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28/01/2003 - 02h53

Etnia garante bolsa

KIYOMORI MORI
free-lance para a Folha de S.Paulo

população indígena apresenta os piores índices de alfabetização e escolaridade do Brasil. Segundo o IBGE (Censo de 2000), a média de anos que um índio passa nos bancos escolares é de 4,1, enquanto a média para a população branca é de 6,6 anos. A taxa de analfabetismo entre os índios é de 26%, contra 8% entre os brancos.

Kiyomori Mori/Folha Imagem
Poty escolheu pedagogia para melhorar a qualidade do ensino em sua aldeia

Para ajudar a melhorar esse quadro, a PUC de São Paulo criou o Projeto Pindorama, que dá bolsas de estudos e acompanhamento psicológico e pedagógico aos alunos indígenas aprovados no vestibular da universidade. O programa, que começou no ano passado, espera receber 34 calouros em 2003.

Atualmente, 25 índios das etnias guarani, pankararu e xavante frequentam curso superior sem desembolsar um tostão. Para decolar, o projeto contou com ajuda da Funai, que entra com bolsas de R$ 150 por mês aos alunos; do cursinho da Poli, que deu bolsas de estudos pré-vestibular; e da Pastoral Indígena, que doou materiais e livros escolares.

Um dos bolsistas é o pankararu Henrique Ubiratan de Oliveira, 29, estudante de engenharia elétrica. "Quero trabalhar para tentar minimizar os danos das usinas hidrelétricas nas áreas indígenas. O retorno do conhecimento adquirido na universidade à comunidade é primordial", afirma.

A professora Poty Poran Turiba Carlos, 25, dá aulas bilíngues na escola indígena da aldeia guarani do Jaraguá (zona norte de São Paulo). Filha de índios guarani e crenaque, Poty decidiu estudar pedagogia na PUC-SP para levar educação de qualidade às crianças de sua aldeia. Dessa forma, acredita, ajudará na defesa dos direitos indígenas. "Meu objetivo é escrever um livro didático bilíngue adaptado ao dialeto da minha aldeia", conta.

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