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22/04/2006 - 17h49

Milhares de russos homenageiam Lênin em seu 136º aniversário

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da Efe, em Moscou

Milhares de pessoas prestaram homenagens, neste sábado, à múmia de Vladimir Lênin, apesar de a maioria dos russos, a Igreja Ortodoxa e o próprio Mikhail Gorbachov pedirem seu enterro.

Longas filas se formaram em frente ao mausoléu de mármore e rocha na praça Vermelha de Moscou, onde se encontra o corpo embalsamado do fundador da União Soviética, para homenageá-lo em seu 136º aniversário de nascimento (1870-1924).

Hoje, excepcionalmente, o mausoléu foi aberto ao público, fato que se repete neste domingo, apesar de habitualmente o acesso ao público ocorrer apenas de terça-feira a quinta-feira.

No ano passado, os nostálgicos da URSS não puderam cumprir a "sagrada" tradição de visitar o mausoléu, já que analistas do Instituto Científico de Estruturas Biológicas (CTBM), instituição que se dedica à conservação da múmia, levaram-na para avaliar seu estado.

"Lênin foi um grande dirigente. Todo mundo tem falhas, mas ele pregava a amizade entre os povos e o mausoléu é a história viva de nosso país", disse Marina Krasílnikova, 44, suboficial das tropas fronteiriças do Serviço Federal de Segurança (FSB, antiga KGB).

Enterro

O último dirigente da URSS, Mikhail Gorbachov, pediu o enterro do pai do Estado soviético, para "acabar com a divisão na sociedade russa" herdada da guerra civil que deu origem às repúblicas socialistas.

AP
Russo carrega retrato de Lênin antes de visitar mausoléu em Moscou
"Enterrá-lo seria a melhor decisão. Colocar Lênin em um mausoléu foi um erro", afirmou. No entanto, Gorbachov reconheceu que a polêmica entre partidários e defensores do mausoléu "exacerba os ânimos e distrai o povo do que é realmente importante e necessário".

A Igreja Ortodoxa Russa (IOR), cujo chefe do departamento de Relações Eclesiásticas Exteriores, Kiril, descreveu as visitas ao mausoléu como um "fenômeno artificial tingido de um estranho misticismo", compartilha da mesma opinião.

"Lenin deveria ser enterrado sob a terra, já que a idéia da mumificação é alheia às tradições religiosas e culturais russas", ressaltou.

Kiril lembrou que há muito poucas figuras históricas "merecedoras de adoração", embora tenha pedido que fossem evitadas "manifestações de protesto e enfrentamentos que pudessem abalar a harmonia social".

Pesquisa

Cerca de 55% dos russos são partidários de sua sepultura, ou nos muros do Kremlin ou em um cemitério, enquanto aproximadamente 38% se opõem, segundo enquete realizada pelo Centro Levada.

Cerca de 78% dos pesquisados se mostram a favor da preservação do mausoléu por sua importância na história russa.

O mausoléu foi destino de peregrinação desde a morte de Lênin, em 1924. O fluxo se manteve mesmo após a queda da URSS, embora a cada ano aumentem as vozes partidárias de que se ponha fim a este culto à personalidade.

Embora Lênin não tenha deixado testamento, sua viúva, Nadiezhda Krúpskaya, opôs-se à exposição da múmia de seu marido e disse que o líder bolchevique tinha expresso seu desejo de descansar junto a sua mãe e a seu irmão no cemitério de Vólkovskoye, de São Petersburgo.

Debate

O assunto foi debatido pela primeira vez em 1990, quando Boris Yeltsin assumiu a Presidência da República Socialista Soviética Russa, mas a postura contrária da Duma da URSS obrigou-o a adiar o debate.

Vladimir Putin tentou reavivar a polêmica no mês passado, quando afirmou que Lênin jazeria no mausoléu aos pés do Kremlin, até que uma maioria de russos se manifestasse publicamente contra a idéia, para evitar uma "discórdia" na sociedade.

Entre os que se opõem terminantemente à transferência de Lênin, estão os comunistas, cujo líder, Guennadi Ziugánov, considera que os russos compreendem cada vez melhor o papel histórico do propulsor do "terror vermelho".

"Hoje é o aniversário de Lênin, genial político e eminente estadista", declarou o líder comunista após depositar um ramo de flores no mausoléu.

Ziugánov, que convocou, no final do ano passado, um abaixo-assinado no mesmo coração da Praça Vermelha, previu "protestos maciços" caso o Governo decida sepultuar o corpo de Lenin.

A múmia de Lênin permaneceu desde 1º de agosto de 1924 no mausoléu, a exceção de 1.360 dias durante a Segunda Guerra Mundial, quando foi levada para Tiumén, na Sibéria.

Especial
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