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17/02/2004 - 03h20

Muito estudo e pesquisa contra a doença

CAROLINA CHAGAS
free-lance para a Folha de S.Paulo

Cris Bierrenbach/Folha Imagem
Raio-X

Nome: Antonio Carlos Buzaid, 45
Especialidade: oncologista e hematologista
Formação: Faculdade de Medicina da USP, residência no Arizona Cancer Center da University of Arizona, certificado pelo Conselho Médico Norte-Americano em medicina interna e oncologia clínica
Onde atua: Hospital Sírio-Libanês

Dos mais de 20 quadros emoldurando diplomas e prêmios que enfeitam sua luxuosa sala no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, o oncologista e hematologista Antonio Carlos Buzaid, 45, não esconde preferir um de fundo verde esmeralda pendurado bem à direita de quem passa pela porta de entrada. No final do ano letivo de 1994/1995, os alunos de oncologia clínica do MD Anderson Cancer Center, da Universidade do Texas, elegeram-no o melhor professor daquele período, entre aproximadamente 400 candidatos. "Gosto muito de dar aulas, perco tempo preparando material, busco ser didático e ter algo a mais, que lembre um show e que ajude os alunos a memorizar o conteúdo ensinado", afirma Buzaid, que admite ser muito rigoroso.

Apesar do gosto pelo ensino, desde 1999 o oncologista está distante do dia-a-dia de uma escola. Atualmente, suas aulas se limitam a quatro explanações anuais aos residentes de oncologia clínica do Sírio-Libanês e a algumas palestras no exterior, onde é convidado a falar sobre melanoma (tipo de tumor cutâneo), área que o tornou famoso fora do país.

Hoje, ele se dedica ao Centro de Oncologia Clínica do Hospital Sírio-Libanês, que, a convite do diretor-geral, Raul Cutait, desenvolveu e dirige. "Foi um trabalho árduo para construir um local onde o paciente tivesse toda a assistência e conforto durante o tratamento, mas me orgulho desse espaço, que pode ser comparado a poucos no mundo", diz.

Os 13 anos que passou nos Estados Unidos dando aula e fazendo pesquisa —na Yale University School of Medicine e no MD Anderson Cancer Center— permitiram que ele convivesse com o que há de mais moderno e eficaz no tratamento dos mais diversos tipos de câncer. "O MD Anderson é o maior hospital da especialidade do mundo, são 500 leitos. A experiência que se adquire ali é impressionante", diz. Para chegar lá, Buzaid admite ter passado seis meses de pijama mergulhado nos livros. Depois de formar-se pela Faculdade de Medicina da USP, ele decidiu tentar a sorte nos EUA. "Sabia que tinha de estudar muito."

Conseguiu uma boa classificação e foi fazer residência e especializações na terra do Tio Sam. Ele estava se preparando para voltar ao Brasil quando foi convidado a ser professor na Universidade de Yale. "O convite era irrecusável. Acabei cedendo", diz. Alguns anos mais tarde, virou professor do Departamento de Melanoma e Sarcoma do MD Anderson Cancer Center. "Só quem sobrevive a um plantão lá fora sabe o valor que tem ser reconhecido em um país como os Estados Unidos."

Não foi à toa que, na hora de eleger os médicos que fariam parte de sua equipe, Buzaid fez questão que todos tivessem passado algum período nos maiores centros do exterior. A seleção dos residentes de seu departamento também é extremamente rígida. "E muito concorrida: neste ano, tivemos 35 candidatos para 3 vagas", afirma.

Além de infra-estrutura caprichada, o residente do hospital tem desde 2002 um manual de bolso para auxiliá-lo no trabalho. Editado por Buzaid e escrito por mais de 20 especialistas renomados em oncologia afiliados ao hospital, o "Manual de Oncologia Clínica do Hospital Sírio-Libanês" (Reichmann & Affonso Editores, 2002) é também acessível pela internet. "Digo que ele foi pensado para ser usado no campo de batalha. É um livro que, ao final de um ano, vai estar amassado, de tanto ser consultado", diz. "Eu mesmo dou umas 'coladas' de vez em quando."

Há alguns meses, Buzaid se desobrigou dos plantões no fim de semana. Agora ele foge para seu refúgio à beira de um lago em Itatiba (84 km ao norte de São Paulo). "Lá, desligo da vida, faço artes marciais e windsurfe."

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