Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
15/12/2005 - 17h07

Jorge Quiroga é opção conservadora na eleição boliviana

Publicidade

da Efe, em La Paz

O ex-presidente Jorge Quiroga, 45, transformou-se na esperança dos setores conservadores da Bolívia frente ao auge dos movimentos indígenas e da esquerda.

À frente do novo partido Poder Democrático e Social (Podemos), Quiroga é um dos favoritos a ganhar a eleição presidencial que ocorre na Bolívia no próximo domingo (18), ao lado das eleições para Senador, Câmara dos Deputados e governador dos nove departamentos, em uma disputa acirrada com o líder indígena e socialista Evo Morales, do Movimento ao Socialismo (MAS).

Reuters
Jorge Quiroga, candidato à Presidência da Bolívia
Mais conhecido como "Tuto", nome com o qual se inscreveu nas eleições, Quiroga nasceu na cidade central de Cochabamba, estudou engenharia industrial e trabalhou vários anos nos Estados Unidos, onde conheceu a mulher Virginia Gillum, com quem tem quatro filhos.

Aos 41 anos, Quiroga chegou ao poder no país depois de um processo de sucessão constitucional. Ele governou entre 2001 e 2002, após a morte do ex-ditador Hugo Banzer, a quem acompanhou como vice-presidente a partir de 1997, quando o partido Ação Democrática Nacionalista (ADN, direitista) venceu as eleições bolivianas nas urnas.

Antes, Quiroga tinha representado a Bolívia nos principais órgãos financeiros internacionais, e chegou a ser um dos ministros mais jovens do país, já que ocupou o Ministério da Fazenda aos 30 anos.

Promessas

Quiroga diz que vai conseguir o perdão da dívida externa graças a suas excelentes relações com a comunidade internacional, e aposta na integração da Bolívia nos mercados mundiais.

Com estes argumentos, e apelando para sua experiência de gerente do Estado, Quiroga busca ocupar o vazio deixado pelos velhos líderes conservadores que dominaram a política nas últimas décadas e que, agora, estão em decadência.

Em um clima tenso devido às reivindicações sociais de nacionalização do gás e de refundação do país estimuladas pela esquerda, Quiroga oferece a "nacionalização dos lucros" dos hidrocarbonetos e uma Assembléia Constituinte "para a população, e não para os dirigentes".

Durante a campanha, Quiroga tentou se afastar do passado, do estilo e da imagem do Movimento Nacionalista Revolucionário (MNR), do Movimento da Esquerda Revolucionária (MIR) e da própria ADN, protagonistas do que se chamou de "democracia pactuada" da Bolívia.

Desde o fim de seu governo, Quiroga se manteve à margem dos conflitos políticos e das sucessivas revoltas sociais. Enquanto o sistema tradicional de partidos entrava em crise, Quiroga construía sua própria opção nos Estados Unidos.

Embora tenha rejeitado o rótulo de "direitista", o perfil de Quiroga é o mais liberal entre todas as opções eleitorais e, para a analista política Ximena Costa, o Podemos representa um espaço no qual "a direita se rearticulou", mas sem ter se renovado completamente.

Adversário

Quiroga critica a liderança de Evo Morales --seu principal adversário-- nos protestos sociais e afirma que as propostas do candidato do MAS são inviáveis. Em resposta, Quiroga é acusado de agir sob as ordens dos Estados Unidos.

Quando o líder da esquerda o ultrapassou nas pesquisas, o candidato do Podemos se ofereceu para um debate cara a cara com Morales, e afirmou que seu adversário não tem capacidade de defender suas propostas de mudança em público.

A candidata à vice-presidente da chapa de Quiroga é a jornalista de televisão María René Duchén, que trabalhava na rede de meios de comunicação controlada pelo grupo espanhol Prisa na Bolívia.

A aparência jovem de Quiroga, reforçada por sua paixão pelo esporte, especialmente o montanhismo, se junta à fama de ser uma máquina de calcular humana, de gostar de informática e de ter tendência a compor rimas em seus discursos.

Versos como "é preciso recuperar o Estado de direito para substituir o Estado de capricho" e "os do MAS querem bloqueio, bloqueio, bloqueio; os demais emprego, emprego, emprego" dominaram seus comícios na campanha.

Assim como seu rival Morales, Jorge Quiroga tenta a maioria absoluta dos votos para chegar à Presidência sem recorrer a pactos no Congresso.

Um objetivo difícil devido à polaridade política e regional boliviana, o que faz prever um futuro no mínimo incerto para o próximo chefe do Estado do país.

Especial
  • Leia o que já foi publicado sobre as eleições na Bolívia
  •  

    Publicidade

    Publicidade

    Publicidade


    Voltar ao topo da página