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26/10/2005 - 08h22

EUA, França e Reino Unido ameaçam Síria com sanções e Rússia se opõe

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da Folha Online

Representantes dos Estados Unidos, França e Reino Unido desafiaram o Conselho de Segurança da ONU fizeram circular nesta terça-feira entre os membros do órgão uma sugestão para a imposição de sanções contra a Síria, caso o país não coopere com a investigação sobre o assassinato do ex-premiê libanês e líder da oposição anti-síria Rafik al Hariri, em 14 de fevereiro último. A Rússia entretanto, anunciou hoje que se opõe a qualquer tipo de sanção ao país.

"A Rússia vai fazer tudo o que for necessário para bloquear as tentativas de introduzir sanções contra a Síria, disse o porta-voz russo do Ministério das Relações Exteriores, Mikhail Kalmynin. Os russos são membros permanentes do Conselho de Segurança e seu voto tem poder de veto.

Essa não é a primeira vez que a Rússia entra em confronto direto com os Estados Unidos. No início deste ano, os russos arrancaram protestos dos americanos, ao anunciar a venda de armas para os sírios, acusados por membros do governo do presidente George W. Bush de financiar o terrorismo no Iraque e em Israel.

Um rascunho da resolução apresentada pelos EUA exige que o governo sírio detenha possíveis suspeitos do assassinato de Al Hariri para investigação, e permita que os investigadores da ONU --que conduz um trabalho independente sobre a morte do ex-premiê libanês-- interroguem essas pessoas. Se a Síria não cumprir com essa demanda, os países tomarão "medidas" como sanções econômicas, para garantir que o pedido da organização internacional "seja cumprido".

Em discurso realizado nesta terça-feira, tanto Bush quanto a secretária americana de Estado, Condoleezza Rice, se negaram a cogitar a possibilidade de uma ação militar contra a Síria, mas ambos afirmaram que o governo dos EUA ainda "não esgotou todas as opções diplomáticas" para tratar do assunto.

Investigação

Na semana passada, o procurador alemão Mehlis Detlev, chefe da equipe de investigação da ONU sobre o assassinato de Al Hariri, entregou à organização um relatório sobre a morte do antigo líder libanês, que implica diretamente vários membros do governo sírio e libanês.

O documento da ONU afirma que funcionários de alto escalão do governo sírio e do governo libanês --liderado pelo presidente pró-sírio Emile Lahoud, que também se tornou um suspeito-- estão envolvidos no assassinato de Al Hariri. A investigação liderada pelo procurador alemão estabeleceu que "muitas pistas apontam diretamente para membros da segurança síria".

Investigadores têm evidências sobre o envolvimento de Asef Shawkat, cunhado de Al Assad no planejamento do assassinato de Al Hariri e no recrutamento de Ahmed Abu Adass, suposto militante islâmico, que assumiu o atentado a bomba contra o ex-premiê na época.

A divulgação do documento ocorreu no mesmo momento em que os EUA aumentaram sua pressão contra a Síria, para que o país pare de interferir no Líbano e controle a sua fronteira com o Iraque. Segundo o Exército dos EUA, insurgentes sírios ajudam rebeldes iraquianos nos ataques contra o governo, civis e forças de coalizão que atuam no país. A Síria também é acusada de ajudar grupos extremistas palestinos. O governo nega todas as acusações.

Crise

O assassinato de Al Hariri --que foi primeiro-ministro libanês de 1992 a 1998, e depois de 2000 a 2004-- provocou um agravamento da crise sírio-libanesa. Meses antes de ser morto, o líder havia abandonado o cargo, por discordar da forte influência exercida pela Síria sobre Lahoud.

A tensão entre os dois países levou à intervenção internacional, e à saída dos soldados sírios do Líbano após 29 anos. Militares sírios tinham sido enviados aos territórios libaneses para auxiliar no controle da guerra civil, que eclodira no país entre os anos de 1975 e 1991.

Mesmo com o fim do conflito, a Síria se recusou a tirar seus soldados do Líbano, o que ocorreu apenas em abril deste ano, sob forte pressão internacional. Desde então, a oposição libanesa culpa a Síria pela morte de Al Hariri, assim como pelo assassinato do jornalista Samir Kassir, que também era contra a influência síria no Líbano, e pela morte em um atentado a bomba do antigo líder do Partido Comunista libanês, George Hawi, em junho passado.

Com agências internacionais

Especial
  • Leia o que já foi publicado sobre a crise sírio-libanesa
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