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16/12/2003 - 03h16

Leia trecho de "Natal - Tradições, Histórias e Curiosidades"

da Folha de S.Paulo

Leia abaixo trechos de "Natal - Tradições, Histórias e Curiosidades da Festa Mais Esperada", de Ines Belsky Lagazzi (Paulinas, 166 págs, R$ 25,30). Os trechos contam como é o Natal em alguns países europeus.

NA SUÍÇA, diz-se às crianças que, na noite do Natal, os animais entendem tudo que as pessoas conversam entre si e ainda conseguem falar na língua de seus donos.

Em alguns lugares católicos, celebra-se, com grande solenidade, a viagem dos reis magos até a gruta de Belém. Os jovens vestem roupas suntuosas e desfilam pelas ruas iluminadas, como se fosse dia, carregando e elevando uma estrela enorme e cantando. Enquanto isso, as mulheres enfeitam os cômodos da casa, quadros, espelhos e mobília com azevinho e visco. As crianças ajudam-nas, cantando hinos festivos.

Em Zurique, um bonde todo dourado e iluminado, o Maerlitram (bonde das fadas), percorre as ruas iluminadas do centro. Conduzido por um simpático Papai Noel e auxiliado por uma fadinha loura, passa repicando sinos e levando crianças de até dez anos para passear gratuitamente.

NA FRANÇA, cantam-se antigos cantos populares, simples mas que tocam o coração. Os camponeses queimam, na lareira, um galho grande, e guardam, cuidadosamente, suas brasas para acender fogo no primeiro dia do ano, em sinal de bons auspícios.

Em Paris, todas as plantas são transformadas em árvores de Natal, enfeitadas com guirlandas, bolas coloridas e lâmpadas. Todos os parisienses, pobres e ricos, faça bom tempo ou não, saem às ruas para passear, na noite santa. Caminham ao longo dos boulevards. Ao se encontrarem cumprimentam-se, apertam-se as mãos e trocam congratulações e votos de boas festas.

A iluminação de Paris é famosa. A mais rica é a da Avenue des Champs Elisées até o Arco do Triunfo, cujas as árvores são transformadas em candelabros, tantas são as lâmpadas que enfeitam os galhos.

A missa do galo nas igrejas mais famosas, como Nôtre Dame, Madeleine, Saint Germain des Prés, é muito concorrida. É necessário reservar lugar com bastante antecedência, porque, durante a noite de Natal, também há apresentação de belos programas de música sacra.

NA ESPANHA, a Navidad é festejada com grande alegria: há danças nas praças ao som de violões, flautas e tambores, centenas de tiros de canhão, troca das tradicionais frases de boas festas: "É só acreditar, as rosas também florescem na véspera do Natal"; "o menino Jesus não sabe o nome de quem lhe pede uma graça". Depois, todos vão à igreja para cantar juntos as músicas sacras: a missa do galo é muito importante, assim como a ceia com peru e chester recheados, saboreados mais tarde. As crianças esperam impacientes o final da ceia para saborear muitos torrones, feitos de açúcar com amendoim e marzipã. Quanto aos presentes, só irão recebê-los na Epifania, na chegada de los Reyes, os reis magos, aos quais endereçam milhares de cartinhas.

NA INGLATERRA, onde se preparam inúmeros cartões de festas, a noite do Natal é quase sempre coberta de densa névoa, faz frio, chove. Contudo, em toda parte ouve-se cantar Lully lulla, little Child (Nina, nana, Menino).

Por todos os lugares ecoam alegres augúrios de Merry Christmas, Feliz Natal.

Grupos de crianças vão pelas ruas, com lanternas acesas dependuradas em um bastão, cantando e fazendo votos de feliz Natal. Jovens batem às portas das casas, levando mensagens de paz. Em troca, recebem pequenos presentes, moedas e doces.

Apesar dos cinco milhões de habitantes, Londres parece uma cidade deserta, na noite de 24 de dezembro e durante todo o dia 25. Todos se aconchegam nos lares, na intimidade da família. Grandes pinheiros enfeitam majestosamente os salões; festões feitos de papel brilhante pendem dos tetos. Todos os cômodos, mas particularmente a cozinha, são enfeitados com ramos de pinheiro e azevinho, entrelaçados com guirlandas e amarrados com fitas vermelhas.

