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18/01/2006 - 15h19

Irmã de brasileiro seqüestrado no Iraque critica desprezo de Lula

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DANIELA LORETO
da Folha Online

A irmã do engenheiro brasileiro João José de Vasconcellos Júnior, seqüestrado no Iraque em 19 de janeiro de 2005, afirmou nesta quarta-feira que "faltou empenho" do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no caso, já que o presidente nunca se pronunciou publicamente a respeito.

"Faltou empenho pessoal do Lula. Minha crítica não se refere ao Itamaraty, cujo trabalho realizado no Brasil se deve ao esforço do chanceler Celso Amorim", disse Isabel Vasconcelos à Folha Online, por telefone.

Divulgação
O engenheiro brasileiro João José de Vasconcellos Jr.

Segundo ela, a "figura pessoal" de Lula fez falta e o presidente demonstrou desprezo pelo caso. "Em todos os outros casos de seqüestros no Iraque, como o da [jornalista italiana] Giuliana Sgrena, os líderes das nações fizeram manifestações públicas e apelos aos insurgentes", afirmou.

De acordo com a irmã do brasileiro, a família esperava uma manifestação "de caráter humanitário" de Lula. "Foi o único pedido que fizemos ao presidente. Se, nesses 365 dias, ele tivesse agido com o caráter humanitário que tinha quando era metalúrgico, teria feito um apelo pessoal pela libertação de meu irmão".

Audiência

A irmã do engenheiro afirma ainda que outra queixa da família é não ter sido recebida no Palácio do Planalto. "Logo que meu irmão foi seqüestrado, pedimos uma audiência com o presidente Lula e não fomos atendidos", diz.

Para ela, o governo brasileiro "perdeu uma grande oportunidade" de solucionar o caso ao não dar ouvidos ao pedido do [ex-embaixador] Itamar Franco, de que os esforços se concentrassem na Itália". Segundo ela, Itamar foi acionado por parentes do engenheiro.

"Ele [Itamar] vinha conversando com o serviço italiano para achar a melhor solução para o caso e não falava apenas como Embaixador do Brasil, mas também como líder, como político, como brasileiro, como cidadão e como amigo da família."

Para Isabel, a Itália seria o país mais adequado para prestar auxílio ao Brasil no período do seqüestro. "O serviço secreto italiano era o único que tinha resgatado reféns, até mesmo, como se soube posteriormente, contrariando normas do Exército americano. Em nosso entendimento e no de Itamar, era o serviço com maior poder de auxílio ao Brasil. Não sei por que o governo brasileiro não deu a menor importância a isso na época", afirma.

Família

A irmã do engenheiro relata que, um dia antes de completar um ano do seqüestro de Vasconcellos, a família continua sem pistas de seu paradeiro. Segundo ela, passar esse período sem notícias foi um "calvário" para os familiares.

"Meus pais passam por uma mutilação diária. É como se, a cada dia, fosse arrancado um pedaço deles. Eles perderam a razão de viver", diz.

Ela conta que a mulher e o filho do engenheiro desaparecido passam pela mesma dificuldade. "Meu sobrinho, Rodrigo, escreve um blog na internet por meio do qual conversa quase diariamente com o pai."

Seqüestro

Vasconcellos trabalhava no Iraque na construção de uma usina elétrica pela construtora Norberto Odebrecht. Ele desapareceu em 19 de janeiro quando radicais islâmicos atacaram o veículo em que viajava perto da cidade de Baiji, a 180 quilômetros de Bagdá.

A ação conjunta foi reivindicada pelos grupos Brigadas Mujahidin e Exército de Ansar al Sunna. No dia em que o brasileiro desapareceu, os dois funcionários da Janusian que o acompanhavam, um britânico e um iraquiano, foram mortos por rebeldes.

Três dias depois de seu desaparecimento, a rede de TV árabe Al Jazira exibiu um vídeo [sem áudio] em que rebeldes mostravam sua carteira de mergulhador e algumas cédulas de reais, mas em nenhum momento foram divulgadas imagens do engenheiro.

Itamaraty

Em comunicado divulgado nesta terça-feira, o Itamaraty informa que "foi criado um grupo para monitorar e avaliar a evolução dos acontecimentos, integrado por funcionários do Itamaraty, do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República e da Agência Brasileira de Inteligência".

O Itamaraty informa ainda que "as atividades do grupo vêm sendo desenvolvidas em contato permanente com a empresa Norberto Odebrecht e com a família do engenheiro brasileiro."

Segundo o ministério, "as iniciativas do governo brasileiro foram tomadas com a cautela e a discrição necessárias, tendo em conta a natureza sensível e dramática do problema".

O comunicado informa ainda que "o governo brasileiro continua empenhado em obter informações que levem ao esclarecimento do seqüestro e ao desfecho do caso".

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