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28/02/2006
-
22h03
da Folha Online
O quarteirão francês, considerado um dos pontos turísticos mais tradicionais de Nova Orleans, foi um dos principais palcos dos festejos do primeiro Mardi Gras --Terça-Feira Gorda em francês, o carnaval da cidade-- depois da passagem do furacão Katrina, em agosto do ano passado, que devastou a cidade.
Algumas pessoas lembraram, com bom humor, a passagem do furacão pela cidade, cobertas com lonas azuis, como as que são utilizadas para cobrir as casas destelhadas com a violência do furacão. Uma mulher inclusive se vestiu de freira, com um hábito feito com a lona.
A festa tenta afastar, ao menos temporariamente, a sombra das dificuldades que a cidade ainda terá de enfrentar para se recuperar dos efeitos do Katrina. A indústria do Turismo na cidade deve ser a que mais será afetada: a secretária de Turismo do Estado da Louisiana, Angele Davis, disse que um de cada três americanos está menos interessado em visitar Nova Orleans do que antes da passagem do furacão.
A ocupação dos hotéis é satisfatória para os donos dos estabelecimentos, mas nas ruas a multidão é menos numerosa do que já foi antes da tragédia.
Hoje há 15 mil hotéis em condições de uso atualmente em Nova Orleans, contra 25 mil antes do Katrina, segundo a Associação de Hotéis e Hospedarias da Grande Nova Orleans, mas a ocupação é quase toda por funcionários do governo envolvidos na reconstrução da cidade e pessoas que perderam suas casas.
A lendária Bourbon Street foi o centro que concentrou os eventos do Mardi Gras --os desfiles, que duram agora 12 dias, e não mais oito, como antes do furacão.
O presidente do Escritório Metropolitano de Visitantes de Nova Orleans, Stephen Perry, estima que os turistas sejam neste ano apenas 70% dos que costumavam comparecer ao Mardi Gras --cerca de 400 mil pessoas.
O governo do Estado da Louisiana, Mitch Landrieu, iniciará oficialmente no dia sete de março a campanha publicitária "Fall in love with Louisiana again" (Apaixone-se pela Louisiana novamente, em inglês) para desfazer a impressão entre os americanos de que restaram apenas ruínas na cidade. O ator John Goodman e o músico de jazz Wynton Marsalis estão entre os artistas que participarão da campanha.
"O Mardi Gras é parte de nossa tradição", disse hoje o prefeito da cidade, Ray Nagin, que estava fantasiado com uma roupa camuflada, uma boina preta e carregava um charuto --como o general Russell Honore, que liderou o primeiro grande comboio de ajuda à cidade após o furacão. "É parte de nosso DNA. E é uma ocasião 'docemente amarga' porque há muita gente que ainda não está aqui (...) O Katrina provocou muitas coisas ruins. Mas também fez algo para dar aos cidadãos um novo amor pela cidade."
Pela Bourbon Street, algumas pessoas já estavam nas ruas usando colares roxos e verdes já estavam nas ruas desde antes do amanhecer, lado a lado com garis que limpavam as ruas.
Os restaurantes tiveram muito trabalho durante as comemorações do carnaval da cidade, mas já são menos estabelecimentos que antes do Katrina: apenas 506 restaurantes, dos 1.882 que existiam na cidade antes do furacão, estão abertos, segundo a Associação de Restaurantes de Nova Orleans.
Algumas das pessoas que mais tiveram perdas com o furacão acharam a comemoração deste ano de mau gosto. Samuel Spears, morador da cidade que hoje está em Houston (Estado do Texas), disse que as imagens dos turistas celebrando o deixou irritado.
"[A prefeitura] celebrando o Mardi Gras, sem ter ainda lidado com as necessidades humanas básicas nessa cidade, é como um tapa na cara", disse Spears. "Eu não consigo voltar para casa e eles fazendo desfile? Isso é ridículo."
Outros moradores da cidade não viram com olhos tão críticos a realização do Mardi Gras. Como Andrew Hunter, 42: "Eu perdi tudo", afirmou, nos degraus do que sobrou de sua casa, na avenida Jackson. "Mas e daí? Isso nos ajuda a manter os ânimos de pé, e precisamos de toda a ajuda que conseguirmos dessa forma."
Algumas fantasias simbolizavam momentos da tragédia do Katrina, como a do casal Kevin e Marie Barre, que se cobriram com lonas plásticas onde havia um "X" pintado com tinta spray --em referência à forma como as equipes de resgate marcavam as casas em que já haviam feito buscas de corpos. "É um lembrete. Muitas pessoas que estão aqui não sabem o que passamos", disse Kevin.
