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31/05/2006 - 08h23

Tropas internacionais controlam capital do Timor Leste

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JOSÉ MARÍA HERNÁNDEZ
da Efe, em Dili

A situação está menos tensa nesta segunda-feira em Dili, capital do Timor Leste, pela primera vez desde a explosão da violência, há dez dias, mas as forças internacionais continuam patrulhando a cidade e protegendo seus pontos vitais, inclusive o Palácio Presidencial.

Donald Reilly, da organização Catholic Relief Services (CRS), com sede nos Estados Unidos, disse que não soube de nenhum incidente violento. Os militares rebeldes e as quadrilhas de saqueadores, porém, voltaram a agir na noite passada.

A atividade mas visível hoje em Dili é a das tropas internacionais, especialmente dos australianos. Eles formam o maior contingente e estão encarregados de proteger o aeroporto, as embaixadas e a sede do governo.

Reuters
Soldado vigia a capital Dili; tropas de paz devem ficar mais seis meses no país
Os australianos se encarregam também de proteger a entrega diária de comida aos milhares de refugiados que permanecem em abrigos e não se atrevem a voltar para casas. Eles temem a alta da violência, apesar de os comandantes australianos pedirem que voltem.

"Há cerca de 45 mil refugiados nos principais acampamentos da cidade: o aeroporto, o porto e a missão católica de Dom Bosco, dos padres salesianos, onde estão cerca de 13 mil", disse à Efe Augusto Suarez, um timorense que trabalha para a organização World Vision.

O resto dos desabrigados se divide entre as diferentes igrejas católicas de Dili.

"É difícil saber quando vão voltar para suas casas. Pode ser em um mês ou dois. Depende de o Governo encarar de uma vez o problema", disse Suarez, fazendo eco aos alertas de uma crise humanitária no país.

"Não existe atividade comercial e de serviços em Dili, que é o coração do país. A crise ameaça se estender às províncias", acrescentou.

Rebelião

Sem negar que a situação de escassez no Timor Leste não é nova, Suarez responsabiliza a revolta dos cerca de 600 militares. No fim de abril, eles se rebelaram contra as autoridades após serem expulsos do Exército.

Depois de destituídos, os militares promoveram uma manifestação da qual participaram cerca de mil pessoas e que foi duramente reprimida pelo Exército, com cinco mortes.

Os ex-militares rebeldes se entrincheiraram cerca de 60 quilômetros ao sul de Dili, perto das aldeias de Aileu e Ermera. Eles estão sob a liderança do comandante Alfredo Reinado, fundador do grupo que exige que o fim das discriminações nas nomeações no Exército.

"Eles começaram a greve porque viram que havia dois pesos e duas medidas na cadeia de comando quanto às promoções. Agora, tudo depende do Governo, que tem que demonstrar sua vontade de dialogar", opinou Suarez.

No entanto, o voluntário lembrou que a rebelião dos militares é só a ponta de um iceberg que até agora vinha escondendo o ressentimento de uma população, especialmente a mais jovem, cansada de promessas e de corrupção.

"Falta uma atitude reformista que propicie uma alternativa política, para conseguirmos a estabilidade e um novo ponto de partida como país independente", analisou Suarez, cujos pais e irmãos estão refugiados em sua aldeia natal de Bidao, a três quilômetros de Dili, de onde fugiram quando o caos se instalou.

Controle

Esse é o desafio do presidente Xanana Gusmão. Ontem, ele venceu a queda-de-braço com o primeiro-ministro, Mari Alkitiri. Tomou o comando das Forças Armadas e a polícia, as duas corporações em conflito, que são um símbolo da rivalidade étnica que divide o país e que está se expressando de forma violenta.

A maioria dos policiais foi recrutada durante a ocupação indonésia na região oeste do país. Por isso, a população do leste, a área de onde saem as fileiras do Exército, vê os policiais como antigos colaboradores de Jacarta.

As velhas feridas do período de ocupação indonésia e a pobreza extrema do país são parte do conteúdo da "caixa de Pandora" que os militares rebeldes, talvez de forma involuntária, acabaram abrindo.

Especial
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