurança síria".

Na parte mais crítica do relatório, Mehlis diz que a Síria precisa cooperar para que a investigação possa ir adiante.

Investigadores têm evidências sobre o envolvimento de Asef Shawkat, cunhado do presidente sírio Bashar al Assad no planejamento do assassinato de Al Hariri e no recrutamento de Ahmed Abu Adass, suposto militante islâmico, que assumiu o atentado a bomba contra o ex-premiê na época.

Segundo uma testemunha --que não foi identificada por motivos de segurança-- Shawkat e o irmão de Al Assad, Maher, estão entre o grupo de funcionários sírios que planejaram a morte de Al Hariri.

O documento, dessa forma, coloca o governo da Síria em rota de colisão direta com o Conselho de Segurança da ONU --onde Estados Unidos, Reino e França têm trabalhado para fazer com que o órgão imponha sanções diplomáticas e econômicas sobre o país.

Além disso, a divulgação do documento acontece no mesmo momento em que os EUA aumentaram sua pressão contra a Síria, para que o país pare de interferir no Líbano e controle a sua fronteira com o Iraque. Segundo o Exército dos EUA, insurgentes sírios ajudam rebeldes iraquianos nos ataques contra o governo, civis e forças de coalizão que atuam no país. A Síria também é acusada de ajudar grupos extremistas palestinos. O governo nega todas as acusações.

No início do mês, o ministro sírio do Interior, Ghazi Kanaan, foi encontrado morto em seu escritório. Segundo o governo, ele cometeu suicídio, e tinha sido interrogado pela morte de Al Hariri dois dias antes de sua morte.

No domingo (16), a polícia francesa prendeu Mohammed Zuhair al Siddiq --ex-agente do serviço de inteligência sírio-- acusado de ter participação indireta no assassinato de Al Hariri, e de tentar despistar a investigação internacional.

Rejeição

O relatório também diz que Lahoud recebeu uma ligação minutos antes da explosão que matou Al Hariri de um "proeminente membro de um grupo pró-Síria", que também teria entrado em contato com outros quatro generais libaneses, entre eles Raymond Aznar, já preso.

O gabinete de Lahoud negou "categoricamente" a acusação, dizendo "não haver verdade" nela, e afirmando que o relatório é "parte de uma campanha contínua contra o presidente" Lahoud.

O ministro sírio da Informação, Mahdi Dakhlallah disse que o relatório da ONU era um "comunicado político contra a Síria".

O relatório, diz ele, foi baseado sobre testemunhos de pessoas "conhecidas por suas posições contrárias à Síria", sem qualquer fundamento.

George Jabour, legislador sírio, disse que o relatório elaborado por Mehlis era "extremamente político" e duro com a Síria.

Crise

O assassinato de Al Hariri --que foi primeiro-ministro libanês de 1992 a 1998, e depois de 2000 a 2004-- provocou um agravamento da crise sírio-libanesa. Meses antes de ser morto, o líder havia abandonado o cargo, por discordar da forte influência exercida pela Síria sobre Lahoud.

A tensão entre os dois países levou à intervenção internacional, e à saída dos soldados sírios do Líbano após 29 anos. Militares sírios tinham sido enviados aos territórios libaneses para auxiliar no controle da guerra civil, que eclodira no país entre os anos de 1975 e 1991.

Mesmo com o fim do conflito, a Síria se recusou a tirar seus soldados do Líbano, o que ocorreu apenas em abril deste ano, sob forte pressão internacional. Desde então, a oposição libanesa culpa a Síria pela morte de Al Hariri, assim como pelo assassinato do jornalista Samir Kassir, que também era contra a influência síria no Líbano, e pela morte em um atentado a bomba do antigo líder do Partido Comunista libanês, George Hawi, em junho passado.

Com agências internacionais

Especial
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