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10/11/2005 - 18h22

Para editor de Mundo da Folha, crise na França passa por fadiga

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da Folha Online

Há 14 dias, a França tem sido palco de cenas de violência e vandalismo iniciadas por jovens filhos de imigrantes, em sua maioria do norte da África. O estopim foi a morte acidental de dois adolescentes, eletrocutados ao entrar numa subestação de energia. Eles estariam tentando se esconder da polícia.

Em resposta, o governo decretou estado de emergência e permitiu que as regiões afetadas decretassem toque de recolher para conter a violência. O saldo até o momento é de cerca de 8.000 veículos incendiados, além de escolas e estabelecimentos comerciais.

Na opinião do editor do caderno Mundo da Folha de S.Paulo, Vinicius Mota, 32, uma crise como essa tem sua própria dinâmica e talvez o que esteja acontecendo agora seja uma fadiga, um cansaço dos revoltosos, mas só os próximos dias dirão se o pior já passou.

Mota disse também que dois eventos atuaram como uma faísca em um ambiente já potencialmente explosivo: a morte acidental de dois garotos dos subúrbios e a fala do Sarkozy, o ministro do Interior, que tachou os agitadores de "escória".

O jornalista também atribui o problema à geografia, alegando que todos esses jovens vivem em distritos mais afastados do centro conhecido de Paris, nos subúrbios; a segregação espacial é um duplo da segregação social por que passa boa parte desses jovens.

Segundo o UOL, 219 pessoas participaram do bate-papo com o jornalista.

Governo

Questionado por uma internauta de codinome Ursinha a respeito da ação do governo francês na resposta à crise, Mota qualificou-a como uma reação frágil, hesitante. "Até porque o fenômeno foi de um ineditismo atroz, mas também porque há uma guerra interna no governismo francês, entre o premiê Dominique de Villepin e o Sarkozy (Nicolas, ministro do Interior). Os dois disputam a primazia de concorrer à sucessão do presidente Chirac (Jacques). Sarkozy procurou usar a linguagem mais dura contra os revoltosos, já a mensagem de Villepin teve mais tons de conciliação. Mas o fato a louvar é que, com mais de 7.000 carros incendiados, centenas de presos etc., a repressão policial não produziu nem um cadáver sequer, o que seria potencialmente."

Um internauta de codinome Dimi perguntou ao jornalista se os ataques podem chegar ao centro de Paris, possibilidade que foi descartada por Mota. "Não creio que cheguem lá. Essas gangues atuam quase sempre dentro dos limites de seus 'territórios'", disse o jornalista. "Revoltas em Paris tendem a ser excepcionais. Mas falo do padrão que temos visto até aqui, que pode, mais tarde, mudar", acrescentou.

Mota também disse acreditar que é pequena a possibilidade de os confrontos se expandirem pela Europa, questão levantada por uma internauta de codinome Lori. "Essa era uma preocupação há alguns dias, que não se confirmou ainda. Se não houver nenhum fato novo que reacenda os protestos, a probabilidade desse efeito contágio ocorrer diminuiu bem".

Extremismo

No bate-papo, o jornalista afirmou ainda que não existe comprovação do incentivo de grupos extremistas islâmicos aos confrontos. "Não há nenhuma relação identificada até agora entre o que ocorre na França e os grupos extremistas e terroristas islâmicos; o que ocorre é uma revolta social da juventude suburbana, em que as lideranças praticamente não existem, em que idéias religiosas não vingam", afirmou Mota.

Questionado por um internauta de codinome Limma quais as medidas que podem ser tomadas para frear os ataques na França, o jornalista disse que a crise tende a "esfriar por si mesma". "O toque de recolher pode ajudar; o anúncio de reforço de programas sociais também; mas os motivos mais estruturais da crise não vão desaparecer, vão apenas hibernar à espera da próxima fagulha", disse.

Vinicius Mota entrou na Folha em 1998 como trainee. No início de 1999, passou a trabalhar para o caderno "Mais!" e depois foi aprovado num concurso interno para o cargo de editorialista. Em 2000, foi convidado pela direção do jornal a assumir a coordenação dos editoriais (editoria de Opinião). No início de 2004, assumiu o posto de secretário-assistente de Redação.

Os bate-papos são abertos ao público em geral, mesmo para quem não é assinante da Folha ou do UOL. Para participar, basta estar conectado à internet e acessar o site da Folha Online, no www.folha.com.br.

Do site, o internauta é levado para seção de bate-papos do UOL. O internauta tem, então, que digitar um "pseudônimo", o nome pelo qual aparecerá na sala, e seguir os procedimentos de segurança do UOL para entrar no chat.


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