Durante a grande ceia de Natal, serve-se uma torta, o plum pudding, feita de ovos, amêndoas, frutas cristalizadas e especiarias: Essa torta é ornada com flores em forma de coroa e com velinhas colocadas em pequenos castiçais de metal. O hóspede mais importante apaga a primeira velinha. A seguir, aos poucos, um a um os convidados vão apagando as outras. Por fim, o dono da casa corta a torta macia em meio ao coral de vivas alegres das crianças.

Às três da tarde, os ingleses têm um encontro muito especial com a ...rainha. É costume já tradicional ouvir a mensagem que ela dirige à nação, no dia do Natal, também transmitida pela tevê.

NA ALEMANHA, o Natal dura um mês. Começa na última semana de novembro, quando as mães começam a arrumar os presentes das crianças e prepararam os enfeites brilhantes da árvore natalina. Mas a ornamentação é cuidadosamente guardada em segredo até a hora em que se acenderão as velinhas e a porta for aberta. Aí explode o côro dos ah!... oh!...de assombro e encantamento.

Nas igrejas e nas casas prepara-se o adventskranz, coroa feita com raminhos de pinheiro entrelaçados com fitas vermelhas, douradas e prateadas. Nelas colocam-se quatro velas, simbolizando os quatro domingos do Advento. A cada domingo acende-se uma vela. As duas últimas são chamadas de "domingo de prata" e "domingo de ouro".

Na Alemanha, talvez mais que em outros países, leva-se a sério o dito "Natal com os teus familiares". Embora os germânicos gostem muito de viajar, o Natal é festejado em casa, com a família e ao redor da mesa convidativa, preparada com um belo pato recheado.
Os presentes que as crianças ganham, são trazidos por São Nicolau, no dia 6 de dezembro. E, sempre para os baixinhos (mas também para adultos...), há espetáculos teatrais: todos vão assistir A flauta mágica, de Mozart, e Hansel und Gretel, de Humperdinck.

NA ÁUSTRIA, alguns dias antes do Natal, as crianças escrevem uma cartinha ao menino Jesus e a colocam na janela. Se no lugar da carta encontrarem um raminho de pinheiro significa que a ela chegou ao destinatário.

Antes da ceia do Natal, preparada com pratos à base de peixe, o chefe da família lê a passagem do Evangelho que narra o nascimento de Jesus em Belém.

NA DINAMARCA, existe uma crença curiosa está ligada à noite do Natal: acredita-se que os móveis da casa conversam entre si, elogiando ou recriminando as ações dos seus donos...

É um jeito de ensinar às crianças a não se esquecerem de que devem comportar-se bem, mesmo no aconchego do lar, porque seus atos são observados até pelos objetos da casa.

NA SUÉCIA, o Natal é chamado simplesmente de Jul. O Advento marca o início das celebrações natalinas. Ruas e praças são enfeitadas com festões, guirlandas, lampiões e pinheiros. Nas casas, a cada domingo do Advento acendem-se velas, de forma que o candelabro especial, de quatro braços, fique totalmente aceso no domingo que antecede o Natal.

Antes da chegada do Natal, no dia 13 de dezembro, os suecos festejam Santa Luzia. Cada escritório, escola e comunidade elege sua própria Luzia. Vestida de branco, coroa luminosa, na cabeça, e uma faixa de seda vermelha na cintura, saúda as crianças dos orfanatos, hospitais e creches, e lhes distribui presentes.

Também as crianças maiores gostam de vestir roupas brancas e faixa vermelha na cintura. Pendurando uma grande estrela numa lanterna ou num bastão comprido, apresentam-se aos pais e parentes, os quais retribuem as congratulações, com doces e presentes.

Após a ceia da véspera do Natal, chega o Papai Noel, chamado, em sueco, Jultomte (duende do Natal), com seus presentes. Todos vão participar da missa do Natal, que é celebrada pela manhã, bem cedo.

