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11/01/2006
-
08h51
da France Presse, em Londres
A Anistia Internacional (AI) revelou novos casos de atrocidades cometidas pelos Estados Unidos na base de Guantánamo, em Cuba, onde Washington mantém quase 500 presos, há quatro anos, sem levá-los a julgamento. Entre as denúncias, estão casos de torturas cotidianas, agressões e humilhações aos presos. A organização também pediu pelo fechamento imediato do local.
"Em Guantánamo, quase 500 homens têm sido tratados com um desprezo que ninguém deve ser obrigado a suportar", denunciou a organização de defesa dos direitos humanos, com sede em Londres, no quarto aniversário da abertura do campo de Guantánamo.
A maior parte dos presos em Guantánamo, de 35 nacionalidades diferentes, foi detida no Afeganistão em outubro de 2001 pelos Estados Unidos, que se refere a eles como "combatentes inimigos", diz o comunicado da AI.
Um dos depoimentos mais impactantes divulgados pela AI neste obscuro aniversário é o do iemenita Juma al Dossari, preso no Paquistão no final de de 2001 e levado para Guantánamo em janeiro de 2002.
"Como posso escrever sobre estes horrores (...), sobre a repugnante tortura, os ataques humilhantes, os sofrimentos suportados durante meses e anos?", questionou Dossari.
Ele relata que viu quando soldados americanos colocaram a cabeça de detentos no vaso sanitário e apertaram a descarga, até quase afogá-los. Também testemunhou agressões infligidas por soldados americanos a presos que estavam doentes ou feridos, inclusive diante de médicos e enfermeiras.
"Os soldados torturavam os presos em nome da lei. Foram muitos incidentes para poder mencioná-los ou contá-los", acrescenta Dossari.
"Em Guantánamo, fui ameaçado de violação, disseram que minha família seria atacada, minha filha seqüestrada e que eu seria assassinado pelos espiões [americanos] se voltasse para a Arábia Saudita", afirmou Dossari no depoimento dado na presença de seu advogado.
"Campo de guerra"
Sami al Hajj, um jornalista sudanês que trabalha para a rede de TV árabe Al Jazira (Qatar), contou sobre agressões, ameaças e insultos recebidos, além de violações aos direitos humanos cometidas pelos Estados Unidos em Guantánamo, um dos campos da "guerra contra o terrorismo".
O jornalista, que foi transferido para Guantánamo em junho de 2002, depois de ter sido detido no Afeganistão, afirma que as autoridades da base o interrogam insistentemente sobre seus supostos vínculos entre a rede terrorista Al Qaeda e a emissora do Qatar, cujas reportagens no Iraque mostraram ataques dos Estados Unidos contra a população civil iraquiana.
"Durante mais de três anos, a maioria dos interrogatórios a que fui submetido se concentraram em tentar me fazer dizer que existe uma relação entre a Al Jazira e a Al Qaeda", contou o repórter, que afirma ter sido agredido, insultado e intimidado, inclusive com o uso de cães.
Outro depoimento publicados pela AI é o de um negociante iemenita, Abdulsalam al Hela, cujas declarações parecem confirmar a prática dos "seqüestros ilegais" cometidos pela CIA.
Em carta obtida pela AI, Hela conta que foi preso no Egito por soldados americanos em setembro de 2002. Depois foi transferido a Baku (Azerbaijão) e mais tarde para o Afeganistão, antes de ser levado, em setembro de 2004, a Guantánamo.
"No contexto de maus-tratos e violações, não surpreende que dezenas de presos de Guantánamo tenham iniciado uma greve de fome para denunciar a impossibilidade de impugnar a legalidade de sua detenção em um tribunal de justiça, além das agressões que sofrem nesta base militar", destacou a Anistia Internacional.
"Não surpreende que depois de anos de incerteza sobre seu destino, alguns destes homens tenham dito que preferem morrer a permanecer indefinidamente em Guantánamo", afirmou a AI, que mais uma vez reclama que os detentos sejam indiciados e processados dentro do direito internacional.
