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17/02/2004 - 03h12

Em prol dos velhinhos

CAROLINA CHAGAS
free-lance para a Folha de S.Paulo

Cris Bierrenbach/Folha Imagem
Raio-X

Nome: Fabiano de Almeida Rocha, 34
Especialidade: geriatra
Formação: Faculdade de Medicina da Unesp (Botucatu), mestrado na Santa Casa
Onde atua: Santa Casa e consultório particular

De tempos em tempos o geriatra Fabiano de Almeida Rocha, 34, passa pela mesma situação. Um senhor ou uma senhora do alto de seus 60 e poucos anos se posta diante de sua mesa e diz que não agüenta mais tomar tanto remédio e continuar se sentindo mal. Na consulta, que nunca dura menos de uma hora, ele tenta montar uma equação para melhorar a qualidade de vida —e muitas vezes diminuir a quantidade de remédios— do paciente.

"Quase sempre sou procurado naquele momento em que o paciente não sabe mais qual é o nome de seu médico nem qual remédio foi indicado por quem", diz.

Uma das primeiras preocupações de Rocha é combater a incompatibilidade entre medicamentos. "Uma estatística norte-americana mostra que a má administração de remédios é a quarta causa de morte em hospitais daquele país."

A partir daí, Rocha passa a "administrar a saúde do paciente", com a ajuda de uma equipe multidiciplinar. "Mas, se o paciente prefere continuar com os profissionais que costuma consultar, entro em contato com todos. Até com os dentistas gosto de conversar", afirma.

Quando entrou na Unesp (Universidade Estadual Paulista), em 1988, Rocha já sabia exatamente o que queria fazer. "Desde pequeno queria ser médico e trabalhar com a terceira idade", diz.

Talvez o fato de se dar muito bem com o avô paterno, Cid, hoje com 87 anos, tenha colaborado para isso. "Mas acho que tem algo mais, sempre gostei de desafios e acho que, do ponto de vista médico, o idoso é um deles", afirma.

Em 1995, quando Rocha entrou na residência de clínica médica da Santa Casa, não havia a discilpina de geriatria. Em 1997, depois de ser contratado como assistente do hospital, passou a trabalhar com os residentes e, em um esforço conjunto com o professor Milton Luis Gorzoni, conseguiu criar a residência geriátrica da Santa Casa, hoje referência para outras escolas e hospitais do país. "A geriatria é uma das poucas especialidades que se preocupam em analisar o paciente como um todo", afirma Rocha.

Rocha mantém, em seu computador portátil, um arquivo para "projetos especiais". Um deles é encontrar uma forma de tornar os planos de saúde mais simpáticos para o idoso. "Uma administração preocupada com as necessidades e peculiaridades dos idosos reduziria os custos dos planos e melhoraria a vida das pessoas", defende o geriatra.

Casado há sete anos com uma advogada, outro plano especial é ter um filho. "Não temos pressa, mas o projeto está lá na pastinha dos especiais, uma hora dessas sai", promete.

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