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27/09/2000 - 07h48

Fujimori deixa de ter maioria no Congresso

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LUCAS FIGUEIREDO

enviado especial a Lima


da Folha de S.Paulo

O escândalo do caso Vladimiro Montesinos no Peru está fazendo com que aliados do presidente Alberto Fujimori no Congresso abandonem os partidos da base governista. O resultado é que, pela primeira vez desde o autogolpe de 92, Fujimori passa a ter minoria no Parlamento.

Antes do início da crise, Fujimori contava com o apoio de 64 dos 120 congressistas. Agora, a base governista chega a somente 59 parlamentares, e a tendência é que esse número caia ainda mais. "Já não somos maioria", reconheceu ontem a presidente do Congresso, Martha Hildebrandt, aliada do governo.

Em meio à crise, Fujimori recebeu ontem a visita do novo chefe do Comando Sul do Exército dos EUA, Peter Pace, que está em um giro pela América Latina.

A diminuição da base fujimorista no Parlamento pode fazer com que a oposição promova mudanças no pacote enviado pelo governo para tentar solucionar a crise política.

As principais propostas do pacote são a realização de novas eleições à Presidência e ao Congresso em março de 2001 (quatro anos antes do previsto), o fim do mecanismo de reeleição e a desativação do SIN (Serviço de Inteligência Nacional), do qual Montesinos era chefe informal.

A mais polêmica delas é o fim da reeleição, medida que beneficiaria Fujimori em 2006, quando ele poderá concorrer novamente à Presidência.
A debandada na base governista começou depois que uma TV local exibiu um vídeo, no último dia 14, que mostrava Montesinos supostamente corrompendo um congressista.

Dois dias depois do estouro do escândalo, Fujimori anunciou sua disposição de convocar novas eleições _das quais não participaria_ e de desativar o SIN.

Apoiado por parte das Forças Armadas, Montesinos negou-se a deixar o comando do SIN. A insubordinação gerou rumores de que ele estaria articulando um golpe contra Fujimori. A instabilidade no Peru fez com que o presidente recuasse e passasse a negociar uma saída política para o caso.

A pedido dos governos do Peru e de outros países (como o Brasil) e da OEA (Organização dos Estados Americanos), o Panamá aceitou receber Montesinos, pouco depois de ter-se negado formalmente a fazê-lo.

Fujimori assumiu a Presidência pela primeira vez em 90, quando o Peru passava por um momento caótico, com hiperinflação e confronto com a guerrilha.

Sob o argumento de que não conseguia agir por causa de congressistas e juízes corruptos, Fujimori fechou o Congresso (onde não tinha maioria), suspendeu os direitos constitucionais e passou a controlar o Judiciário.
No ano seguinte, reabriu o Parlamento _recomposto com uma maioria favorável a ele_ e promoveu mudanças na Constituição, ampliando seus poderes para governar e combater o terror.

Na sua reeleição, em 95, Fujimori voltou a conquistar maioria no Congresso, contrariando todas as pesquisas eleitorais, gerando suspeitas de fraude.

Em maio passado, Fujimori ganhou a eleição pela terceira vez seguida, mas o número de congressistas eleitos que lhe davam apoiam era somente 56 _cinco a menos que o necessário para dominar o Parlamento.

Dois meses depois, quando os novos congressistas tomaram posse, a base governista havia aumento para 64 integrantes. A mudança de partido dos oito ex-oposicionistas gerou as primeiras acusações de compra de votos.

Renúncia
O chefe do conselho eleitoral peruano, Alipio Montes de Oca, duramente questionado pelas irregularidades apontadas nas eleições de abril e junho, vencidas por Fujimori, renunciou ontem ao seu cargo.

Ele disse que, com o anúncio da convocação de novas eleições gerais, "é conveniente que a presidência deste organismo eleitoral seja renovada".

Clique aqui para ler especial sobre o governo Fujimori

Leia os textos dos colunistas
Eleonora de Lucena, Clóvis Rossi e Marcio Aith sobre o tema

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