NA NORUEGA, os pescadores costumam estender as redes nas praias na esperança que o menino Jesus venha enchê-las de peixes. Os que estão em alto mar, preparam, no centro do barco, um pinheiro enfeitado de luzes e guirlandas prateadas: é o símbolo da família que ficou lá longe, lembrada com saudade.

Por causa do frio rigoroso, as celebrações litúrgicas da noite do Natal são realizadas à tarde. Ao voltar da igreja, o chefe da família lê uma página da Bíblia. Em seguida, todos se põem à mesa. Terminada a ceia, as crianças recebem seus presentes entre gritos de alegria, e brincam de roda ao redor da árvore cintilante de luzes.

Nesses dias de festa, todos devem ter alimento em abundância. Os animais (menos o gato, considerado traidor) recebem ração dupla; nos pátios fincam-se paus em que se penduram pequenos feixes de aveia para que os passarinhos também tenham um bom Natal. Nos pórticos e nas janelas os noruegueses costumam colocar vasilhas com sopa para os andarilhos.

NA FINLÂNDIA, o Natal começa com o pôr do Sol do dia 24 de dezembro, quando o rádio e a televisão apresentam ao povo uma mensagem de paz. Rapidamente todos preparam suas árvores e presentes. Em seguida, dirigem-se ao cemitério para acender uma vela no túmulo dos mortos.

Na interminável noite hibernal, o Natal vem prenunciar aos finlandeses que a boa estação não está tão longe, pois logo o Sol voltará a brilhar. Enquanto isso, é maravilhoso poder festejar o nascimento de Cristo, luz do mundo. As crianças colocam fora da porta vasilhas com arroz e leite para as renas do Papai Noel, que vai passar para entregar os presentes.

Antigos provérbios finlandeses dizem: "O Natal é a melhor festa, e o pobre é o melhor convidado". "Felicidade é privilégio de poucos; o Natal, porém, é para todos".

Na Lapônia, extremo Norte da Finlândia, o inverno é rigoroso, gelado. No entanto, na noite do Natal a ceia é feita de portas abertas, para que os que passam possam entrar e também sentar-se à mesa, porque o hóspede é sempre bem-vindo.

Nessa região tão especial, cheia de colinas, lagos, tundras, bosques de pinheiros, ciprestes e bétulas, a lenda do Papai Noel revive todos os anos. Quase escondida entre os pinheiros, está a cabana de madeira de Santa Claus. É ele o Papai Noel que passa ali muitos meses do ano ocupado, respondendo milhares de cartas que as crianças do mundo inteiro lhe escrevem. Uma equipe de duendes e gnomos ajudam-no a separar a correspondência, à luz de lampiões.

Qual o endereço dele? Aí vai:
Sankta Claus - Post Office
Sankta Claus Land - Artic Circle
SF 96930 Rovaniemi - Finland


NA POLÔNIA, durante o Advento, as paróquias preparam grandes hóstias com figuras do menino Jesus, Nossa Senhora e da estrela guia. Antes da ceia do Natal, as hóstias são partidas em pequenas porções e partilhadas entre as pessoas presentes, em sinal de paz e de perdão.

Essas hóstias também são enviadas aos parentes e amigos que vivem fora da Polônia.

Muitas tradições natalinas referem-se à vida nos campos. À semelhança de alguns países, na Polônia também acreditar-se que os animais falam e entendem a linguagem humana. As congratulações referem-se às colheitas abundantes. Ainda hoje, antes de sentar-se à mesa, o dono da casa coloca um feixe de trigo em cada canto da sala da ceia, como augúrio de boa colheita. Na cidade, as pessoas contentam-se em esparzir sobre a toalha grãos de trigo e pequenos pedaços de palha ou de feno.

Antigamente, os nobres convidavam os empregados e servos para partilharem da mesma mesa. Hoje, costuma-se faz convidar alguém que viva sozinho. Se não for encontrar, deixa-se o lugar na mesa, vazio: é para o menino Jesus, que, eventualmente até poderá bater à porta...

NA GRÉCIA, uma única palavra indica as canções e os doces do Natal: kálanda.

Na tarde do dia 25, as crianças acendem grandes fogueiras nas praças das cidades e dos vilarejos, cantando e brincando de roda ao redor do fogo.

