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26/06/2006 - 07h41

Renúncia de premiê pode dar fim à crise no Timor Leste

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da Efe, em Sydney

A crise política no Timor Leste pode estar perto do fim com a renúncia, nesta segunda-feira, do primeiro-ministro Mari Alkatiri, considerado o principal responsável pela onda de violência em Dili.

Em entrevista coletiva, Alkatiri reconheceu sua parte de responsabilidade pela situação vivida pelo país e ofereceu seu cargo para evitar a renúncia do presidente, Xanana Gusmão.

"Renunciarei a meu cargo como primeiro-ministro e como membro do governo da República Democrática do Timor Leste (RDTL) para evitar a renúncia de sua excelência, o presidente da RDTL", afirmou Alkatiri.

No comunicado que leu na entrevista coletiva, e que foi distribuído à imprensa, Alkatiri afirmou que estava dando o passo pelo bem da nação, e ofereceu-se para dialogar com Gusmão visando a contribuir para a formação de um governo interino caso seja necessário.

Alkatiri acrescentou que retomará sua função de deputado no Parlamento, onde o Fretilin, partido que preside, tem maioria.

A decisão de Alkatiri foi bem recebida por Marl Vaile, primeiro-ministro interino da Austrália, país que tem mais de mil soldados no Timor Leste para garantir a estabilidade.

Vaile felicitou Gusmão pelo desenlace dos eventos e expressou o desejo de Canberra de que a renúncia marque o final do período de turbulência política que sacode o Timor desde o fim de abril.

Disputa

A renúncia dá a vitória a Gusmão na queda-de-braço que o chefe de Estado travava com Alkatiri desde a semana passada, quando ameaçou abandonar a Presidência se o primeiro-ministro não deixasse o cargo.

Gusmão lançou o desafio depois de a TV australiana divulgar que Alkatiri organizara uma milícia armada para eliminar seus inimigos políticos.

Alkatiri e o ex-ministro do Interior Rogério Lobato foram acusados pelo ex-guerrilheiro Vicente Railos da Conceição de fornecer armas a seu grupo para assassinar seus oponentes políticos.

Lobato encontra-se em prisão domiciliar desde a semana passada, após a investigação realizada pela Promotoria, enquanto Alkatiri não foi acusado devido à falta de provas, segundo disse o promotor-geral do Estado, Longuinhos Monteiro.

O último capítulo da crise aconteceu no domingo, quando os ministros de Assuntos Exteriores e Defesa, José Ramos Horta, e das Telecomunicações, Ovídio Amaral, renunciaram até que o Fretilin escolhesse um novo líder.

Violência

No entanto, Alkatiri recebeu no domingo o apoio do Fretilin apesar de o primeiro-ministro ser o político mais impopular desde que o Timor se tornou independente, em 2002.

Grande parte da opinião pública timorense considera Alkatiri culpado pela onda de violência ocorrida no país após a exoneração de 600 militares --um terço de todos os efetivos--, em março, por se manifestar para exigir o fim da discriminação étnica.

Cerca de trinta pessoas morreram em confrontos ocorridos nas ruas de Dili após a demissão dos militares, com o surgimento de grupos de civis armados que travaram sangrentos enfrentamentos.

A violência deixou cerca de 100 mil pessoas deslocadas, a maioria das quais ainda se encontra em campos de refugiados e em locais considerados seguros, como igrejas e seminários católicos.

A crise timorense levou à intervenção de forças da Austrália, Malásia, Portugal e Nova Zelândia para deter os confrontos armados.

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