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07/04/2006
-
09h01
FABIANO MAISONNAVE
da Folha de S.Paulo, em Lima
Fora da campanha eleitoral peruana, o ex-presidente Alberto Fujimori dá mais uma prova de resiliência política: sua filha Keiko deve ser a deputada mais votada neste domingo. Anteontem à noite, os fujimoristas fizeram um animado encerramento de campanha, no qual apresentaram a nova mulher do "chino" e festejaram o 14º aniversário do fechamento do Congresso.
Segundo pesquisa recente do Instituto CPI, Keiko Fujimori receberá 14,3% dos votos para o Congresso, carregando outros candidatos da Aliança pelo Futuro. A projeção é de que 15 fujimoristas se elejam, formando a quarta maior bancada parlamentar.
Realizado no bairro pobre de San Juan de Lurigancha, periferia de Lima, o comício fujimorista parecia uma celebração religiosa: para compensar a ausência do ex-presidente, banners imensos com suas fotos, bandeiras do Japão, músicas da última campanha eleitoral e gritos de "chino" --o apelido popular.
A mais aplaudida pelos cerca de 3.000 simpatizantes, Keiko usou praticamente todo o discurso de oito minutos para elogiar seu pai. "Como está o espírito fujimorista?", perguntou, de início, com uma voz infantilizada. Animada com a recepção calorosa, continuou: "Através da imprensa, quero que o meu papi veja todo o apoio que estamos recebendo do povo do Peru".
Hoje com 30 anos, Keiko tornou-se bastante conhecida no Peru quando, aos 19, virou a primeira-dama do país. Substituiu a sua mãe, que se separou de Fujimori acusando-o de corrupto e chegou a se lançar à Presidência.
Se Keiko foi a estrela, a surpresa ficou por conta da empresária japonesa Satomi Kataoka, cujo casamento com Fujimori foi anunciado no meio do comício.
Recém-chegada do Japão, Kataoka, tal como uma estrela de rock, subiu no palanque para dizer: "Buenas noches. Me llamo Satomi", arrancando risos dos cabos eleitorais.
Discursou ainda Santiago Fujimori, irmão do ex-presidente e candidato a vice-presidente ao lado de Martha Chávez --a chapa aparece com cerca de 7% nas últimas pesquisas eleitorais.
A última a falar foi Chávez. Sob os gritos de "Martha es Chino, Chino es Martha", fez uma apaixonada defesa do autogolpe promovido por Fujimori, em 1992: "Cabe a mim lembrar o trabalho dos que acompanhamos o presidente Fujimori a tomar a decisão de fechar um Congresso, inepto e superdimensionado. O povo apoiou essa medida".
Fora do Peru desde 2000 depois de governar por dez anos, Fujimori tentou voltar ao país em novembro via Chile, mas foi preso em seguida. Agora, a Justiça local decide sobre a sua extradição. Mesmo detido no exterior, tentou, sem sucesso, registrar sua candidatura, substituída pela de Martha Chávez.
Seu governo foi marcado pela vitória sobre o grupo terrorista Sendero Luminoso, mas também pelo autoritarismo e pelos escândalos de corrupção, que precipitaram o fim do terceiro mandato e a fuga para o Japão.
Final de campanha
Ontem, foi o último dia da campanha. A direitista Lourdes Flores e o ex-presidente Alan García --que, para vários analistas, disputam uma vaga no segundo turno-- fizeram à noite comícios na região central de Lima.
Já o nacionalista Ollanta Humala preferiu encerrar sua campanha em Arequipa (sul), maior cidade do altiplano peruano e seu principal reduto eleitoral.
Ao longo do dia, os candidatos continuaram os ataques entre si. No mais grave, partidários de García mostraram um documento no qual Flores teria firmado aliança secreta com outro partido, a Frente Independente Moralizadora. Flores negou e disse que sua assinatura foi falsificada.
Já o irmão de Ollanta, Antauro Humala, preso há mais de um ano por promover uma rebelião contra o presidente Alejandro Toledo em que morreram quatro policiais, iniciou uma greve de fome para protestar contra a proibição de conceder entrevistas.
