Folha Online sinapse  
25/11/2003 - 03h22

Dez livros, sombra e água fresca (apresentação)

OSCAR PILAGALLO
especial para a Folha de S.Paulo

A mala da viagem pode ser preparada na véspera da partida. Já a valise de livros para levar nas férias não deve ser deixada para a última hora. Nem a intempérie é pior do que descobrir, uma vez instalado no destino, que não eram exatamente aqueles os livros que você queria ler. Ócio dá trabalho: sem programação degenera em tédio.

A maioria das pessoas que não lêem habitualmente alega falta de tempo. As férias, portanto, costumam ser a oportunidade de buscar o tempo perdido. A três semanas do início oficial do verão, está na hora de começar a preparar o espírito, sem o que a empresa intelectual se frustra no aborrecimento.

A seleção de títulos a seguir foi imaginada como o ponto de partida de uma lista pessoal de cada leitor. Embora escolhas dessa natureza sejam sempre idiossincráticas, alguns critérios foram observados. Para começar, o universo ficou restrito a livros de não-ficção publicados neste ano. Não por acaso: livros de não-ficção ampliam o repertório de conhecimentos e estimulam novas sinapses.

É preciso que se diga que não há juízo de valor na lista. Não, pelo menos, no sentido de que os dez livros que a integram não são necessariamente melhores do que a grande maioria que ficou de fora. Se foram escolhidos é porque são, cada um à sua maneira, adequados para ser lidos numa atmosfera de descanso. Passaram no teste do texto: o prazer da leitura.

É provável que trabalhos mais relevantes e especializados tenham sido excluídos. Mas certamente não pela relevância ou especialização. O fato é que falharam ao tentar pegar o leitor pelo colarinho, pré-condição para ser selecionado. Dito isso, fique o leitor à vontade para saltar os trechos em que o nível de detalhe superar seu interesse. Em obras de não-ficção, correr algumas páginas na diagonal é pecadilho perdoável. Se o livro é bem escrito, leitor e autor se reencontram mais adiante.

A qualidade da prosa talvez seja o único ponto em comum entre os livros da lista, já que houve a preocupação de pinçar volumes de áreas tão distantes quanto história, biologia, matemática e psicanálise. O livro sobre psicanálise, aliás, também é sobre uma lista de dez livros, os dez livros que Freud elegeu como "amigos". Não os clássicos, não os melhores, não os obrigatórios, mas os amigos, aqueles capazes de nos ensinar algo sem serem superiores, pernósticos, exibidos, enfim, sem serem chatos. Esse é o espírito aqui adotado.

Os textos que se seguem, cuja ordem ignora hierarquias, não são resenhas. Têm apenas a intenção de apresentar ao leitor o ambiente do livro. As informações ao pé de cada texto foram tiradas dos próprios livros. Não estão lá por serem as mais importantes, mas porque, entre tantas outras, chamaram a atenção e, no exemplar consultado, foram devidamente sublinhadas. Sim, porque livros são para ser riscados e anotados, mesmo se lidos na praia.

Oscar Pilagallo, 48, é jornalista e autor de "A Aventura do Dinheiro", "O Brasil em Sobressalto" e "A História do Brasil no Século 20" (todos da Publifolha). É também prevenido: nunca sai em férias sem uma maleta de livros.

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