Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
10/12/2005 - 15h48

Gotovina chega a Haia após quatro anos foragido

Publicidade

da Efe, em Haia

O ex-general croata Ante Gotovina chegou hoje ao Tribunal Penal Internacional de Haia (TPII), pelo qual é procurado desde 2001 para responder por crimes de guerra e contra humanidade cometidos contra os sérvios em 1995.

Gotovina comparecerá perante os juízes do Tribunal de Haia segunda-feira às 12h45 (9h45 de Brasília) para ouvir a leitura das acusações contra ele e se declarar inocente ou culpado, segundo o porta-voz do TPII, Jim Landale.

O ex-general, 50, que foi detido na ilha de Tenerife, no arquipélago das Canárias, na última quarta-feira, chegou hoje ao aeroporto de Roterdã um avião militar espanhol e foi transferido à penitenciária do TPII em Scheveningen, perto de Haia.

Landale disse que Gotovina será submetido hoje a um exame médico de rotina.

Com sua entrega a Haia considerada uma vitória para a promotora do TPII, Carla del Ponte, a lista dos principais acusados de crimes de guerra do tribunal se reduz aos ex-líderes civil e militar servo-bósnios Radovan Karadzic e Ratko Mladic, que dez anos depois do fim da guerra bósnia (1992-95) continuam em liberdade.

O Tribunal de Haia, que acusou Gotovina em junho de 2001, o considera responsável, como comandante da operação "Tempestade", pela morte de pelo menos 150 civis sérvios e a expulsão de outros 200 mil durante a "reconquista" croata da "República Sérvia de Krajina", em 1995.

Gotovina é acusado de perseguição, assassinato, saque, destruição de cidades, deportação, imposição de deslocamento e outros atos desumanos, como humilhação e degradação, pelos quais pode ser condenado à prisão perpétua.

O ex-general sempre se declarou inocente e, em 2003, ofereceu se entregar caso o TPII aceitasse se reunir com ele em Zagreb e mantivesse as acusações depois de ouvir seu testemunho.

A prisão do ex-general desencadeou tumultos na Croácia, onde grande parte da população o considera um herói e, segundo uma pesquisa publicada sexta-feira, 61% dos entrevistados considera sua captura "uma má notícia".

Para os croatas, Gotovina, ex-integrante da Legião Estrangeira francesa e o mais jovem geral croata, foi o comandante da operação militar mais decisiva e vitoriosa na guerra dos Bálcãs, que marcou a derrota definitiva da política expansionista da Sérvia na Croácia e na Bósnia-Herzegovina.

O primeiro-ministro croata, Ivo Sanader, disse estar convencido da inocência de Gotovina e lembrou que há vários anos é preparada sua defesa perante o TPII.

No entanto, as autoridades croatas receberam com satisfação sua captura na Espanha e disseram que sua prisão mostra que diziam a verdade quando asseguraram que o fugitivo estava fora do alcance de sua justiça.

Tanto os EUA como a União Européia (UE) afirmaram que a entrega do ex-general ao TPII é "um grande passo" para o ingresso da Croácia na UE e na Otan.

A União Européia abriu as negociações para a adesão da Croácia em 3 de outubro, com seis meses de atraso, só depois que a promotora suíça Del Ponte certificou a "plena colaboração" de Zagreb com o tribunal.

Gotovina foi detido graças às informações dadas pelas autoridades croatas à Polícia espanhola.

Segundo o ministro espanhol do Interior, José Antonio Alonso, o ex-general já esteve nas Canárias em outubro. No passaporte falso que Gotovina carregava quando foi preso havia selos de entrada e saída de vários países como China, Chile, Rússia e República Tcheca. No passaporte, o último selo de saída era da ilha de Mauricio com data de 25 de novembro.

O representante internacional para a Bósnia, Paddy Ashdown, afirmou que, depois da entrega de Gotovina, a pressão sobre Belgrado aumentará para que os sérvios da Bósnia capturem Karadzic e Mladic.

Os dois são considerados os principais responsáveis pelo massacre de 8 mil muçulmanos em 11 de julho de 1995 em Srebrenica, na Bósnia, e do cerco a Sarajevo, em que morreram 10 mil pessoas, durante a guerra da Bósnia.
 

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página