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28/05/2006 - 10h42

Contra a corrente, Uribe deve vencer hoje na Colômbia

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CAROLINA VILA-NOVA
da Folha de S.Paulo, em Bogotá

Alavancado pela melhora das condições de segurança e pelo bom desempenho econômico, o presidente da Colômbia, Álvaro Uribe, deve ser reeleito hoje com ampla maioria, consolidando uma marca que distancia o país das tendências eleitorais da sua região: a de um governo direitista alinhado à política de Washington.

Entre o final de 2005 e o início deste ano, a América do Sul viu a eleição da socialista Michelle Bachelet, no Chile, e do cocaleiro Evo Morales, na Bolívia. Eles se juntaram a Lula, Néstor Kirchner (Argentina), Tabaré Vázquez (Uruguai) e Hugo Chávez (Venezuela).

Segundo analistas ouvidos pela Folha, a opção colombiana por Uribe é explicada pela condição excepcional do país.

"A Colômbia é o único país da América Latina que tem graves problemas de segurança, com a presença simultânea de grupo guerrilheiros, paramilitares e de narcotráfico, o que significa mais ou menos 35 mil homens em armas, em situação de conflito armado ou de guerra civil interna", afirmou o analista militar Alfredo Rangel.

Combater esse problema depende do financiamento milionário dos EUA. "Não há almoço grátis. Necessitando de maneira imprescindível dessa ajuda dos EUA, a Colômbia tem de oferecer seu apoio na política internacional."

Ideologia

"A Colômbia vai na direção oposta à da região, e a principal explicação disso é sua dependência dos recursos americanos para combater o narcotráfico, além da evidente identidade ideológica entre [o americano George W.] Bush e Uribe em temas críticos como a luta contra o terrorismo e as drogas", disse Elizabeth Ungar, professora de Ciência Política da Universidad de los Andes.

"A Colômbia é a jóia da coroa que resta aos EUA. Ainda que seja apenas um país, é um fator de equilíbrio determinante na região. Enquanto Uribe estiver no poder, é uma aliança incondicional que vai tentar conservar custe o que custar", diz ela.

O próprio presidente Uribe contesta, porém, a aplicação do termo "esquerdista" e contesta que haja diferenças entre seu governo e os demais da região. "Como você sustenta que o governo de seu país [Brasil] seja de esquerda e que eu represento a direita?", disse, em resposta a uma pergunta da Folha, em entrevista coletiva ontem.

"Eu não vejo nenhuma diferença. A diferença entre esquerda e direita era válida na época da ditadura. Hoje, quando todos os países giram em torno das regras democráticas, essa divisão é obsoleta", disse.

E como se explica a popularidade de Uribe, de cerca de 70%, após quatro anos de governo? Os analistas concordam que o carro-chefe é a segurança.

Há um ano, a reportagem da Folha teve de transitar por Tumaco e La Hormiga (noroeste) em veículo blindado e escoltado. Hoje, dizem as autoridades, a realidade é distinta. Para Ungar, há ainda outro fator. "Uribe tem um estilo de que muitos gostam, paternalista".

A última pesquisa Gallup dá a vitória no primeiro turno a Uribe, da coligação Primeiro Colômbia, com 61,2%. Em segundo, o advogado de esquerda Carlos Gaviria (Pólo Democrático Alternativo) tem 20,4%, seguido por Horacio Serpa (Partido Liberal), com 13,7%.

A certeza do resultado deixa uma impressão de apatia. Nas ruas de Bogotá, há quase nada que lembre eleições. Mesmo os jornais tem relegado a disputa às páginas internas. O destaque anteontem do principal diário ("El Tiempo") foi um show do cantor Juanes em Los Angeles.

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