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05/05/2006 - 09h28

Mãe de seqüestrado critica Lula em carta

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da Folha de S.Paulo

A mãe do engenheiro brasileiro seqüestrado no Iraque há 15 meses enviou carta aberta ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na qual afirma que "falta transparência" nas negociações do Itamaraty e da construtora Norberto Odebrecht, para a qual trabalha, sobre o seu paradeiro. Maria de Lourdes Mello Vasconcellos --mãe de João José de Vasconcellos Jr., desaparecido no Iraque desde 19 de janeiro de 2005-- afirma que está "cansada de reclamar" e "implora e suplica" por uma única coisa: "a verdade sobre o que realmente aconteceu".

"Que mistério é esse que envolve o seu seqüestro? Nas conversações, buscas e falsos resultados, percebo que falta uma transparência muito grande. Por que meu filho foi o único seqüestrado que não apareceu em fotos ou vídeos?", escreve Maria de Lourdes.

Ela diz que, em sua grande maioria, os seqüestrados no Iraque retornaram a seus países, vivos ou mortos. "Somente sobre o seqüestro de meu filho paira uma nuvem obscura e densa", diz.

"Os esforços do Itamaraty e da construtora Norberto Odebrecht, onde meu filho trabalhou por 20 anos, dedicando toda uma vida e quem sabe, a vida, não resultaram em nada. Contudo, rogo ao governo brasileiro, na pessoa do presidente Lula, que não se esqueça que um brasileiro está no Iraque, impedido de retornar à sua pátria; à construtora, peço que renda uma homenagem ao funcionário tão dedicado que João sempre foi: tragam-no de volta ao Brasil."

A última notícia do paradeiro de Vasconcellos Jr. foi recebida por sua família poucos dias após o desaparecimento, quando seqüestradores exibiram, em vídeo, documentos do brasileiro. Vasconcellos trabalhava na reforma de uma usina hidrelétrica em Beiji, no norte do Iraque.

Ele estava num comboio que foi atacado pelos Esquadrões al Mujahidin. O grupo chegou a divulgar imagens de documentos do brasileiro, mas não houve mais contatos dos seqüestradores em nome de Vasconcellos desde então.

O Itamaraty enviou pessoal ao Oriente Médio para pedir ajuda e realizar reuniões de inteligência com países da região, mas não conseguiu avançar.
"Meus olhos já não possuem brilho, e meu coração já não repousa. Sou tomada todos os dias pela dor da saudade, da incerteza e da angústia sem fim. Há um ano e três meses eu acordo e durmo com a mesma pergunta: onde está meu filho João?", afirma Maria de Lourdes, na carta em que pede a solidariedade das mães.

"Se não há prova de morte ou de vida, imploro, suplico, que os esforços sejam intensificados e que, enfim, todos nós, pais, irmãos, esposa e filhos do João tenhamos o nosso reencontro. Cansada de clamar por um desfecho para o caso, seja à construtora, seja ao governo brasileiro, seja aos seqüestradores, venho hoje fazer um apelo especial a você que é mãe", propõe ela.

"Peça a seu filho, seja ele um político, um empresário, um governante, um líder, um ídolo, um homem comum, o apoio à nossa causa. Dizem que é só pedir à mãe que o filho atende. Por isso me dirijo em especial a você que é mãe, e que é capaz de compreender a intensidade da minha dor e do verdadeiro calvário que venho vivendo."

"Não tenho mais um nome que me represente. Em alguns momentos me sinto uma fêmea ferida, tomada pelo pânico, trêmula e com um grito surdo que me sufoca e me suga as energias necessárias à minha sobrevivência."

Violência

A explosão de uma mina em uma estrada perto de um tribunal em Bagdá matou ontem nove pessoas e feriu pelo menos 46, informou a polícia iraquiana.

Especial
  • Leia cobertura completa sobre o Iraque sob tutela
  • Leia o que já foi publicado sobre João José de Vasconcellos Jr.
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