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Nova Orleans comemora primeiro carnaval pós-Katrina
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O quarteirão francês, considerado um dos pontos turísticos mais tradicionais de Nova Orleans, foi um dos principais palcos dos festejos do primeiro Mardi Gras --Terça-Feira Gorda em francês, o carnaval da cidade-- depois da passagem do furacão Katrina, em agosto do ano passado, que devastou a cidade.
Algumas pessoas lembraram, com bom humor, a passagem do furacão pela cidade, cobertas com lonas azuis, como as que são utilizadas para cobrir as casas destelhadas com a violência do furacão. Uma mulher inclusive se vestiu de freira, com um hábito feito com a lona.
Bill Haber/AP |
Grupo de mascarados participa de comemoração do Mardi Gras em Nova Orleans |
A ocupação dos hotéis é satisfatória para os donos dos estabelecimentos, mas nas ruas a multidão é menos numerosa do que já foi antes da tragédia.
Hoje há 15 mil hotéis em condições de uso atualmente em Nova Orleans, contra 25 mil antes do Katrina, segundo a Associação de Hotéis e Hospedarias da Grande Nova Orleans, mas a ocupação é quase toda por funcionários do governo envolvidos na reconstrução da cidade e pessoas que perderam suas casas.
A lendária Bourbon Street foi o centro que concentrou os eventos do Mardi Gras --os desfiles, que duram agora 12 dias, e não mais oito, como antes do furacão.
O presidente do Escritório Metropolitano de Visitantes de Nova Orleans, Stephen Perry, estima que os turistas sejam neste ano apenas 70% dos que costumavam comparecer ao Mardi Gras --cerca de 400 mil pessoas.
O governo do Estado da Louisiana, Mitch Landrieu, iniciará oficialmente no dia sete de março a campanha publicitária "Fall in love with Louisiana again" (Apaixone-se pela Louisiana novamente, em inglês) para desfazer a impressão entre os americanos de que restaram apenas ruínas na cidade. O ator John Goodman e o músico de jazz Wynton Marsalis estão entre os artistas que participarão da campanha.
"O Mardi Gras é parte de nossa tradição", disse hoje o prefeito da cidade, Ray Nagin, que estava fantasiado com uma roupa camuflada, uma boina preta e carregava um charuto --como o general Russell Honore, que liderou o primeiro grande comboio de ajuda à cidade após o furacão. "É parte de nosso DNA. E é uma ocasião 'docemente amarga' porque há muita gente que ainda não está aqui (...) O Katrina provocou muitas coisas ruins. Mas também fez algo para dar aos cidadãos um novo amor pela cidade."
Pela Bourbon Street, algumas pessoas já estavam nas ruas usando colares roxos e verdes já estavam nas ruas desde antes do amanhecer, lado a lado com garis que limpavam as ruas.
Os restaurantes tiveram muito trabalho durante as comemorações do carnaval da cidade, mas já são menos estabelecimentos que antes do Katrina: apenas 506 restaurantes, dos 1.882 que existiam na cidade antes do furacão, estão abertos, segundo a Associação de Restaurantes de Nova Orleans.
Algumas das pessoas que mais tiveram perdas com o furacão acharam a comemoração deste ano de mau gosto. Samuel Spears, morador da cidade que hoje está em Houston (Estado do Texas), disse que as imagens dos turistas celebrando o deixou irritado.
"[A prefeitura] celebrando o Mardi Gras, sem ter ainda lidado com as necessidades humanas básicas nessa cidade, é como um tapa na cara", disse Spears. "Eu não consigo voltar para casa e eles fazendo desfile? Isso é ridículo."
Outros moradores da cidade não viram com olhos tão críticos a realização do Mardi Gras. Como Andrew Hunter, 42: "Eu perdi tudo", afirmou, nos degraus do que sobrou de sua casa, na avenida Jackson. "Mas e daí? Isso nos ajuda a manter os ânimos de pé, e precisamos de toda a ajuda que conseguirmos dessa forma."
Algumas fantasias simbolizavam momentos da tragédia do Katrina, como a do casal Kevin e Marie Barre, que se cobriram com lonas plásticas onde havia um "X" pintado com tinta spray --em referência à forma como as equipes de resgate marcavam as casas em que já haviam feito buscas de corpos. "É um lembrete. Muitas pessoas que estão aqui não sabem o que passamos", disse Kevin.
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