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26/04/2006 - 19h25

ONGs denunciam 600 soldados dos EUA por supostas torturas

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da Efe, em Washington

Três organizações de defesa dos direitos humanos denunciaram que cerca de 600 soldados americanos podem ter cometido torturas e abusos contra mais de 460 presos no Iraque, Afeganistão e na base de Guantánamo, em Cuba.

Às vésperas de completar dois anos do escândalo da prisão de Abu Ghraib, as organizações Human Rights Watch, Human Rights First e Center for Human Rights and Global Justice reclamaram que somente militares não graduados receberam punição pelas acusações.

Hoje foi publicado um relatório intitulado "By the Numbers", que é a primeira tentativa de contabilizar as centenas de alegações de torturas no Iraque, Afeganistão e Guantánamo, e constatar a reação das autoridades.

As principais fontes são documentos divulgados pelo governo, entrevistas com testemunhas e vítimas, procedimentos legais realizados em Guantánamo e relatórios de investigação feitos pelo Pentágono.

O documento conclui que o Departamento de Defesa dos EUA só investigou "adequadamente" metade das alegações de abusos.

Dos mais de 600 militares americanos ou civis --como agentes de inteligência e funcionários terceirizados-- supostamente envolvidos em torturas desde 2001, apenas 40 foram condenados e só dez cumprem sentenças de mais de um ano de prisão.

Nenhum oficial foi acusado com base na doutrina de responsabilidade do comandante, que o torna responsável pelos erros que se conhecia de seus subordinados ou que deveria ter conhecimento, informaram as organizações.

Investigações

O comandante Jeffrey Gordon, porta-voz do Pentágono, destacou que as Forças Armadas fizeram "muitas investigações". Os soldados não têm ordens para torturar os detidos, segundo o porta-voz.

"As alegações da Human Rights Watch ou de qualquer uma [dessas organizações] são falsas", disse.

Nesta sexta-feira (28), completa dois anos que um programa da rede de televisão CBS mostrou as primeiras fotos de corpos nus empilhados, prisioneiros ameaçados com cachorros e outras torturas e humilhações na prisão de Abu Ghraib.

Na época, o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, prometeu que os responsáveis pagariam por seus atos, embora tenha insistido que os abusos eram obra de "alguns".

"Estes dados deveriam silenciar de uma vez por todas a afirmação que o abuso dos detidos foi um fenômeno isolado, devido a alguns soldados sádicos no turno da noite de Abu Ghraib", protestou Elisa Massimino, da Human Rights First, em entrevista coletiva.

O relatório alega que os abusos foram "generalizados" e que não foram suficientemente punidos. No caso de Abu Ghraib, dez militares não graduados foram condenados pelas torturas, com penas que vão de sanções sem detenção a dez anos de prisão.

Hoje, vários jornais dos EUA informaram que o Exército planeja acusar o chefe da unidade de interrogatórios em Abu Ghraib, Steven Jordan, de negligência no cumprimento do dever, mentir para os investigadores e conduta imprópria.

Os grupos de direitos humanos reagiram positivamente à notícia, mas John Sifton, da Human Rights Watch, disse que as possíveis acusações contra Jordan são brandas e não o tornam responsável pela conduta de seus subordinados.

Para Tom Malinowski, também da Human Rights Watch, as penas brandas que os envolvidos em torturas recebem "não acontecem por acaso", mas tem como objetivo fazer com que "os acusados aceitem a situação e fiquem calados".

"A maioria dos atos em que os soldados são acusados são idênticos às técnicas de interrogatório autorizadas pelo secretário [de Defesa dos EUA, Donald] Rumsfeld", acrescentou Malinowski.

Rumsfeld autorizou manter os prisioneiros em posições estressantes durante um longo tempo, não deixá-los dormir e usar cachorros como intimidação, técnicas usadas em Guantánamo que depois foram para o Iraque, segundo Malinowski.

Por exemplo, três jornalistas da agência Reuters e um cinegrafista da NBC, detidos em 2004 no Iraque, disseram ter sido forçados a ficar de joelhos com os braços para cima durante horas, além de serem agredidos e sujeitados a humilhações.

A investigação do Exército concluiu que os quatro "foram deixados em situação de estresse intencional, incluindo não os deixar dormir para facilitar o interrogatório. Eles não foram torturados".

Especial
  • Leia o que já foi publicado sobre a base de Guantánamo
  • Leia o que já foi publicado sobre Abu Ghraib
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