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20/08/2006 - 09h58

Sem ter para onde se expandir, Manhattan cresce "para dentro"

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VINÍCIUS QUEIROZ GALVÃO
da Folha de S.Paulo, de Nova York

Com 21 km de extensão por 4 km de largura, a ilha de Manhattan, centro de Nova York, é menor que vários bairros de São Paulo, como o Butantã. Sem espaço, o miolo mais rico da cidade mais rica do país mais rico do mundo tem de crescer para cima e para dentro.

Para cima não dá mais: a silhueta já está totalmente tomada por arranha-céus. Resta crescer para dentro, na revitalização de bairros em que antes não havia investimentos públicos nem privados. Com aluguéis médios de US$ 3.000 (R$ 6.400) para apartamentos de um quarto e a oferta sensivelmente menor que a demanda, é preciso buscar novas áreas.

É o caso do Harlem, o primeiro bairro negro dos EUA. Hoje, não mais. Imigrantes hispânicos e africanos, estudantes e gays de baixa renda (os gays de classe média ficam no Chelsea) tomaram a região, novo filão de corretores e imobiliárias.

As cercanias da rua 125 passaram por uma série de revitalizações, batizadas de "Harlem Renaissance". Para se traçar uma idéia da precariedade da região (nada comparado às favelas brasileiras, mas uma realidade contrastante dos ricos vizinhos Upper East e Upper West Sides), em abril deste ano, a "Harlem Lanes" foi a primeira casa de boliche a ser aberta no bairro. Outro empreendimento foi a reabertura do teatro Apolo, fechado na década de 70, em plena crise de criminalidade da cidade.

Um dos principais pontos do projeto de revitalização da Nova York hoje é o povoamento de Downtown e do Financial District. "Não como Wall Street, mas como o West Village [bairro freqüentado por artistas e jovens]", diz Amanda Burden, secretária de planejamento da prefeitura.

"Lower Manhattan é a região que mais cresce na cidade neste momento. São 23 mil moradores que passarão para 46 mil em dois anos, o dobro. Em 2030 serão 80 mil. Nem toda cidade de médio porte dos EUA tem tanta gente", conta Andrew Alper, da Economic Development Corporation.

Só a Lower Manhattan Development Corporation, agência criada dias após o 11 de Setembro pelo governador George Pataki e pelo então prefeito Rudolph Giuliani para coordenar a reconstrução do centro, cedeu US$ 38 milhões para recapeamento de calçadas e arborização da região.

Outro bairro antes abandonado e "redescoberto" há alguns anos por corretores é Alphabet City, zona do East Village que tem esse nome por conta das avenidas A, B, C e D, entre as ruas 14 e Houston.

O que já abrigou imigrantes do leste europeu, foi berço do punk na década de 80 e era paraíso de traficantes e consumidores de drogas virou área "in" da cidade, repleta de bares, casas noturnas e grifes de moda.
Hell's Kitchen, ou "Cozinha do Inferno", região por trás da rodoviária, seguiu o mesmo exemplo.

O erro de Tribeca
A especulação imobiliária de Manhattan também traz erros. Um deles foi Tribeca. O nome do bairro deriva de "Triangle Bellow Canal Street" ("triângulo abaixo da rua Canal", numa tradução literal).

Lá moram o ator Robert De Niro, as modelos brasileiras Raica Oliveira e Gisele Bündchen e as atrizes Sônia Braga e Nicole Kidman, entre outras estrelas e candidatas a estrela.

A moda levou os bilionários que tinham vista para o Central Park para o Battery Park. Foi questão de tempo. Sem infra-estrutura (em 20 quadras há apenas dois caixas eletrônicos e duas farmácias), os endinheirados fizeram o caminho de volta.

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