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24/03/2006 - 09h05

Cessar-fogo permanente anunciado pelo ETA entra em vigor

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da Efe, em Madri

O anúncio de cessar-fogo permanente anunciado nesta quarta-feira pela organização terrorista ETA (Pátria Basca e Liberdade) entrou em vigor à 0h desta sexta-feira (20h de Brasília).

Por meio de um comunicado transmitido pela rede de TV pública do País Basco, o ETA colocou fim a meses de especulações sobre um eventual fim de suas atividades terroristas, que começaram em 1968 e, desde então, deixaram cerca de 850 mortos e milhares de feridos.

O anúncio foi feito após quase três anos sem atentados mortais, e em um momento em que a organização terrorista passava por seu momento mais frágil, com centenas de detidos nos últimos meses e um cerco policial cada vez mais estreito na Espanha e na França.

O premiê espanhol, José Luis Rodríguez Zapatero, havia dito, no início de fevereiro, que o momento permitia considerar próximo "o princípio do fim" da atividade terrorista do ETA. Na ocasião, ele reafirmou o seu compromisso em trabalhar pela paz.

Bombas

O ETA, porém, ainda vinha explodindo bombas de pequena potência em diversas localidades no norte da Espanha, o que gerava incerteza sobre as intenções da organização terrorista. Mas o vídeo em que três encapuzados-- dois homens e uma mulher-- anunciaram o cessar-fogo dissipou as dúvidas.

Os porta-vozes do ETA explicaram que "o objetivo da decisão é promover um processo democrático" no País Basco. Eles destacaram que "a superação do conflito, aqui e agora, é possível. Esse é o desejo e a vontade do ETA".

A organização terrorista fez um apelo às autoridades da Espanha e França "para que respondam à sua atitude de maneira positiva, deixando de lado a repressão" e permitam que os cidadãos bascos tenham "a palavra e a decisão sobre seu futuro".

"Todos devemos assumir responsabilidades, para construir a solução democrática de que o povo basco precisa", acrescentou o grupo terrorista, afirmando que chegou o momento de "tomar grandes decisões, passando das palavras aos atos".

Tréguas

A ETA anunciou várias vezes o fim da violência. Mas a trégua anterior, que entrou em vigor em setembro de 1998 e terminou com o assassinato de um militar em Madri, em dezembro de 1999, foi a primeira anunciada como um "cessar-fogo geral".

O termo de "cessar-fogo" é o mesmo que havia sido utilizado pelo Exército Republicano Irlandês (IRA), quando deu o primeiro passo para iniciar o processo de paz na Irlanda do Norte.

No governo, a reação foi de cautela e prudência, seguida de um apelo à unidade das forças políticas. Outra reação foi a exigência de que a ETA ofereça "sinais inequívocos" de sua renúncia definitiva à violência para poder estabelecer um processo de diálogo.

Zapatero esteve com o rei Juan Carlos nesta quinta-feira, em reunião de "caráter extraordinário", para trocar impressões sobre o anúncio da ETA e analisar a nova situação.

Diálogo

O governo socialista fez um apelo ao conservador Partido Popular (PP) --contrário ao diálogo com o ETA-- para trabalharem juntas no processo, e se comprometeu pedir a autorização do Parlamento antes de qualquer iniciativa de diálogo.

O presidente do PP, Mariano Rajoy, admitiu apoiar o governo, mas estabeleceu condições: passos "razoáveis", sem débito político, sem esquecer as vítimas. Ele exige da direção do grupo terrorista uma rendição incondicional e inequívoca.

Rajoy se reunirá na próxima terça-feira (28) com Zapatero, que abrirá uma rodada de consultas com todos os grupos políticos para que todos fiquem informados e possam participar do processo.

No debate político, começou também a ser planejado um "Mapa de Caminho" para um eventual processo de paz.

Resolução

O conselheiro de Habitação do governo regional do País Basco, Javier Madrazo, defendeu que o Parlamento aprove uma resolução "em favor do diálogo democrático e político".

Ele propõe a criação de duas mesas de diálogo --uma entre o governo e o ETA e outra reunindo todos os partidos bascos.

Segundo Madrazo, a meta do diálogo entre a direção do ETA e o governo deve ser "transformar a trégua permanente em um fim definitivo da violência", enquanto a discussão entre os partidos deve trabalhar para conseguir "a normalização política".

Especial
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