Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
07/01/2006 - 18h35

Merkel pedirá fechamento da base de Guantánamo a Bush

Publicidade

BEATRIZ JUEZ
da Efe, em Berlim

A chanceler alemã, Angela Merkel, anunciou neste sábado que pedirá na próxima sexta-feira (13) ao presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, que feche o centro de detenção da base americana de Guantánamo, em Cuba, em sua primeira visita ao país desde que assumiu o cargo.

21.nov.2005/AP
Angela Merkel, chanceler alemã
O assunto veio à tona após a revista "Der Spiegel" ter anunciado que publicará em seu próximo número uma entrevista com a nova chanceler da Alemanha, em que esta assegura que "exigirá" a Bush o fechamento de Guantánamo.

"Uma instituição como Guantánamo não pode nem deve existir. Devem ser encontrados meios e formas para dar outro tratamento aos prisioneiros", disse Merkel à publicação, em referência às várias denúncias por torturas em Guantánamo.

Sem resposta

Neste sábado, no entanto, a chanceler baixou um pouco o tom ao ser questionada sobre o assunto em entrevista coletiva concedida após uma reunião da Executiva de seu partido, a União Democrata-Cristã (CDU), em Mainz.

Curiosamente, a cidade alemã havia sediado um encontro de Merkel com Bush em fevereiro de 2005, quando expressou seu desejo de melhorar as relações com o americano.

Merkel, que se tornou a primeira mulher a assumir o posto de chanceler na Alemanha, disse que não se trata de "fazer exigências" a Washington, mas simplesmente de "trocar opiniões", nas quais explicará a Bush sua "opinião e posição" sobre Guantánamo.

Polêmica

"Assim como digo aqui (na Alemanha), direi lá" (nos EUA), disse a chanceler, que quando liderava a oposição causou polêmica ao viajar em fevereiro de 2003 a Washington para distanciar-se da posição antiguerra do Iraque do governo de Gerhard Schröder.

Nessa visita, Merkel insistiu que Schröder não falava em nome de todos os alemães, violando uma regra tácita da cultura política alemã: não criticar a política externa do governo no exterior.

Merkel, que foi aplaudida de forma unânime tanto pela oposição quanto pelos membros de sua coalizão por pedir a Washington o fechamento de Guantánamo, mudou sua postura desde que assumiu o governo de grande coalizão com os social-democratas, e parece disposta a falar de igual para igual com os EUA, da mesma forma como seu antecessor havia começado a fazer.

Chancelaria

Merkel estreou na chancelaria com viagens para Paris e Bruxelas, o que alguns interpretaram como uma tentativa de reafirmar seu compromisso com a União Européia e o eixo franco-alemão.

Após sua chegada ao poder, a chanceler assegurou que defenderá o respeito aos direitos humanos, seja qual for a importância comercial ou estratégica do interlocutor.

O objetivo da visita de Merkel aos EUA é melhorar as relações bilaterais entre Washington e Berlim, após seu esfriamento causado pela oposição de Schröder a uma guerra no Iraque sem o aval das Nações Unidas.

Mas Merkel não começou bem seu mandato, pois já no mês de dezembro teve alguns atritos com a secretária de Estado americana, Condoleezza Rice, ao declarar em entrevista coletiva conjunta que Washington tinha admitido "erros" na luta antiterrorista --o que Rice desmentiu posteriormente.

Merkel manifestou sua satisfação pelo fato de Rice ter reconhecido que o seqüestro do alemão de origem libanesa Khaled al Masri por parte da CIA (inteligência dos EUA), no fim de 2003, foi um "erro", embora a secretária de Estado americana não tenha sido tão objetiva diante da imprensa, tendo falado em termos mais gerais sobre a luta antiterrorista.

Por outro lado, a "Spiegel" anunciou neste sábado que Berlim e Ancara (Turquia) pedirão conjuntamente a Washington que liberte o turco-alemão Murat Kurnaz, preso há quatro anos em Guantánamo, onde foi torturado, segundo seu advogado.

Ainda não está claro se o pedido será feito por Merkel pessoalmente durante sua reunião com Bush, ou se ocorrerá através das vias diplomáticas.

Na base de Guantánamo, localizada no extremo leste da ilha de Cuba e controlada pelo governo de Washington desde 1903, há atualmente cerca de 500 presos qualificados pelos Estados Unidos como "combatentes inimigos" e contra os quais não há acusações, e muito menos um processo judicial.

Especial
  • Leia o que já foi publicado sobre Angela Merkel
  • Leia o que já foi publicado sobre Guantánamo
  •  

    Publicidade

    Publicidade

    Publicidade


    Voltar ao topo da página