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25/11/2005 - 10h51

Filho de ex-premiê libanês quer apoio do Brasil contra a Síria

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da Ansa, em São Paulo
da Folha Online

O deputado libanês Saad Hariri, filho do ex-premiê libanês Rafik al Hariri, morto em 14 de fevereiro passado em um atentado em Beirute (Líbano), disse esperar que representantes brasileiros no Conselho de Segurança da ONU aprovem o relatório final sobre a investigação da morte de seu pai, que acusa autoridades sírias e libanesas de envolvimento no assassinato.

Hariri, que faz visita de cinco dias ao Brasil, encontrou-se ontem com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em Brasília. Depois, fez uma reunião com o governador Geraldo Alckmin, em São Paulo e, durante a noite, participou de um jantar.

Na tarde desta sexta-feira, o deputado libanês tem agendado encontro com o prefeito de São Paulo, José Serra. No domingo (27), Hariri participa da cerimônia de inauguração de uma estátua de seu pai na Praça dos Cedros, zona sudoeste da cidade.

Brasília

Após a audiência com Lula, Hariri afirmou que "o Brasil sente que o Líbano é uma causa correta para apoiar". "Eu vim agradecer ao governo brasileiro pelo apoio e dizer que o Líbano está cada vez mais forte para enfrentar esta situação", afirmou.

O objetivo principal da visita de Hariri ao Brasil foi ouvir explicações sobre os motivos que levam o Brasil a recusar as sanções contra a Síria e convencer o país a apoiar a causa libanesa. O Conselho de Segurança da ONU, em que o Brasil ocupa uma vaga não-permanente, já aprovou uma resolução exigindo a cooperação síria nas investigações sobre a morte do ex-premiê, ameaçando tomar "outras medidas".

Embora países fortes como Estados Unidos, Reino Unido e França tenham pressionado para que a resolução impusesse também sanções imediatas, o Brasil se uniu a Argélia, China e Rússia e conseguiu evitar a punição, argumentando falta de provas do envolvimento do governo sírio.

Crise

O assassinato de Al Hariri --que foi primeiro-ministro libanês de 1992 a 1998, e depois de 2000 a 2004-- provocou um agravamento da crise sírio-libanesa. Meses antes de ser morto, o líder havia abandonado o cargo, por discordar da forte influência exercida pela Síria sobre o presidente libanês, Emile Lahoud.

A tensão entre os dois países levou à intervenção internacional, e à saída dos soldados sírios do Líbano após 29 anos. Militares sírios tinham sido enviados aos territórios libaneses para auxiliar no controle da guerra civil, que eclodira no país entre os anos de 1975 e 1991.

Mesmo com o fim do conflito civil, a Síria se recusou a tirar seus soldados do Líbano, o que ocorreu apenas em abril deste ano, sob forte pressão internacional. Desde então, a oposição libanesa culpa a Síria pela morte de Al Hariri, assim como pelo assassinato do jornalista Samir Kassir, que também era contra a influência síria no Líbano, e pela morte em um atentado a bomba do antigo líder do Partido Comunista libanês, George Hawi, em junho passado.

No mês passado, uma equipe de investigadores da ONU, chefiada pelo promotor alemão Detlev Mehlis, concluiu que há vínculos entre autoridades sírias e a morte de Al Hariri.

O documento afirma que funcionários de alto escalão do governo sírio e do governo libanês estão envolvidos no assassinato do ex-premiê. A investigação estabeleceu que "muitas pistas apontam diretamente para membros da segurança síria".

Herança política

Considerado o único capaz de acabar com a influência da Síria no Líbano, Saad Hariri é o político mais importante do país, e um dos homens mais ricos do mundo. Herdeiro das empresas e fortuna do pai, acabou recebendo também seu patrimônio político.

O ex-premiê é reconhecido como o "pai da reconstrução de Beirute" após o fim da guerra civil no país, e fez fortuna trabalhando para a família real saudita na década de 70, tornando-se dono de um patrimônio avaliado em US$ 10 bilhões que se estende por todo o mundo, do Oriente Médio aos Estados Unidos, incluindo até mesmo o Brasil.

Em sua última visita ao Brasil antes de morrer, em 2003, Al Hariri incentivou o desenvolvimento das relações comerciais entre os dois países, propondo parcerias e redução de tarifas bilaterais. Também declarou que pretendia expandir seus negócios pessoais no Brasil. Os representantes da Fundação Hariri no país afirmam que ele possuía investimentos no mercado imobiliário e esperava uma autorização do Banco Central para abrir um banco de investimentos.

Saad Hariri, que por muitos anos estudou em escolas norte-americanas, gerenciou diversas empresas do seu pai na África, nos Estados Unidos e no Oriente Médio --inclusive uma das maiores companhias da região, a Saudi Oger, envolvida em projetos de construção na Arábia Saudita.

Comunidade

A população libanesa e seus descendentes no Brasil atualmente é estimada em mais de 9 milhões de pessoas, representando 6% da população total. "E {no Líbano] nós somos apenas 4 milhões de habitantes", afirmou o deputado libanês.

Ele também relembrou que no Líbano há uma grande influência dos brasileiros descendentes de libaneses que foram viver lá.

O português é a quarta língua mais falada no Líbano, depois do árabe, do francês e do inglês. Entre todas as cidades do mundo, São Paulo é a que abriga a maior comunidade libanesa fora do Líbano, estimada em aproximadamente 1 milhão de pessoas em toda a Grande São Paulo.

Especial
  • Leia o que já foi publicado sobre a crise sírio-libanesa
  • Leia o que já foi publicado sobre Rafik al Hariri
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