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01/11/2005 - 08h51

Síria rejeita resolução do Conselho de Segurança da ONU

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da Folha Online

O ministro sírio das Relações Exteriores, Farouk al Sharaa, rejeitou nesta segunda-feira, durante uma reunião do Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas), a resolução adotada pelo órgão, que impõe a exigência de que o governo da Sìria colabore com as investigações sobre o assassinato do líder da oposição libanesa, Rafik al Hariri, ocorrido em 14 de fevereiro passado.

A resolução ameaça a Síria com "outras medidas", caso o país não colabore com as investigações, e recebeu grande apoio dos representantes dos Estados Unidos, Reino Unido e França. O documento exige que os sírios detenham qualquer pessoa suspeita de estar envolvida no assassinato de Al Hariri. Os investigadores, liderados pelo promotor Detlev Mehlis, concluíram que o assassinato do ex-premiê libanês não aconteceria sem a aprovação do governo sírio.

A aprovação da resolução --realizada ontem-- marca o auge da pressão sobre a Síria. Mehlis, cujo mandato foi prorrogado até 15 de dezembro próximo, deve interrogar Asaf Shawkat, cunhado do presidente sírio, Bashar al Assad, e o irmão do chefe de Estado, Maher al Assad, ambos implicados no assassinato.


Al Shaara acusou Mehlis de "condenar" a Síria antes de qualquer julgamento. "[O relatório das investigações] parte do princípio que a Síria cometeu esse crime, ao invés de considerar em primeira instância, sua inocência", afirmou.

O ministro também disse que a acusação contra as forças de segurança sírias sobre o conhecimento da intenção de assassinato contra Al Hariri era o mesmo que dizer que americanos sabiam dos ataques de 11 de Setembro antes de acontecerem, que autoridades espanholas souberam com antecedência dos atentados cometidos em Madri, em 2004, assim como os britânicos poderiam ter conhecimento dos atentados de 7 de julho último antes que eles ocorressem.

Os comentários deixaram o ministro britânico das Relações Exteriores, Jack Straw, visivelmente irritado. Ele afirmou que as comparações "foram as mais grotescas, insensíveis e absurdas". A secretária americana de Estado, Condoleezza Rice, disse que os comentários do ministro sírio foram pautados por "conexões bizarras".

Reprentantes dos três principais fomentadores da resolução tiveram que retirar a ameaça explícita de sanções econômicas para obter a aprovação ao documento, devido à forte oposição realizada pela Rússia, China e Brasil.

Acusações

O documento da ONU --divulgado em 20 de outubro passado-- afirma que funcionários de alto escalão do governo sírio e do governo libanês --liderado pelo presidente pró-sírio Emile Lahoud, que também se tornou um suspeito-- estão envolvidos no assassinato de Al Hariri. A investigação liderada pelo procurador alemão estabeleceu que "muitas pistas apontam diretamente para membros da segurança síria".

Além do cunhado e do irmão de Al Assad, investigadores têm evidências sobre o envolvimento de Ahmed Abu Adass, suposto militante islâmico, que assumiu o atentado a bomba contra o ex-premiê na época.

A divulgação do documento ocorreu no mesmo momento em que os EUA aumentaram sua pressão contra a Síria, para que o país pare de interferir no Líbano e controle a sua fronteira com o Iraque. Segundo o Exército dos EUA, insurgentes sírios ajudam rebeldes iraquianos nos ataques contra o governo, civis e forças de coalizão que atuam no país. A Síria também é acusada de ajudar grupos extremistas palestinos. O governo nega todas as acusações.

Crise

O assassinato de Al Hariri --que foi primeiro-ministro libanês de 1992 a 1998, e depois de 2000 a 2004-- provocou um agravamento da crise sírio-libanesa. Meses antes de ser morto, o líder havia abandonado o cargo, por discordar da forte influência exercida pela Síria sobre Lahoud.

A tensão entre os dois países levou à intervenção internacional, e à saída dos soldados sírios do Líbano após 29 anos. Militares sírios tinham sido enviados aos territórios libaneses para auxiliar no controle da guerra civil, que eclodira no país entre os anos de 1975 e 1991.

Mesmo com o fim do conflito, a Síria se recusou a tirar seus soldados do Líbano, o que ocorreu apenas em abril deste ano, sob forte pressão internacional. Desde então, a oposição libanesa culpa a Síria pela morte de Al Hariri, assim como pelo assassinato do jornalista Samir Kassir, que também era contra a influência síria no Líbano, e pela morte em um atentado a bomba do antigo líder do Partido Comunista libanês, George Hawi, em junho passado.

Com agências internacionais

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