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16/11/2005 - 18h53

Presos que sofreram abusos são de várias facções do Iraque, diz Ministério

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da Folha Online

O vice-ministro do Interior iraquiano, Hussein Ali Kamal, afirmou que os 173 presos encontrados por soldados dos EUA em um prédio do Ministério em Bagdá-- que supostamente sofreram abusos-- são de diversas facções iraquianas.

A acusação derruba a teoria defendida por líderes sunitas de que as prisões e supostas torturas seriam uma "perseguição" das forças de segurança xiitas aos sunitas, a um mês das eleições marcadas para dezembro. No entanto, segundo Kamal, o grupo também inclui xiitas e curdos.

AP
Detidos encontrados com sinais de abusos foram levados a hospitais
Em Bagdá, o governo liderado por xiitas tentou conter a indignação sunita diante da revelação do primeiro-ministro iraquiano, Ibrahim al Jaafari, de que os 173 presos--alguns exibindo sinais de maus-tratos-- foram encontrados no último domingo no prédio do governo no distrito de Jadriyah, em Bagdá.

A declaração feita pelo primeiro-ministro nesta terça-feira foi seguida de uma promessa de investigação sobre os detidos. Segundo membros do Exército iraquiano que visitaram os detidos, duas pessoas estão sem condições de andar, e vários presos chegaram a ter a pele arrancada de várias partes do corpo devido à tortura que teriam sofrido.

Os detidos foram levados a hospitais em Bagdá, onde recebem tratamento médico.

Eleições

O presidente iraquiano, Jalal Talabani --que retornava de uma viagem à Europa-- afirmou que não há "lugar para a tortura e a perseguição no novo Iraque" e que todos os envolvidos serão "severamente punidos."

O porta-voz do governo, Laith Kubba, defendeu o Ministério, dizendo que todos os presos haviam sido detidos legalmente e muitos já haviam sido julgados. No entanto, segundo Kubba, eles eram mantidos no local devido à falta de espaço nas prisões. "O Ministério do Interior está fazendo seu trabalho em um momento difícil e, às vezes, erros acontecem."

A afirmação não diminui a indignação de líderes sunitas, que exigem uma investigação internacional a respeito. Alguns deles afirmam que as forças xiitas tentam intimidar os sunitas a votarem nas eleições parlamentares marcadas para 15 de dezembro.

Crise

A descoberta dos prisioneiros iraquianos aconteceu na noite deste domingo durante uma operação do Exército americano, que procurava por um adolescente desaparecido.

A revelação mergulhou o governo iraquiano em uma nova crise. Entidades nacionais e internacionais já acusam autoridades do Iraque e o Exército de torturar sunitas, facção religiosa minoritária no Iraque (representa cerca de 20% da população), que esteve no poder durante o período em que Saddam Hussein (1979-2003) era presidente do país.

Em Washington, a reação foi imediata. O porta-voz do Departamento americano de Estado, Adam Ereli, disse que as alegações eram "problemáticas" e afirmou que os EUA "não praticam tortura".

Em 2004, jornais e revistas do mundo todo publicaram fotos de abusos e sessões de tortura feitos contra detentos iraquianos na prisão de Abu Ghraib, em Bagdá, comandada pelo Exército americano. Vários oficiais americanos foram condenados e repreendidos pelas torturas.

Nesta terça-feira, a Embaixada dos Estados Unidos e o comando militar dos EUA no Iraque divulgaram um comunicado afirmando que a situação é "totalmente inaceitável" e que os americanos concordam "com os líderes iraquianos", que "maus tratos de prisioneiros não serão tolerados".

Com agências internacionais e "The New York Times"

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