Especial
Leia o que já foi publicado sobre a base de Guantánamo
Anistia Internacional pede o fechamento da prisão de Guantánamo
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A Anistia Internacional (AI) revelou novos casos de atrocidades cometidas pelos Estados Unidos na base de Guantánamo, em Cuba, onde Washington mantém quase 500 presos, há quatro anos, sem levá-los a julgamento. Entre as denúncias, estão casos de torturas cotidianas, agressões e humilhações aos presos. A organização também pediu pelo fechamento imediato do local.
"Em Guantánamo, quase 500 homens têm sido tratados com um desprezo que ninguém deve ser obrigado a suportar", denunciou a organização de defesa dos direitos humanos, com sede em Londres, no quarto aniversário da abertura do campo de Guantánamo.
A maior parte dos presos em Guantánamo, de 35 nacionalidades diferentes, foi detida no Afeganistão em outubro de 2001 pelos Estados Unidos, que se refere a eles como "combatentes inimigos", diz o comunicado da AI.
Um dos depoimentos mais impactantes divulgados pela AI neste obscuro aniversário é o do iemenita Juma al Dossari, preso no Paquistão no final de de 2001 e levado para Guantánamo em janeiro de 2002.
"Como posso escrever sobre estes horrores (...), sobre a repugnante tortura, os ataques humilhantes, os sofrimentos suportados durante meses e anos?", questionou Dossari.
Ele relata que viu quando soldados americanos colocaram a cabeça de detentos no vaso sanitário e apertaram a descarga, até quase afogá-los. Também testemunhou agressões infligidas por soldados americanos a presos que estavam doentes ou feridos, inclusive diante de médicos e enfermeiras.
"Os soldados torturavam os presos em nome da lei. Foram muitos incidentes para poder mencioná-los ou contá-los", acrescenta Dossari.
"Em Guantánamo, fui ameaçado de violação, disseram que minha família seria atacada, minha filha seqüestrada e que eu seria assassinado pelos espiões [americanos] se voltasse para a Arábia Saudita", afirmou Dossari no depoimento dado na presença de seu advogado.
"Campo de guerra"
Sami al Hajj, um jornalista sudanês que trabalha para a rede de TV árabe Al Jazira (Qatar), contou sobre agressões, ameaças e insultos recebidos, além de violações aos direitos humanos cometidas pelos Estados Unidos em Guantánamo, um dos campos da "guerra contra o terrorismo".
O jornalista, que foi transferido para Guantánamo em junho de 2002, depois de ter sido detido no Afeganistão, afirma que as autoridades da base o interrogam insistentemente sobre seus supostos vínculos entre a rede terrorista Al Qaeda e a emissora do Qatar, cujas reportagens no Iraque mostraram ataques dos Estados Unidos contra a população civil iraquiana.
"Durante mais de três anos, a maioria dos interrogatórios a que fui submetido se concentraram em tentar me fazer dizer que existe uma relação entre a Al Jazira e a Al Qaeda", contou o repórter, que afirma ter sido agredido, insultado e intimidado, inclusive com o uso de cães.
Outro depoimento publicados pela AI é o de um negociante iemenita, Abdulsalam al Hela, cujas declarações parecem confirmar a prática dos "seqüestros ilegais" cometidos pela CIA.
Em carta obtida pela AI, Hela conta que foi preso no Egito por soldados americanos em setembro de 2002. Depois foi transferido a Baku (Azerbaijão) e mais tarde para o Afeganistão, antes de ser levado, em setembro de 2004, a Guantánamo.
"No contexto de maus-tratos e violações, não surpreende que dezenas de presos de Guantánamo tenham iniciado uma greve de fome para denunciar a impossibilidade de impugnar a legalidade de sua detenção em um tribunal de justiça, além das agressões que sofrem nesta base militar", destacou a Anistia Internacional.
"Não surpreende que depois de anos de incerteza sobre seu destino, alguns destes homens tenham dito que preferem morrer a permanecer indefinidamente em Guantánamo", afirmou a AI, que mais uma vez reclama que os detentos sejam indiciados e processados dentro do direito internacional.
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