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29/08/2006 - 12h01

Bush participa de homenagem a vítimas do Katrina

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da Folha Online

O presidente dos Estados Unidos, George W.Bush, iniciou nesta terça-feira o dia de homenagem às vítimas do Katrina reunindo-se com o prefeito de Nova Orleans, Ray Nagin, em um bairro onde ainda há marcas de destruição, um ano após a passagem do furacão.

Conforme o presidente andava pela rua, a garçonete Joyce Labruzzo perguntou: "Presidente, o senhor vai virar as costas para mim?"

"Não senhora, de novo não", respondeu Bush, causando risos.

O diálogo poderia ser uma metáfora da resposta do governo Bush aos danos causados pelo furacão no ano passado. A imagem de Bush foi afetada após o Katrina e permanece associada à falta de ação diante dos estragos causados pelo furacão em 2005, arrastando seu índice de aprovação para baixo.

Mais tarde, Bush participou de uma missa em lembrança do desastre, na catedral St. Louis.

No dia em que se completa um ano da chegada do furacão Katrina aos Estados Unidos, Bush realiza a sua 13ª visita à região do golfo do México, onde o fenômeno deixou um rastro de destruição e mais de 1.800 mortos.

Sul

Bush iniciou nesta segunda-feira a visita, que inclui às zonas mais devastadas, como Gulfport e Biloxi, no Estado do Mississippi, e Nova Orleans, na Louisiana.

Apesar do ceticismo da população local, o presidente tentou manifestar seu otimismo e lembrou os esforços de seu governo para ajudar as vítimas.

28.ago.2006/Reuters
Homem toca trompete às vítimas do Katrina, um ano após o furacão devastar New Orleans
Durante os dois dias de visita à costa do golfo, o presidente e a primeira-dama, Laura Bush, irão verificar os trabalhos de reconstrução e reparo dos diques da cidade que não resistiram ao furacão no ano passado, deixando Nova Orleans debaixo d'água.

O itinerário da comitiva presidencial é similar aos roteiros das 12 viagens anteriores de Bush à área desde o Katrina. A Casa Branca somente tem divulgado os destinos exatos do presidente minutos antes de sua chegada, alegando, em parte, questões de segurança. A medida, no entanto, também evita que Bush tenha um contato mais direto e espontâneo com moradores insatisfeitos.

Na época da catástrofe, Bush foi muito criticado por não ter interrompido o descanso que desfrutava em seu rancho no Texas e por ter demorado quatro dias para visitar a cidade.

Em 15 de setembro de 2005, durante um ato na praça Jackson, em Nova Orleans, Bush comprometeu-se a "fazer tudo o que tiver que ser feito, e permanecer o tempo que for necessário para ajudar os cidadãos a reconstruir suas comunidades e suas vidas".

Divisão

Um ano depois, a recuperação está longe de ser declarada. Nova Orleans dividiu-se em duas cidades. Nas partes altas, que escaparam da inundação, é difícil encontrar marcas do Katrina. Mas fora das principais áreas turísticas, escombros ainda são vistos nas ruas.

No Lower Ninth Ward, um dos bairros mais afetados, o mato cresce em torno dos restos de casas que foram varridas pela força da água no momento em que os diques foram destruídos.

Mais da metade da população de Nova Orleans continua espalhada pelo país, enquanto bairros inteiros continuam às escuras e abandonados.

A inundação atingiu 80% da cidade quando o Katrina tocou na costa, na manhã de 29 de agosto de 2005. Bush foi acusado de indiferença diante da sorte dos negros e pobres da região. A falta de prevenção, que ficou clara, e as incertezas geradas pela ocupação do Iraque contribuíram para que ele se tornasse um dos presidentes americanos mais impopulares dos últimos tempos.

Há um ano, mais de 450 mil moradores da cidade foram obrigados a deixar o local e quase um milhão de pessoas da região tiveram que se deslocar para fugir das inundações.

Atualmente, apenas metade da população original está de volta à histórica cidade, seis dos nove hospitais de Nova Orleans continuam fechados e apenas 54 das 128 escolas públicas estão em funcionamento.

Recursos

Nesta segunda-feira, durante discurso em Biloxi (Mississippi), Bush ressaltou a disponibilização de uma ajuda de US$ 110 bilhões, aprovada pelo Congresso para que o Executivo auxilie na reconstrução dos Estados atingidos.

A retórica do presidente, no entanto, passou longe da autocrítica que Bush fez neste domingo (27), quando reconheceu a deficiente preparação das autoridades dos EUA diante de uma catástrofe de tal dimensão.

O governo já concedeu US$ 77 bilhões desta quantia às autoridades estaduais, embora quase a metade deste valor --US$ 33 bilhões-- ainda não tenha sido gasta.

Bush afirmou que os EUA estão se empenhando no "maior esforço de reconstrução de sua história", após as conseqüências "inimagináveis" do Katrina, que deixou 1.833 mortos na região do litoral do golfo do México.

"Entendemos que o povo esteja ansioso para recuperar seus lares, mas adotamos o compromisso de regular esta situação", acrescentou.

A lenta reação do governo após a passagem do Katrina foi uma das principais críticas que Bush teve de enfrentar no ano passado e uma das causas da vertiginosa queda de sua popularidade.

Uma recente pesquisa publicada pelo jornal "USA Today", em parceria com o instituto Gallup, revelou que apenas 37% dos cidadãos dos EUA aprovam a gestão de Bush em relação aos danos produzidos pelo Katrina, contra 43% dos entrevistados que o apoiavam imediatamente após a passagem do furacão.

O atual otimismo de Bush contrasta com os ânimos abatidos dos cidadãos dos Estados afetados, que não escondem sua impaciência pela lenta recuperação.

Bush insistiu na necessidade de limpar os escombros em primeiro lugar, algo que, segundo ele, já foi feito em 89% da cidade de Biloxi.

O presidente também destacou a vital importância das pequenas empresas e comércios da área para que o Mississippi volte a renascer "melhor e mais forte que nunca".

No entanto, um relatório divulgado pela ONG CorpWatch assegura que os contratos mais importantes de reconstrução caíram nas mãos de grandes corporações localizadas fora dos três Estados mais danificados pelo Katrina: Louisiana, Mississippi e Alabama.

"Os grandes beneficiados são as mesmas companhias encarregadas da reconstrução no Iraque e no Afeganistão, ou seja, as mais influentes nos círculos de poder", disse Pratap Chatterjee, diretor desta ONG.

Segundo o estudo, embora empresas locais tenham assinado 60% dos contratos, elas representam apenas 13% do valor total do dinheiro investido.

Homenagem

Entre os eventos que lembram um ano da tragédia em Nova Orleans está um concerto com grandes nomes da música americana, como o cantor e compositor Stevie Wonder, o trompetista Wynton Marsalis e o bluesman Dr. John.

O espetáculo, intitulado "New Orleans: Rebuilding the Soul of America... One Year Later" (Nova Orleans: Reconstruindo a Alma da América... Um Ano Depois, em tradução livre) foi encabeçado por Marsalis, em benefício de uma organização que ele criou depois do Katrina visando a reconstrução da infra-estrutura cultural da cidade.

Com agências internacionais

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