Folha Online sinapse  
17/02/2004 - 03h16

As veias da profissão

CAROLINA CHAGAS
free-lance para a Folha de S.Paulo

Cris Bierrenbach/Folha Imagem
Raio-X

Nome: Nelson Wolosker, 42
Especialidade: cirurgião vascular
Formação: Santa Casa, pós-graduação na Faculdade de Medicina da USP (mestrado, doutorado e livre-docência)
Onde atua: Hospital das Clínicas, Hospital do Câncer e clínica particular

Cercado por dois celulares e um telefone fixo, com o rádio ligado, o cirurgião vascular Nelson Wolosker, 42, aproveitou as férias forçadas decorrentes de uma cirurgia no joelho —resultado de um acidente num jogo de squash— para terminar alguns artigos.

Apesar do caos aparente da cena, o poder de concentração do médico chama a atenção: Wolosker elogiou o grupo que tocava no rádio, acertou o número do quarto de seu paciente ao celular, negociou o conserto do portão automático de sua casa e ainda concedeu uma detalhada entrevista ao Sinapse.

Filho do já morto cirurgião vascular e professor da USP Marcos Wolosker, Nelson cresceu rodeado de médicos e escolheu cedo seu caminho. Estudou em um colégio de aplicação —"as últimas boas escolas públicas do país; o Wladimir, jogador do Corinthians, meu time, também estudou lá"— e entrou na Santa Casa. Na residência, passou para a USP, onde está até hoje. "Enquanto me especializava, fui fazendo currículo, escolhi assuntos para pesquisar e escrevi bastante."

Em 1991, depois de se tornar médico do HC, foi escolhido para ir a Baltimore (EUA), de onde voltou com uma atualização em cirurgia endovascular, nome dado a uma série de técnicas empregadas para a correção de obstruções arteriais.

Até hoje, cirurgia endovascular e claudicação vascular intermitente (dor causada por uma obstrução vascular que leva a pessoa a mancar) são os temas centrais de suas pesquisas.

Com mais de 50 artigos publicados —a maior parte em revistas internacionais—, Wolosker é livre-docente, professor associado da USP e chefe do Departamento de Cirurgia Vascular do Hospital do Câncer, além de atender em seu consultório. "Gosto muito do que faço, de vasinhos nas pernas a aneurismas. Tudo relacionado à cirurgia vascular me interessa e me encanta", diz.

O leque de especialidades de Wolosker cresceu recentemente, quando criou, com um grupo de profissionais, uma clínica do suor para cuidar de pacientes com hiperidrose, uma crise de transpiração desencadeada por alguma tensão diária —que pode ser até um encontro inesperado.

Para dar conta de sua agenda, o cirurgião, que é casado e tem duas filhas, raramente sai de São Paulo e abriu mão de jantar. "Faço esporte nesse horário, médico também tem que se cuidar", confessa.

Quando questionado se as meninas não pedem para ir à praia, Wolosker é rápido: "Que nada, criança gosta do que a gente mostra para elas. Fui criado passeando no Hospital das Clínicas, adorava correr em volta daquelas árvores", lembra.

O HC é um ambiente que ele nunca pretende deixar. "Como diria Vicente Matheus [ex-dirigente do Corinthians, famoso pelo uso incorreto do português], a bagagem que adquirimos ali no dia-a-dia é 'imprestável'."

Leia mais
  • Jovens e experientes
  • Enquete: Como você escolhe seus médicos?

         

  • Copyright Folha de S. Paulo. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress (pesquisa@folhapress.com.br).