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10/05/2006 - 16h38

Israel suspende abastecimento de combustíveis para palestinos

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da Folha Online

Um dia depois de o Quarteto para o Oriente Médio ter decidido criar um mecanismo de transferência de fundos para aliviar a crise financeira da ANP (Autoridade Nacional Palestina), a empresa israelense que abastece com combustível os territórios de Gaza e da Cisjordânia decidiu nesta quarta-feira suspender o envio do produto em razão da crescente dívida palestina, informaram autoridades israelenses e palestinas.

Os postos de gasolina palestinos começaram a fechar e os motoristas formavam filas em bombas de combustível após a medida da companhia israelense Dor Energy --aumentando a possibilidade de uma crise humanitária nos territórios.

Mohammed Ballas/AP
Garoto palestino anda de bicicleta em posto de gasolina fechado em Jenin, na Cisjordânia
O fim das reservas de gasolina pode afetar hospitais, impedir a entrega de alimentos e impossibilitar o transporte de palestinos até seus postos de trabalho --um cenário grave para uma economia já abalada por sanções de Israel e da comunidade internacional.

A Dor Energy --única empresa a suprir os territórios palestinos com combustíveis desde meados da década de 1990-- justificou a decisão em razão das pendências financeiras do governo palestino para com a empresa.

Mujahid Salame, chefe da autoridade palestina responsável pelo setor de petróleo, previu que as reservas de combustível devem acabar em muitas áreas até a quinta-feira (11). "Se isso acontecer, haverá uma crise humanitária", declarou.

Prazo final

Nesta quarta-feira, pela primeira vez um representante do governo israelense deu um prazo para que o governo palestino liderado pelo movimento islâmico radical Hamas prove que está disposto a alcançar um acordo de paz.

O ministro da Justiça de Israel, Haim Ramon, afirmou hoje que o seu governo irá aguardar até o final deste ano para que os palestinos mostrem se estão dispostos a renunciar à violência e a reconhecer o Estado hebreu.

"Se ficar claro até o final deste ano que nós realmente não temos um parceiro [para negociar], e se a comunidade internacional estiver também convencida disso, então pegaremos o nosso destino em nossas mãos e não deixaremos nosso destino nas mãos de nossos inimigos", afirmou Ramon para a rádio do Exército.

O presidente da ANP, Mahmoud Abbas, do partido Fatah, tentou persuadir Israel a passar por cima do Hamas e desenvolver conversações com ele, mas o premiê israelense, Ehud Olmert, explicou que não negociaria com Abbas se o Hamas não renunciasse à violência e reconhecesse Israel.

Ramon informou que o governo israelense irá fazer "tentativas honestas" de negociação até o final deste ano. O Hamas acusa Israel de apenas "fingir" que busca negociações.

Olmert, uma das principais figuras por trás da retirada israelense da faixa de Gaza no ano passado, afirmou anteriormente que pretende acabar com os assentamentos judaicos em áreas densamente ocupadas por palestinos na Cisjordânia e, ao mesmo tempo, fortalecer as principais colônias neste território e obter o controle do vale do rio Jordão.

Mais tarde, Olmert confirmou o desejo de iniciar a aplicação do plano de retirada unilateral da Cisjordânia em um prazo de seis meses, segundo o jornal "Yediot Aharonot".

"Aguardaremos um mês, dois, três, meio ano, e, se não constatarmos nenhuma mudança [nos palestinos], agiremos unilateralmente, sem acordo", afirmou na terça-feira à noite Olmert, durante uma reunião internacional de prefeitos organizada pelo município de Jerusalém.

"Se os palestinos não aceitarem as condições fixadas pela comunidade internacional, Israel deverá estabelecer por si só as fronteiras permanentes", acrescentou o premiê.

Impostos retidos

O governo de Israel também manifestou nesta quarta-feira a intenção de repassar para a ANP os recursos referentes à arrecadação de impostos a fim de aliviar as necessidades humanitárias mais urgentes do povo palestino.

A ministra de Relações Exteriores Tzipi Livni declarou hoje, em entrevista à emissora de TV Canal 10, que o seu governo fez a oferta para os mediadores do plano de paz internacional para evitar o agravamento da crise financeira na faixa de Gaza e na Cisjordânia.

O governo de Olmert, que adotou a suspensão no repasse de recursos para a ANP após a posse do Hamas, tem retido US$ 55 milhões mensalmente dos impostos arrecadados em territórios palestinos.

"Israel não irá utilizar este dinheiro para salários, mas certamente pretende dar um uso adicional a ele --além daquele que é feito até agora--, para fins humanitários", explicou Livni.

Até agora, disse a ministra, parte dos recursos retidos tem sido repassada para o pagamento de empresas israelenses que abastecem os palestinos com energia e água, ou de hospitais israelenses que prestam atendimento a palestinos.

Acordo

Líderes do Hamas e do Fatah selaram nesta quarta-feira um acordo de cessar-fogo para acabar com os confrontos entre seus seguidores, que já mataram três pessoas e feriram outras 25.

O primeiro-ministro palestino, Ismail Haniyeh --líder do Hamas-- recebeu com reservas a decisão do Quarteto de Madri --Estados Unidos, União Européia (UE), da Rússia e da ONU-- de transferir fundos para pagar os salários dos 165 mil funcionários públicos na Cisjordânia e em Gaza.

Haniyeh e Samir al Masharawi, dirigente do Fatah, anunciaram o acordo de cessar-fogo hoje em uma entrevista coletiva conjunta em Gaza. "Concordamos em formar uma comissão conjunta de coordenação que continuará mantendo encontros nos próximos dias para assegurar o respeito ao acordo", declarou Al Masharawi.

"Não discutimos com nossos irmãos apenas os atuais enfrentamentos entre o Fatah e o Hamas. Também falamos do assuntos da crise financeira e de outras dificuldades que os palestinos enfrentam", acrescentou Haniyeh.

Anteriormente, o premiê tinha chamado ao seu escritório em Gaza líderes dos dois grupos para negociar o fim da onda de violência, que teve início há três dias no sul da faixa de Gaza e na Cidade de Gaza.

Ajuda

Nesta terça-feira, o Quarteto decidiu criar um mecanismo provisório para transferir fundos para o presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, que poderá assim pagar os salários dos 165 mil funcionários.

Por falta de fundos, o governo do Hamas, não reconhecido pelos membros do Quarteto, não pagou os salários correspondentes a março e abril.

Segundo Haniyeh, o Quarteto, impõe condições ao seu governo "para impor concessões que afetarão ao povo palestino e darão legitimidade à ocupação israelense".

Israel

Os Estados Unidos e a União Européia (UE) cortaram o envio de ajuda financeira para os programas palestinos como forma de atingir o Hamas, partido político e grupo terrorista que já conduziu inúmeros ataques em Israel.

A ministra de Relações Exteriores de Israel, Tzipi Livni, aprovou o envio de ajuda do Quarteto, que será enviada ao presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP) e não a Haniyeh, líder do Hamas.

Em declarações à rádio das Forças Armadas, Livni disse que "a decisão de levar ajuda humanitária à ANP, isolando o governo do Hamas, é definitivamente aceitável".

Ao contrário de Livni, a oposição de direita criticou a decisão do Quarteto, que, na sua opinião, vai "enfraquecer as pressões econômicas" sobre o governo do Hamas.

Com agências internacionais

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