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16/11/2005
-
10h37
da Folha Online
Na noite deste domingo, soldados americanos descobriram, dentro de um bunker no prédio do Ministério iraquiano do Interior, em Bagdá, ao menos 173 pessoas que estavam detidas no local. Várias apresentavam sinais de tortura e muitas estavam sem comer havia dias. A informação, confirmada ontem pelo primeiro-ministro Ibrahim al Jaafari, chocou o país.
A declaração feita pelo primeiro-ministro nesta terça-feira foi seguida de uma promessa de investigação sobre os detidos. Segundo membros do Exército iraquiano que visitaram os detidos, duas pessoas estão sem condições de andar, e vários presos chegaram a ter a pele arrancada de várias partes do corpo devido à tortura que teriam sofrido.
Os detidos foram levados a hospitais em Bagdá, onde recebem tratamento médico.
A descoberta mergulhou o governo iraquiano em uma nova crise. Entidades nacionais e internacionais já acusam autoridades do Iraque e o Exército de torturar sunitas, facção religiosa minoritária no Iraque (representa cerca de 20% da população), que esteve no poder durante o período em que Saddam Hussein (1979-2003) era presidente do país.
O governo de transição, eleito no início deste ano, é composto prioritariamente por xiitas --facção religiosa que abriga cerca de 60% da população iraquiana, mas que foi perseguida durante o governo de Saddam.
Funcionários do Ministério do Interior chegaram a afirmar que a maioria dos detidos encontrados são sunitas, e que seus torturadores eram agentes de segurança xiitas vinculados à Brigada Badr, braço armado do maior partido político xiita do Iraque, o Conselho Supremo da Revolução Islâmica.
Nesta terça-feira, a Embaixada dos Estados Unidos e o comando militar dos EUA no Iraque divulgaram um comunicado afirmando que a situação é "totalmente inaceitável" e que os americanos concordam "com os líderes iraquianos", que "maus tratos de prisioneiros não serão tolerados".
Descoberta
A descoberta dos prisioneiros iraquianos aconteceu na noite deste domingo durante uma operação do Exército americano, que procurava por um adolescente desaparecido.
Soldados encontraram, então, uma cela no chão, perto de um prédio do Ministério iraquiano do Interior, localizado em Jadriya, distrito central de Bagdá. Vários detidos apresentavam sinais severos de espancamento e torturas.
Em Washington, a reação foi imediata. O porta-voz do Departamento americano de Estado, Adam Ereli, disse que as alegações eram "problemáticas" e afirmou que os EUA "não praticam tortura".
Em 2004, jornais e revistas do mundo todo publicaram fotos de abusos e sessões de tortura feitos contra detentos iraquianos na prisão de Abu Ghraib, em Bagdá, comandada pelo Exército americano. Vários oficiais americanos foram condenados e repreendidos pelas torturas.
Com agências internacionais e "The New York Times"
Especial
Leia cobertura completa sobre o Iraque sob tutela
Leia o que já foi publicado sobre tortura de presos no Iraque
Iraque investiga prisão e tortura de 173 detidos em Bagdá
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Na noite deste domingo, soldados americanos descobriram, dentro de um bunker no prédio do Ministério iraquiano do Interior, em Bagdá, ao menos 173 pessoas que estavam detidas no local. Várias apresentavam sinais de tortura e muitas estavam sem comer havia dias. A informação, confirmada ontem pelo primeiro-ministro Ibrahim al Jaafari, chocou o país.
AP |
Detidos encontrados com sinais de abusos foram levados a hospitais |
Os detidos foram levados a hospitais em Bagdá, onde recebem tratamento médico.
A descoberta mergulhou o governo iraquiano em uma nova crise. Entidades nacionais e internacionais já acusam autoridades do Iraque e o Exército de torturar sunitas, facção religiosa minoritária no Iraque (representa cerca de 20% da população), que esteve no poder durante o período em que Saddam Hussein (1979-2003) era presidente do país.
O governo de transição, eleito no início deste ano, é composto prioritariamente por xiitas --facção religiosa que abriga cerca de 60% da população iraquiana, mas que foi perseguida durante o governo de Saddam.
Funcionários do Ministério do Interior chegaram a afirmar que a maioria dos detidos encontrados são sunitas, e que seus torturadores eram agentes de segurança xiitas vinculados à Brigada Badr, braço armado do maior partido político xiita do Iraque, o Conselho Supremo da Revolução Islâmica.
Nesta terça-feira, a Embaixada dos Estados Unidos e o comando militar dos EUA no Iraque divulgaram um comunicado afirmando que a situação é "totalmente inaceitável" e que os americanos concordam "com os líderes iraquianos", que "maus tratos de prisioneiros não serão tolerados".
Descoberta
A descoberta dos prisioneiros iraquianos aconteceu na noite deste domingo durante uma operação do Exército americano, que procurava por um adolescente desaparecido.
Soldados encontraram, então, uma cela no chão, perto de um prédio do Ministério iraquiano do Interior, localizado em Jadriya, distrito central de Bagdá. Vários detidos apresentavam sinais severos de espancamento e torturas.
Em Washington, a reação foi imediata. O porta-voz do Departamento americano de Estado, Adam Ereli, disse que as alegações eram "problemáticas" e afirmou que os EUA "não praticam tortura".
Em 2004, jornais e revistas do mundo todo publicaram fotos de abusos e sessões de tortura feitos contra detentos iraquianos na prisão de Abu Ghraib, em Bagdá, comandada pelo Exército americano. Vários oficiais americanos foram condenados e repreendidos pelas torturas.
Com agências internacionais e "The New York Times"
Especial
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