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09/02/2006 - 19h36

Violência contra xiitas deixa 35 mortos no Paquistão e Afeganistão

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da France Presse, em Hangu (Paquistão)
da Folha Online

Pelo menos 35 pessoas foram mortas e dezenas ficaram feridas em um ataque suicida durante uma procissão de xiitas e em outros episódios violentos ocorridos no Paquistão e no Afeganistão durante um dos mais importantes dias do calendário desta minoria muçulmana.

No Paquistão, uma primeira explosão aconteceu quando quase mil xiitas ouviam os discursos de seus líderes ao fim da procissão, que inclui sessões sangrentas de autoflagelação, disse à France Presse o policial Bashir Amed.

"Eu estava acompanhando a procissão e havia uma tribuna preparada para os discursos dos líderes no bazar de Hangu. Quando Jurshid Anwar Sajjadi se aproximava da tribuna, aconteceu uma grande explosão", acrescentou. "Houve uma onda de pânico na multidão e, em seguida, outras duas explosões, que provocaram o caos", relatou o oficial.

Jurshid Anwar Sajjadi, autoridade xiita local, confirmou a explosão e a atribuiu a um atentado suicida, "já que não havia espaço para se esconder uma bomba".

Revoltados, os xiitas começaram a incendiar carros e lojas e passaram a atacar os sunitas.

"Os corpos de 23 pessoas estão no hospital e 22 feridos foram retirados de Hangu", anunciou o chefe de polícia da Província, Rifaat Pasha.

Outras quatro pessoas morreram ao serem atingidas por tiros em um microônibus em Saidan Banda, nos subúrbios de Hangu, para onde os atos de violência se espalharam depois do atentado.

Quatro motoristas morreram em um ataque contra os caminhões em que estavam em Ibrahimzai, também nas proximidades de Hangu, acrescentou uma fonte local que pediu para não ser identificada.

O Exército, as forças paramilitares e os bombeiros foram enviados a Hangu para restabelecer a ordem, informou o ministro paquistanês do Interior, Aftab Sherpao, que falou em um "possível atentado suicida".

As imediações da cidade estavam bloqueadas por manifestantes xiitas em Ustarzai, 25 km ao leste de Hangu, o que complicou a intervenção do Exército e das equipes médicas. Segundo autoridades de Hangu, o Exército conseguiu entrar na cidade, mas a situação ainda continua tensa.

Autoridades locais atribuíram o atentado a extremistas sunitas que questionam o caráter muçulmano do xiismo e que, geralmente, atacam as cerimônias desta confissão.

A Ashura, um dos principais eventos para os xiitas, marca a morte do imã Hussein, neto do profeta Maomé, em uma batalha em Karbala, sul do Iraque.

Os xiitas representam no Paquistão entre 15 e 20% de uma população de 150 milhões de pessoas, sendo a grande maioria muçulmana.

Segurança

A segurança foi reforçada durante a Ashura porque a data foi marcada por violência nos últimos anos no Paquistão. Os sunitas --que são maioria no país-- são apontados como responsáveis por ataques contra os xiitas durante o evento --que inclui procissões por todo o país.

Em Karachi, mais de 3.000 xiitas gritando "morte ao governo" realizaram um protesto no sul da cidade exigindo a prisão dos responsáveis pelo atentado de Hangu.

O ministro paquistanês da informação, Rashid Ahmed, condenou o ataque com veemência. "Eu condeno este ataque. Isto é uma conspiração para suscitar confrontos entre sunitas e xiitas. Quem fez isso é um terrorista".

Allama Mehdi Najfi, proeminente clérigo xiita na cidade de Quetta (sudoeste), afirmou que o ataque "disseminou ódio entre a população", mas pediu que "os paquistaneses não entrem em confronto com membros de outra facção".

Afeganistão

No território afegão, pelo menos quatro pessoas morreram e 94 ficaram feridas em confrontos entre sunitas e xiitas que celebravam o luto do Ashura na localidade de Herat (oeste), informou o ministro da Energia, Ismail Khan.

Em razão dos distúrbios, as autoridades do Afeganistão enviaram cerca de 500 homens para garantir a segurança no local. "A situação parece estar sob controle", disse o general Mohammed Zahir Azimi, em entrevista à agência France Presse, no início da noite (tarde no Brasil).

Nos arredores do Beirute, no Líbano, centenas de milhares de pessoas também se reuniram por ocasião do Ashura. O chefe do Hizbollah libanês, xeque Hassan Nasrallah, exigiu "desculpas" e "uma legislação" européia que proíba os "insultos", referindo-se à publicação de caricaturas do profeta Maomé por jornais da Europa.

"Hoje, protestamos pelas ofensas com palavras e manifestações, mas estamos dispostos a derramar nosso sangue se continuarem", advertiu.

"Estamos a Seu serviço, oh profeta Maomé, enviado de Deus!", gritavam homens e mulheres, incluindo muitos jovens, vestidos de preto.

No Iraque, mais de um milhão de xiitas participaram hoje da cerimônia do Ashura, em meio a fortes medidas de segurança para evitar confusões e atentados. Com a cabeça raspada, os fiéis marchavam em direção ao mausoléu do imã Hussein, autoflagelando-se com facas e pequenas espadas.

Em Bahrein, país de maioria xiita governado por sunitas, xiitas kuaitianos participaram pela primeira vez das procissões comemorativas, que cortaram o velho mercado de Manama. Os xiitas representam 30% dos cidadãos do Kuait, país governado pelos sunitas.

Na Jordânia, cerca de 1.500 fiéis xiitas comemoraram o acontecimento nos mausoléus dos companheiros do profeta enterrados no reino, em particular o mausoléu de Jaafar ben Abi Taleb, irmão de Ali e primo de Maomé, na Província de Karak. A maioria dos xiitas que vivem na Jordânia é iraquiana.

Com agências internacionais

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