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24/10/2005 - 11h55

Milhares de pessoas fazem protesto contra relatório da ONU na Síria

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da Folha Online

Centenas de milhares de pessoas realizaram nesta segunda-feira uma manifestação em duas maiores cidades da Síria --Damasco, a capital e Aleppo, no nordeste-- contra um relatório de investigação elaborado por membros da ONU (Organização das Nações Unidas) que acusa o governo sírio de ter colaborado com o assassinato do antigo premiê libanês Rafik al Hariri, morto em 14 de fevereiro passado após um atentado a bomba em Beirute.

Em várias faixas, era possível ler: "Sr. Mehlis não somos assassinos", em referência a Detlev Mehlis, o procurador alemão que escreveu o relatório.

Nesta terça-feira, membros do Conselho de Segurança da ONU devem se reunir. Segundo analistas, representantes dos Estados Unidos e do Reino Unido devem fazer pressão para que sejam impostas sanções diplomáticas e econômicas contra Síria.

Outro cartaz transportado pelos manifestantes dizia: "A Síria nunca será outro Iraque". A multidão cantava "Com nosso sangue e nossa alma, nos defendemos você, Bashar [al Assad]", presidente sírio que, desde a publicação do relatório, na semana passada, sofre pressão internacional para deixar o poder.

O governo deu aos estudantes nesta segunda-feira um dia livre para que eles participassem das manifestações e pediu para que os funcionários públicos tomassem parte nos protestos, organizados por partidos governistas.

Acusação

O documento da ONU afirma que funcionários de alto escalão do governo sírio e do governo libanês --liderado pelo presidente pró-sírio Emile Lahoud, que também se tornou um suspeito-- estão envolvidos no assassinato de Al Hariri. A investigação liderada pelo procurador alemão estabeleceu que "muitas pistas apontam diretamente para membros da segurança síria".

Investigadores têm evidências sobre o envolvimento de Asef Shawkat, cunhado de Al Assad no planejamento do assassinato de Al Hariri e no recrutamento de Ahmed Abu Adass, suposto militante islâmico, que assumiu o atentado a bomba contra o ex-premiê na época.

A divulgação do documento ocorreu no mesmo momento em que os EUA aumentaram sua pressão contra a Síria, para que o país pare de interferir no Líbano e controle a sua fronteira com o Iraque. Segundo o Exército dos EUA, insurgentes sírios ajudam rebeldes iraquianos nos ataques contra o governo, civis e forças de coalizão que atuam no país. A Síria também é acusada de ajudar grupos extremistas palestinos. O governo nega todas as acusações.

Crise

O assassinato de Al Hariri --que foi primeiro-ministro libanês de 1992 a 1998, e depois de 2000 a 2004-- provocou um agravamento da crise sírio-libanesa. Meses antes de ser morto, o líder havia abandonado o cargo, por discordar da forte influência exercida pela Síria sobre Lahoud.

A tensão entre os dois países levou à intervenção internacional, e à saída dos soldados sírios do Líbano após 29 anos. Militares sírios tinham sido enviados aos territórios libaneses para auxiliar no controle da guerra civil, que eclodira no país entre os anos de 1975 e 1991.

Mesmo com o fim do conflito, a Síria se recusou a tirar seus soldados do Líbano, o que ocorreu apenas em abril deste ano, sob forte pressão internacional. Desde então, a oposição libanesa culpa a Síria pela morte de Al Hariri, assim como pelo assassinato do jornalista Samir Kassir, que também era contra a influência síria no Líbano, e pela morte em um atentado a bomba do antigo líder do Partido Comunista libanês, George Hawi, em junho passado.

Com agências internacionais

Especial
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