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07/04/2006 - 18h09

Para especialista, esquerda do Peru tem afinidade com Lula

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DANIELA LORETO
da Folha Online

O nacionalista Ollanta Humala aparece como favorito na disputa presidencial no Peru devido à insatisfação compartilhada pelos peruanos em relação ao sistema político vigente no país, segundo Luis Benavente, 48, diretor do Grupo de Opinião Pública (GOP) da Universidade de Lima, que também vê muita afinidade entre alguns setores da esquerda peruana e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Segundo o professor, Lula é visto "com muitas simpatia" no Peru, mas lembra que, no Brasil, as questões sociais também são bastante graves". "O Peru não possui uma base institucional sólida e um Congresso com prestígio para sustentar a economia de mercado. Por isso, há muita afinidade entre Lula e alguns setores da esquerda peruana", diz.

Para o especialista, a "simpatia" não significa que Humala tome medidas semelhantes às de Lula caso venha a ocupar a Presidência. "Cada economia tem seu próprio processo, embora possam ser semelhantes em alguns pontos. Não acontecerá no Peru uma reprodução do que Lula fez no Brasil, nem de do que Chávez fez na Venezuela", disse.

De acordo com as pesquisas, o candidato nacionalista aparece com 31% das intenções de voto, seguido ela candidata Lourdes Flores (direita), com 26%, e Alan García (centro), com 23%.

"O favoritismo de Humala se deve à insatisfação da maioria da população com o atual governo e com um sistema político que perdeu a credibilidade", explica Benavente, e diz ser pouco provável que Humala vença a disputa no primeiro turno, já que, para isso, precisaria obter mais de 50% dos votos.

De acordo com o professor, é difícil prever quem irá disputar o segundo turno com Humala. "As pesquisas mostram Flores com 26% e García com 23%. A diferença é muito pequena", diz.

Candidatos

Embora haja 20 nomes na disputa presidencial, 80% dos votos estão concentrados nos três principais candidatos. "Eles representam espaços ideológicos muito definidos, o que faz com que atraiam um grande número de votos', afirma.

Benavente considera que o Partido Aprista Peruano, de García, sempre terá espaço garantido no cenário político peruano porque é um partido com 75 anos de existência que, historicamente, sempre obteve ao menos 20% dos votos. "Por isso, seus candidatos sempre serão candidatos fortes", afirma.

Segundo ele, Flores também é uma candidata de peso, pois "concorreu nas eleições passadas e realizou um trabalho muito intenso durante a campanha para 2006".

O professor diz ainda que sempre há espaço para um "outsider", ou seja, alguém que represente a rejeição ao atual sistema político. No caso das atuais eleições, este espaço seria ocupado por Humala. "Há vários casos em que um político novo, que concorre com outros mais conhecidos, obtém sucesso. Foi o que aconteceu com Fujimori [Alberto, ex-presidente peruano] em 1990", explica.

Economia

De acordo com Benavente, há grande preocupação no exterior e nos setores financeiros peruanos com uma eventual vitória de Humala --que é simpatizante de Hugo Chávez e Evo Morales [presidentes da Venezuela e da Bolívia, respectivamente] e prega a nacionalização das indústrias estratégicas, como a dos hidrocarbonetos.

"Há pouco tempo, a economia peruana era vista como estável e o Peru era considerado um país muito atrativo para se investir. No entanto, agora os acionistas estão muito preocupados."

Para o professor, Humala deverá "mostrar o tom" de seu mandato apenas depois de eleito. "Pode ser que ele faça como Evo Morales que, uma vez na Presidência, passou a agir de maneira mais prudente."

Questões sociais

Segundo Benavente, o vencedor da disputa presidencial terá de se confrontar com as graves questões sociais existentes no Peru. "Há problemas sociais muito sérios no país, uma educação pública que tem uma cobertura ampla, mas que não tem boa qualidade. Cerca de 52% dos peruanos vivem na linha da pobreza, e outros 20% vivem na extrema pobreza. A situação social no Peru é muito crítica", avalia.

De acordo com o especialista, a economia de mercado não fez o Peru avançar na luta contra a pobreza e a corrupção. Ele cita que há muitas críticas aos privilégios e à maneira com que se emprega os recursos públicos no país.

"Não há muito investimento nas questões sociais, e acredito que qualquer governo que assumir terá que rever essa questão", diz.

Especial
  • Leia o que já foi publicado sobre Ollanta Humala
  • Leia o que já foi publicado sobre Lourdes Flores
  • Leia o que já foi publicado sobre Alan García
  • Leia o que já foi publicado sobre as eleições peruanas

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