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03/04/2006 - 16h09

EUA e Reino Unido pressionam iraquianos para formar novo governo

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da Folha Online

Os Estados Unidos e o Reino Unido manifestaram nesta segunda-feira a esperança de que o Iraque consiga reprimir a ação das milícias e unificar as forças políticas do país em torno de um governo estável.

Em visita surpresa a Bagdá, a secretária de Estado americana, Condoleezza Rice, e o ministro britânico de Relações Exteriores, Jack Straw, reuniram-se com praticamente todas as facções iraquianas em dois dias de esforços diplomáticos.

Rice fez questão de passar a noite no Iraque para mostrar que a segurança está melhorando no país, apesar da onda de violência sectária que atingiu o país desde o final de fevereiro.

A tensão entre xiitas e sunitas aumentou no Iraque desde que um santuário xiita foi alvo de um atentado em fevereiro na cidade de Samarra, ao norte de Bagdá. O ataque foi seguido por represálias entre xiitas e sunitas, que mataram mais de 450 pessoas.

"Antes de tudo, o propósito desta viagem é para encorajar e estimular os iraquianos a fazer o que eles têm que fazer, porque o povo iraquiano merece isso", declarou Rice.

A secretária de Estados dos EUA afirmou que os líderes iraquianos, em negociações desde as eleições legislativas de 15 de dezembro de 2005, devem chegar a um acordo o mais rápido possível. "Se não forem escolhidos os cargos principais, será difícil formar um governo."

Straw e Rice se abstiveram de tomar partido na disputa sobre quem será o novo primeiro-ministro iraquiano, depois que a oposição contra a candidatura à reeleição do chefe de governo do Iraque, Ibrahim al Jaafari, encontrou eco inclusive em seu próprio campo.

Eles enfatizaram que a prioridade é um governo forte, capaz de estabilizar o país e acabar com a violência cotidiana. "Viemos para apoiar o processo em curso; não nos corresponde, nem a mim, nem a Jack Straw, determinar quem será o primeiro-ministro", declarou Rice à imprensa, antes de finalizar a visita surpresa de dois dias ao país.

"Serão os iraquianos que decidirão, mas precisamos urgente de um governo forte, unido e conduzido por alguém que seja capaz de garantir a estabilidade e responder às necessidades do povo iraquiano", acrescentou.

O chanceler britânico não escondeu a impaciência de seu país e dos Estados Unidos ante a lentidão das discussões políticas no Iraque. "Sabemos que a formação de uma coalizão leva tempo, mas aqui está demorando demais", criticou.

Os chefes da diplomacia americana e britânica afirmaram que sua visita ao Iraque não constitui uma interferência nos assuntos internos iraquianos. "Os norte-americanos perderam mais de 2.000 soldados, nós perdemos mais de cem e há 140 mil militares [estrangeiros] que colaboram na manutenção da paz", observou Straw.

"Por isso, temos o direito de solicitar tratar com o senhor A, B ou C", acrescentou o chanceler britânico, insistindo que foram os Estados Unidos e a Inglaterra que "libertaram o Iraque".

"Agora é sumamente importante para os iraquianos avançar, e acho que temos o direito de dizer isso. As perdas humanas americanas e britânicas e as enormes somas gastas constituem uma razão suficiente para incentivá-los a progredir", afirmou Straw.

A Presidência iraquiana anunciou recentemente acordos para criar um Conselho de Segurança Nacional, encarregado das decisões estratégicas, um comitê ministerial para se ocupar da segurança e um acordo sobre as normas de funcionamento do conselho de ministros.

No entanto, a atribuição dos postos continua em ponto morto, principalmente no que diz respeito ao primeiro-ministro.

Vários parlamentares xiitas pediram que Jaafari retire sua candidatura, enquanto outros sugeriram que esta decisão seja confiada ao Parlamento.

Jaafari, que afirma que não vai retirar a candidatura, foi designado pelos dirigentes de sua aliança, a dos xiitas conservadores, que conta com 128 das 275 cadeiras parlamentares.

Violência

Dez pessoas morreram e outras 30 ficaram feridas nesta segunda-feira em um atentado contra alvos xiitas em Bagdá, informou uma fonte do Ministério do Interior. Um carro-bomba explodiu quando os fiéis deixavam o templo depois da oração vespertina.

O veículo estava estacionado perto da mesquita de Al Churuqi, situada na região de Al Chaab (nordeste da capital).

Segundo a polícia iraquiana, outros 11 cadáveres com marcas de tiros em diferentes partes do corpo foram encontrados hoje em vários bairros xiitas e sunitas de Bagdá.

O comandante de polícia Wisam Saad informou que todos os corpos são de homens de entre 20 e 45 anos de idade. Quatro dos 11 cadáveres tinham as mãos atadas, os olhos vendados e sinais de tortura, explicou a fonte, que não deu mais detalhes.

Em outro ataque com carro-bomba, cinco civis ficaram feridos nesta segunda-feira no bairro comercial de Karrada, centro de Bagdá, informou uma fonte do Ministério do Interior.

Além disso, quatro membros da uma família xiita foram assassinados no domingo à noite por homens armados que invadiram sua casa no bairro de Dura, zona sul de Bagdá. O pai da família havia sido assassinado poucos dias antes nas mesmas circunstâncias.

Autoridades militares americanas anunciaram hoje que cinco marines americanos morreram ontem e outros três estão em local desconhecido devido a um acidente com o veículo no qual se dirigiam a um canal próximo à base militar de Al Assad, na região de Fallujah, 55 km ao leste de Bagdá.

Em comunicado, o comando militar dos EUA explicou que o acidente aconteceu quando os oito marines participavam de uma operação de apoio logístico no oeste da capital.

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