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11/09/2006 - 15h57

Abbas anuncia acordo sobre governo palestino de união nacional

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da Folha Online

O presidente da ANP (Autoridade Nacional Palestina), Mahmoud Abbas, alcançou um acordo com o primeiro-ministro Ismail Haniyeh nesta segunda-feira para formar um governo de unidade que tem por objetivo pôr um fim ao isolamento internacional e restabelecer a ajuda externa.

Abbas, que é do movimento nacionalista Fatah, deve dissolver o governo dentro de 48 horas e encarregar Haniyeh, do grupo terrorista e partido político democraticamente eleito Hamas, de formar um gabinete de união nacional que incluirá os dois grupos políticos.

"Nós finalizamos os elementos da agenda política do governo de união nacional (...) Estamos confiantes que, nos próximos dias, iniciaremos a formação do governo de unidade nacional", declarou o presidente palestino ao lado de Haniyeh, na televisão palestina.

Ao anunciar ao povo palestino a "grata notícia", Abbas pediu o apoio ao esforço para alcançar um consenso, após uma reunião com Haniyeh em Gaza --a segunda em um período de 24 horas.

Sami Abu Zuhri, que é porta-voz e deputado do Hamas, indicou que o novo governo também deverá ser liderado por Haniyeh.

O premiê palestino confirmou ter alcançado um compromisso com Abbas após várias semanas de negociações. "Este acordo foi concluído porque havia uma vontade real e honesta de se atender ao interesse superior do povo palestino, para reforçar a unidade nacional e proteger os direitos" palestinos, disse.

Apesar do acordo, o Hamas reafirmou que não irá reconhecer Israel e que tem o direito de continuar com a resistência armada contra o Estado israelense, causando dúvidas sobre se a iniciativa política palestina seria suficiente para suspender o embargo imposto pelas potências ocidentais.

"As linhas gerais de qualquer agenda política nesta próxima etapa não irão prejudicar a legitimidade da resistência contra a ocupação israelense", disse Haniyeh.

O Ministério de Relações Exteriores de Israel respondeu de maneira cética ao acordo e os Estados Unidos afirmaram que estão buscando mais detalhes sobre o anúncio.

Abbas pediu aos servidores do governo palestino que ponham fim à greve realizada há nove dias para exigir o pagamento de salários atrasados.

De acordo com Nabil Abu Rudeina, porta-voz da presidência da ANP, Abbas "publicará um decreto presidencial dentro de 48 horas para dissolver o atual governo e nomear um novo primeiro-ministro".

Fontes do Hamas, citadas sob a condição de anonimato, explicaram que o programa será baseado no "Documento dos Prisioneiros" e na proposta da Liga Árabe feita em 2002, que prevêem o reconhecimento de Israel.

O Hamas não reconhece o Estado israelense, uma das três condições impostas pela maior parte da comunidade internacional a Haniyeh para aceitar seu governo e manter a ajuda financeira direta, que superava US$ 1 bilhão por ano.

As outras duas condições são desarmar o braços armado do Hamas, as Brigadas de Izzedin al Qassam, e respeitar os acordos firmados entre a ANP e Israel desde o encontro de Oslo, em 1993.

O "Documento dos Prisioneiros" foi motivo de conflito entre Abbas e Haniyeh, até que o presidente decidiu convocar um plebiscito, no final de julho, para que o povo --majoritariamente favorável ao plano, segundo pesquisas--, decidisse sobre o assunto.

O plebiscito foi suspenso por causa da operação de Israel contra Gaza, em conseqüência do seqüestro de um soldado israelense por um comando palestino em 25 de junho. Antes, Abbas e Haniyeh tinham iniciado uma negociação para tentar chegar a um acordo sobre o documento, mas as discussões também foram suspensas devido à ofensiva.

Em função da crise provocada por esta operação, somada as dificuldades enfrentadas pelos territórios palestinos devido à suspensão da ajuda externa --especialmente a do principal doador, a União Européia--, Abbas e Haniyeh começaram a negociar para formar um governo de união nacional.

O processo teve momentos de estagnação, quando Abbas chegou a ameaçar dissolver o governo do Hamas.

O anúncio do acordo ocorre no dia seguinte a uma visita do primeiro-ministro do Reino Unido, Tony Blair, aos territórios palestinos. O líder britânico se pronunciou a favor de a comunidade internacional restabelecer os contatos com um futuro governo palestino de união nacional.

Por ocasião dessa visita, Abbas e o primeiro-ministro israelense, Ehud Olmert, declararam sua disposição em se reunir sem colocar condições prévias.

Após abandonar o plano de retirada unilateral da Cisjordânia, neste domingo, Olmert expressou seu desejo de se reunir com Abbas para estudar a possibilidade de negociar com os palestinos, e não se sabe de que forma as novas intenções de Israel poderiam afetar a aliança política entre o Fatah e o Hamas.

Com agências internacionais

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