Na manhã seguinte, encontram, ao lado da cama, doces, um bastão e pequena sacola. Com bastão e sacola nas mãos, começam a girar de casa em casa a fim de desejar a todos um feliz Natal. Em troca, recebem doces e moedinhas.

Na Grécia não existe a tradicional árvore de Natal. Apenas costuma-se enfeitar as casas com ramos de oliveira. Durante a ceia come-se o kristofsomo (pão de Cristo), torta enfeitada com nozes.

NA RÚSSIA, o Natal não cai no dia 25 de dezembro, mas costuma ser na noite entre 6 e 7 de janeiro, porque a Igreja Ortodoxa segue o calendário juliano (criado por Júlio César em 46 a.C.), e não o gregoriano, como os católicos, reformado pelo Papa Gregório XIII. Os dois calendários têm uma diferença de, aproximadamente, de dez dias).

Por mais de setenta anos, o regime soviético não permitiu que fossem celebradas publicamente festas religiosas. Muitas igrejas até foram transformadas em museus. Assim, o povo russo, gente de profunda religiosidade, viu-se obrigado a celebrar as funções religiosas dentro das poucas igrejas abertas ao culto, na intimidade dos lares e, sobretudo, no coração.

Hoje tudo mudou: novas leis permitem às Igrejas Ortodoxas realizarem atividades pastorais e, aos crentes, professarem livremente sua fé.

A alegria finalmente voltou: nos lares reapareceram os ícones maravilhosos, os templos escancararam os seus portões, os altares brilham de luzes e, no recinto sagrado, ressoam cantos suaves.

Em todas as igrejas russas, uma grande parede de madeira valiosa, toda coberta de imagens sacras ricamente pintadas, separa os fiéis do presbitério, lugar sagrado da celebração: é o inconostasi. No momento solene da consagração, as portas centrais da iconostasi se abrem e um facho de luz é projetado sobre a multidão ajoelhada, criando uma atmosfera de profunda emoção.

Na Rússia, as manifestações festivas ao ar livre variam de região para região, segundo as tradições. Alegres bandinhas de música circulam pelas cidades e vilarejos. Aqui e ali, improvisam-se parques de diversão, com domadores de ursos, quiromantes, retratistas, vendedores de doces. Há, também, cantos e danças.

Vovô Gelo, Floco de Neve e outros personagens das fábulas trazem presentinhos para as crianças. Papai Noel chega de helicóptero, mas a Filha das Neves prefere vir de troika, carruagem especial, tipo trenó, puxada por três cavalos.

Nos lugares em que o frio é muito rigoroso e os rios congelam, o gelo é a matéria prima ao alcance de todos. Então, hábeis escultores criam um mundo fantástico feito de figuras de gelo que cintilam ao Sol. Não faltam crianças recitando poesias e brincando de roda, alegremente, ao redor dos pinheiros carregados de enfeites e velinhas.

NA UCRÂNIA, o Natal é chamado kerecun e é celebrado como na Rússia, no dia 7 de janeiro. A preparação dos festejos começa algumas semanas antes. A garotada prepara um show de poesias, monólogos e cantos, entre os quais aqueles típicos e alegres, chamados kolady. Após muitos ensaios, vão de casa em casa para apresentá-lo, vestidos com trajes feitos pelas próprias crianças.

Na véspera do Natal, os "atores" começam a tournée que dura até o primeiro dia da Quaresma. Durante o show, jogam grãos de trigo nos espectadores, para augurar-lhes boa colheita, felicidade e prosperidade. Um dos jovens leva uma sacola para recolher doces e pequenas ofertas das famílias visitadas.

Na noite do Natal são servidos suculentos pratos tradicionais: como entrada, a kotia ("alimento de Deus"), preparado com gérmen de trigo, mel, uva, amêndoas e sementes de papoulas. E, no final, a "bebida de Deus", uma gelatina de frutas vermelhas. É costume, também, colocar na janela um prato com um pouco de kotia e aguardente, para as almas dos mortos. Após a refeição, canta-se e relembram-se os parentes que estão longe. Em seguida, todos vão à missa da meia-noite, chamada pasterka, a missa dos pastores.

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