Especial
Leia o que já foi publicado sobre Ollanta Humala
Leia o que já foi publicado sobre Lourdes Flores
Leia o que já foi publicado sobre Alan García
Leia o que já foi publicado sobre as eleições peruanas
Filha de Fujimori prova resistência do pai
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da Folha de S.Paulo, em Lima
Fora da campanha eleitoral peruana, o ex-presidente Alberto Fujimori dá mais uma prova de resiliência política: sua filha Keiko deve ser a deputada mais votada neste domingo. Anteontem à noite, os fujimoristas fizeram um animado encerramento de campanha, no qual apresentaram a nova mulher do "chino" e festejaram o 14º aniversário do fechamento do Congresso.
Segundo pesquisa recente do Instituto CPI, Keiko Fujimori receberá 14,3% dos votos para o Congresso, carregando outros candidatos da Aliança pelo Futuro. A projeção é de que 15 fujimoristas se elejam, formando a quarta maior bancada parlamentar.
Realizado no bairro pobre de San Juan de Lurigancha, periferia de Lima, o comício fujimorista parecia uma celebração religiosa: para compensar a ausência do ex-presidente, banners imensos com suas fotos, bandeiras do Japão, músicas da última campanha eleitoral e gritos de "chino" --o apelido popular.
A mais aplaudida pelos cerca de 3.000 simpatizantes, Keiko usou praticamente todo o discurso de oito minutos para elogiar seu pai. "Como está o espírito fujimorista?", perguntou, de início, com uma voz infantilizada. Animada com a recepção calorosa, continuou: "Através da imprensa, quero que o meu papi veja todo o apoio que estamos recebendo do povo do Peru".
Hoje com 30 anos, Keiko tornou-se bastante conhecida no Peru quando, aos 19, virou a primeira-dama do país. Substituiu a sua mãe, que se separou de Fujimori acusando-o de corrupto e chegou a se lançar à Presidência.
Se Keiko foi a estrela, a surpresa ficou por conta da empresária japonesa Satomi Kataoka, cujo casamento com Fujimori foi anunciado no meio do comício.
Recém-chegada do Japão, Kataoka, tal como uma estrela de rock, subiu no palanque para dizer: "Buenas noches. Me llamo Satomi", arrancando risos dos cabos eleitorais.
Discursou ainda Santiago Fujimori, irmão do ex-presidente e candidato a vice-presidente ao lado de Martha Chávez --a chapa aparece com cerca de 7% nas últimas pesquisas eleitorais.
A última a falar foi Chávez. Sob os gritos de "Martha es Chino, Chino es Martha", fez uma apaixonada defesa do autogolpe promovido por Fujimori, em 1992: "Cabe a mim lembrar o trabalho dos que acompanhamos o presidente Fujimori a tomar a decisão de fechar um Congresso, inepto e superdimensionado. O povo apoiou essa medida".
Fora do Peru desde 2000 depois de governar por dez anos, Fujimori tentou voltar ao país em novembro via Chile, mas foi preso em seguida. Agora, a Justiça local decide sobre a sua extradição. Mesmo detido no exterior, tentou, sem sucesso, registrar sua candidatura, substituída pela de Martha Chávez.
Seu governo foi marcado pela vitória sobre o grupo terrorista Sendero Luminoso, mas também pelo autoritarismo e pelos escândalos de corrupção, que precipitaram o fim do terceiro mandato e a fuga para o Japão.
Final de campanha
Ontem, foi o último dia da campanha. A direitista Lourdes Flores e o ex-presidente Alan García --que, para vários analistas, disputam uma vaga no segundo turno-- fizeram à noite comícios na região central de Lima.
Já o nacionalista Ollanta Humala preferiu encerrar sua campanha em Arequipa (sul), maior cidade do altiplano peruano e seu principal reduto eleitoral.
Ao longo do dia, os candidatos continuaram os ataques entre si. No mais grave, partidários de García mostraram um documento no qual Flores teria firmado aliança secreta com outro partido, a Frente Independente Moralizadora. Flores negou e disse que sua assinatura foi falsificada.
Já o irmão de Ollanta, Antauro Humala, preso há mais de um ano por promover uma rebelião contra o presidente Alejandro Toledo em que morreram quatro policiais, iniciou uma greve de fome para protestar contra a proibição de conceder entrevistas.
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