10/03/2006 - 14h05

Embaixador dos EUA propõe assembléia de líderes iraquianos

da France Presse, em Bagdá

O embaixador dos Estados Unidos em Bagdá, Zalmay Khalilzad, deseja reunir em assembléia, dentro ou fora do Iraque, todos os grupos políticos do país para que estabeleçam uma plataforma comum e formem um governo de unidade nacional.

Em uma entrevista publicada nesta sexta-feira pela revista americana "Time", Khalilzad propõe que, uma vez designado o primeiro-ministro, seja convocada uma conferência entre os líderes dos principais partidos políticos do Iraque.

"Pode ser aqui ou em qualquer parte fora do Iraque", acrescentou o embaixador ao informar que sua proposta pretende acelerar as negociações a respeito da formação de um governo de unidade nacional, à espera da sessão inaugural, no dia 19 de março, do Parlamento eleito no dia 15 de dezembro.

Os diferentes grupos iraquianos estão profundamente divididos sobre o novo Executivo, pelo qual Khalilzad se dispõe a trabalhar incessantemente com os líderes políticos até que o processo esteja terminado.

"Creio que, quando esse governo de unidade nacional se formar, quando houver ministérios dirigidos por pessoas competentes, entre eles sunitas, será possível estudar uma retirada significativa de nossas forças do Iraque", destacou o embaixador americano.

Washington mantém atualmente em solo iraquiano 133 mil homens --em dezembro de 2005, o contingente era de 160 mil.

Apelos

O secretário americano de Defesa, Donald Rumsfeld, já se declarou a favor ontem de que as principais partes no Iraque reconheçam a gravidade da situação e se unam para formar um governo de unidade nacional rapidamente.

"O objetivo é impedir uma guerra civil", acrescentou Rumsfeld, referindo-se à violência entre xiitas e sunitas desencadeada pelo atentado de 22 de fevereiro contra um mausoléu xiita em Samarra (norte), que deixou cerca de 500 mortos, segundo fontes oficiais.

Os pedidos americanos coincidem com o acordo dos líderes políticos iraquianos a respeito da data da sessão inaugural do novo Parlamento.

Após longas negociações com os xiitas conservadores da Aliança Unificada Iraquiana (AUI), grupo político vencedor das eleições de dezembro, a data de 19 de março foi fixada na quinta-feira pelo Conselho Presidencial Iraquiano.

O presidente do país, o curdo Jalal Talabani, que se opõe à manutenção do xiita Ibrahim al Jaafari, candidato da AUI, no cargo de primeiro-ministro do novo Executivo, havia proposto em um primeiro momento o dia 12 de março. A data inicial foi definida de acordo com o prazo fixado pela Constituição adotada em 15 de outubro de 2005 por referendo popular.

Protesto

O clérigo radical xiita Moqtada al Sadr adiou, sem fornecer uma nova data, a manifestação convocada para amanhã, em Bagdá, devido a possíveis ataques contra os manifestantes, afirmou um alto representante de seu movimento.

A manifestação tinha como objetivo afirmar a unidade e a solidariedade dos iraquianos, sunitas e xiitas.

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