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21/01/2006 - 16h06

Morales anuncia que um cocalero será o czar antidrogas da Bolívia

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da France Presse, em La Paz

O presidente eleito da Bolívia, Evo Morales, anunciou que um cocalero será o novo czar antidrogas da Bolívia, em um aparente desafio aos Estados Unidos, que dominou nas últimas duas décadas a política antidroga nesse país.

"Vou colocar como vice-ministro da Defesa um cocalero", declarou Morales, que deixou claro em várias oportunidades que não destruirá as plantações de coca, mas que combaterá o narcotráfico. Na Bolívia o vice-ministro da Defesa Social é o encarregado das políticas antidrogas.

Morales, que se converte neste domingo no primeiro presidente indígena da Bolívia, não especificou detalhes de sua decisão, que será tomada depois do juramento de seu governo na segunda-feira.

Apesar de o líder cocalero de esquerda ter ameaçado, durante sua campanha eleitoral, virar uma "pedra no sapato" dos Estados Unidos, recentemente abrandou o tom em suas relações com o Washington depois de um encontro com o embaixador americano David Greenlee.

O futuro governante, que prega uma nova era nas relações com os Estados Unidos, "sem chantagens ou condições", propôs uma "luta efetiva" contra as drogas, termos que certamente definirão o nível das relações com essa potência mundial.

Os Estados Unidos são o principal cooperante boliviano na luta contra o narcotráfico, com US$ 90 milhões investidos em 2005.

O porta-voz do departamento de Estado do governo americano, Sean McCormack, expressou recentemente seu desejo de que "essa cooperação continue".

Nascido sindical e politicamente na região cocalera do Chapare, Morales propôs desenvolver uma luta contra o narcotráfico, mas sem nenhuma intervenção policial ou militar.

Uma luta antidrogas não deve ser constituída num "simples controle dos movimentos sociais, que são chamados de terroristas (e sim) com respeito à liberdade soberana dos povos", já que "a cocaína e o narcotráfico não são a cultura de quechuas, aymaras, tupiguaraníes", as principais etnias bolivianas.

As relações entre ambos países ficarão definidas a partir do compartamento e das políticas assumidas pelo novo governo. Consciente da diferença de posições, o alto funcionário americano admitiu que essas diferenças podem ser resolvidas "de uma forma transparente e respeitosa".

O enviado especial à cerimônia de posse de Morales, o subsecretario para América Latina, Thomas Shannon, tem previsto se encontrar com o novo presidente depois da transição do comando.

"Não há problema com a erradicação. Em Chapare, depois do acordo da coca (1.600 m2 por família) entre (o ex-presidente) Carlos Mesa e as federações de cocaleros, foram erradicados 6.000 hectares sem nenhum morto", recordou Morales.

Com esse sistema de destruição consensual atualmente existem apenas 3.500 hectares de semeadura de folha de coca, segundo as autoridades da luta antidrogas.

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