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14/12/2005
-
11h47
LAURENT LOZANO
da France Presse, em Washington
O presidente George W. Bush dedicou muitos esforços para convencer uma opinião pública cada vez mais hostil à Guerra no Iraque de que as eleições legislativas iraquianas lhe darão razão para continuar arriscando a vida de milhares de soldados americanos.
Se os iraquianos darão nesta quinta-feira um passo decisivo no caminho democrático, a Casa Branca espera que as eleições permitam a Bush recuperar a simpatia de parte dos cidadãos americanos.
"O governo de Bush não esqueceu o efeito positivo das eleições gerais de janeiro passado", afirma a analista Carroll Doherty, do Pew Research Center. "Existia então um verdadeiro momento de otimismo sobre o futuro do Iraque e das tropas americanas que estavam mobilizadas no país. A Casa Branca certamente espera que algo parecido se repita", acrescenta.
Para a analista, essa é uma das motivações da grande campanha impulsionada pessoalmente pelo presidente antes da votação para explicar, apesar da crescente oposição à guerra, que tomaria a mesma decisão agora que em 2003: invadir o Iraque.
Os americanos duvidam cada vez mais da pertinência desta decisão e da oportunidade de manter no Iraque quase 160 mil militares.
A popularidade de Bush, que registrou o menor nível em outubro último, recupera-se depois de ter ficado abaixo de 40%. Porém, de acordo com uma pesquisa do instituto Gallup publicada nesta terça-feira, 55% dos americanos desaprovam o trabalho do presidente.
Sua estratégia para o Iraque não é a única razão. No entanto, 59% dos entrevistados a consideram ruim e 39%, boa.
Os americanos, convencidos de que o presidente mentiu para justificar a guerra, mostraram sua desaprovação quando o número de mortos no Iraque ultrapassou a barreira dos 2.000 em outubro. A inquietação inclui a falta de um calendário formal de retirada das tropas.
Uma parte da oposição democrata, apesar de não conseguir chegar a um acordo sobre uma posição única, invoca o fantasma do Vietnã.
"Apesar do resultado das legislativas não interessar aos americanos, a eleição iraquiana produzirá neles um efeito duplo: um imediato, caso aconteçam sem muita violência, se a participação for elevada, e outro a mais longo prazo, se permitir a previsão de uma retirada das tropas", disse o analista Stephen Hess, do instituto Brookings em Washington.
O presidente já obteve dividendos com uma nova linha de comunicação na qual reconheceu alguns erros que cometeu.
Pela primeira vez, Bush divulgou números dos iraquianos mortos desde março de 2003 (30 mil), apesar de a Casa Branca ter se distanciado dos dados. Também reconheceu que as "eleições desta semana não serão perfeitas", que não será "o fim do processo" e que a violência continuará.
Porém, Bush afirma que o trabalho está sendo cumprido. "Quando o governo iraquiano entrar em funcionamento no próximo ano, os iraquianos possuirão a única Constituição democrática no mundo árabe, e os americanos terão um sócio para conseguir a moderação no Oriente Médio e lutar contra o terrorismo."
As recentes pesquisas de opinião destacam que os americanos levaram em conta o novo "realismo" de Bush, acusado de estar desconectado da realidade, disse Hess.
No entanto, Doherty relativizou os possíveis benefícios de Bush com um êxito das eleições. "O excesso de otimismo (em janeiro) não durou muito tempo", disse. "A violência voltou a causar desencanto e este novo cenário é o mais provável desta vez. O que conta para a opinião pública é o que acontecerá depois", acrescentou.
Para Eric Davis, especialista em ciências políticas, "o mais importante para Bush sobre o Iraque é saber se as condições são tais que possa anunciar alguma coisa", como um início da retirada das tropas em seu discurso à Nação no mês de janeiro.
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Análise: Bush espera recuperar popularidade com eleições no Iraque
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da France Presse, em Washington
O presidente George W. Bush dedicou muitos esforços para convencer uma opinião pública cada vez mais hostil à Guerra no Iraque de que as eleições legislativas iraquianas lhe darão razão para continuar arriscando a vida de milhares de soldados americanos.
Se os iraquianos darão nesta quinta-feira um passo decisivo no caminho democrático, a Casa Branca espera que as eleições permitam a Bush recuperar a simpatia de parte dos cidadãos americanos.
"O governo de Bush não esqueceu o efeito positivo das eleições gerais de janeiro passado", afirma a analista Carroll Doherty, do Pew Research Center. "Existia então um verdadeiro momento de otimismo sobre o futuro do Iraque e das tropas americanas que estavam mobilizadas no país. A Casa Branca certamente espera que algo parecido se repita", acrescenta.
Para a analista, essa é uma das motivações da grande campanha impulsionada pessoalmente pelo presidente antes da votação para explicar, apesar da crescente oposição à guerra, que tomaria a mesma decisão agora que em 2003: invadir o Iraque.
Os americanos duvidam cada vez mais da pertinência desta decisão e da oportunidade de manter no Iraque quase 160 mil militares.
A popularidade de Bush, que registrou o menor nível em outubro último, recupera-se depois de ter ficado abaixo de 40%. Porém, de acordo com uma pesquisa do instituto Gallup publicada nesta terça-feira, 55% dos americanos desaprovam o trabalho do presidente.
Sua estratégia para o Iraque não é a única razão. No entanto, 59% dos entrevistados a consideram ruim e 39%, boa.
Os americanos, convencidos de que o presidente mentiu para justificar a guerra, mostraram sua desaprovação quando o número de mortos no Iraque ultrapassou a barreira dos 2.000 em outubro. A inquietação inclui a falta de um calendário formal de retirada das tropas.
Uma parte da oposição democrata, apesar de não conseguir chegar a um acordo sobre uma posição única, invoca o fantasma do Vietnã.
"Apesar do resultado das legislativas não interessar aos americanos, a eleição iraquiana produzirá neles um efeito duplo: um imediato, caso aconteçam sem muita violência, se a participação for elevada, e outro a mais longo prazo, se permitir a previsão de uma retirada das tropas", disse o analista Stephen Hess, do instituto Brookings em Washington.
O presidente já obteve dividendos com uma nova linha de comunicação na qual reconheceu alguns erros que cometeu.
Pela primeira vez, Bush divulgou números dos iraquianos mortos desde março de 2003 (30 mil), apesar de a Casa Branca ter se distanciado dos dados. Também reconheceu que as "eleições desta semana não serão perfeitas", que não será "o fim do processo" e que a violência continuará.
Porém, Bush afirma que o trabalho está sendo cumprido. "Quando o governo iraquiano entrar em funcionamento no próximo ano, os iraquianos possuirão a única Constituição democrática no mundo árabe, e os americanos terão um sócio para conseguir a moderação no Oriente Médio e lutar contra o terrorismo."
As recentes pesquisas de opinião destacam que os americanos levaram em conta o novo "realismo" de Bush, acusado de estar desconectado da realidade, disse Hess.
No entanto, Doherty relativizou os possíveis benefícios de Bush com um êxito das eleições. "O excesso de otimismo (em janeiro) não durou muito tempo", disse. "A violência voltou a causar desencanto e este novo cenário é o mais provável desta vez. O que conta para a opinião pública é o que acontecerá depois", acrescentou.
Para Eric Davis, especialista em ciências políticas, "o mais importante para Bush sobre o Iraque é saber se as condições são tais que possa anunciar alguma coisa", como um início da retirada das tropas em seu discurso à Nação no mês de janeiro.
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