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30/03/2004 - 02h46

Dez passos para compreender as Olimpíadas

SANDRO MACEDO
free-lance para a Folha de S.Paulo

Ao contrário do futebol, que tem várias opções no mercado, não há documentários em vídeo ou DVD sobre as Olimpíadas disponíveis no Brasil. Mas pelo menos dois merecem menção, pelo caráter político. O primeiro, dividido em duas partes, é "Olympia" (1938), de Leni Riefenstahl, a diretora escolhida por Adolf Hitler para mostrar a suposta supremacia ariana sobre as outras nações nos jogos de Berlim (1936). Décadas mais tarde, Leni afirmou que foi instruída a não destacar o bom desempenho de atletas negros, como o norte-americano Jesse Owens, ganhador de quatro medalhas de ouro no atletismo. O filme deu origem ao livro de fotografias "Olympia" (Taschen, US$ 40).

O segundo documentário: voltamos à Alemanha, agora em 1972. Os Jogos realizados na cidade de Munique viraram o filme "One Day in September" (Um dia em setembro, 2000), de Kevin Macdonald, que mostra a tragédia ocorrida na Vila Olímpica, onde 11 pessoas da delegação israelense foram mortas por um grupo de terroristas palestinos. O filme venceu o Oscar em sua categoria.

O filme mais conhecido sobre uma Olimpíada conta a história de dois corredores britânicos, Eric Lidell e Harold Abrahams, que disputaram os Jogos de Paris, em 1924. "Carruagens de Fogo" (Chariots of Fire, 1981), de Hugh Hudson, mostra como Lidell, um velocista nato, deixou de disputar a prova dos 100 m devido à sua religião. Melhor para Abrahams, que teve como adversários apenas os corredores norte-americanos. A produção inglesa levou quatro Oscar, incluindo melhor trilha sonora, composta pelo grego Vangelis —a música-tema tornou-se marca registrada da corrida de São Silvestre, realizada em São Paulo.

Os Jogos de Inverno, que são a versão para neve das Olimpíadas, também renderam bons dividendos a Hollywood. A história verídica do grupo da ensolarada Jamaica que disputou a competição de bobsled (corrida de trenó no gelo) se transformou no divertido "Jamaica Abaixo de Zero" (Cool Runnings, 1993), de Jon Turteltaub. O filme inspirou quatro brasileiros que formaram um time de bobsled e participaram dos Jogos de 2002, em Salt Lake City, depois de se classificarem... à frente da Jamaica.

Um dos livros mais completos sobre os Jogos Olímpicos é "Os Arquivos das Olimpíadas" (Panda, 696 págs., R$ 42), do jornalista esportivo Maurício Cardoso. O livro traz resultados de todas as modalidades, desde 1896, e textos sobre os jogos e seus heróis e sobre os feitos marcantes. O único porém é a falta de dados sobre Sydney 2000 —a última competição comentada é a de 1996, de Atlanta —mas a editora, em março, passou a incluir no livro um apêndice com os resultados da Olimpíada mais recente. Outra leitura disponível é "Brasileiros Olímpicos" (Panda, 221 págs., R$ 28), de Ledio Carmona, Jorge Luiz Rodrigues e Tiago Petrik, com histórias de 189 atletas, jornalistas ou dirigentes que se destacaram nas competições.

Pela primeira vez o Brasil vai disputar provas de ginástica feminina com chances reais de medalha, principalmente com Daiane dos Santos, no solo. Quem quiser conhecer um pouco melhor o esporte pode recorrer ao livro "Evolução Histórica da Ginástica Olímpica" (Phorte Editora, 311 págs., R$ 33), do professor de educação física Nestor Soares Publio, um dos árbitros da modalidade nos Jogos de Moscou, em 1980. Além da evolução física dos atletas, o livro explica critérios de notas e dá o resultado das principais competições de ginástica no mundo. Entre outras coisas, o leitor pode descobrir que a romena Nadia Comaneci conquistou o primeiro 10 da história do esporte em 1976. A nota demorou a ser registrada no placar eletrônico do ginásio de Montreal porque os caracteres do placar só tinham três dígitos (dois são usados para as casas decimais). Resultado: marcaram 1.00.

Existem ainda várias opções nas livrarias para o torcedor-leitor se preparar para os Jogos. "A Chama que Não se Apaga" (Dunya, 168 págs., R$ 22), do jornalista Armando Nogueira, traz sua experiência olímpica em forma de divertidas crônicas. O livro "Os Jogos Olímpicos na Grécia Antiga" (Nova Alexandria, 132 págs., R$ 33), de Lauret Godoy, conta a origem primordial dos Jogos, e "A Saga de um Campeão" (Gente, 230 págs., R$ 32,90), de Lars Grael, é a autobiografia do atleta, escrita após o acidente em que ele teve uma de suas pernas amputada.

O endereço www.cob.org.br é o site oficial do COB (Comitê Olímpico Brasileiro). Entre outras informações, a página dá a lista, atualizada regularmente, dos atletas brasileiros com participação assegurada nos Jogos de Atenas. Na última, divulgada em 19 de março, já constavam 193 atletas. O site www.rio2012.org.br é uma boa opção para quem quiser ficar por dentro da candidatura do Rio para sediar os Jogos de 2012.

Para beber direto da fonte, vale ficar de olho no www.olympic.org, site oficial do COI (Comitê Olímpico Internacional). Com versões em inglês e francês, ele tem um sistema de busca fácil, que ajuda a identificar qualquer medalhista. Uma das seções mais interessantes da página está no link "Athletes", que traz o perfil de mais de 250 "heróis olímpicos". Patriotismo à parte, faltou a presença de algum brasileiro. Nomes como Adhemar Ferreira da Silva (bicampeão no salto triplo) e Oscar Schmidt (maior pontuador da história do basquete olímpico) mereciam a honraria. O site oficial dos Jogos de 2004 é o www.athens2004.com.

Na cidade suíça de Lausanne está o Museu Olímpico. Inaugurado em 1993, tem um acervo variado, com biblioteca, videoteca e exposições de medalhas, fotos históricas, pôsteres, selos e moedas. Há também equipamentos de estrelas olímpicas, como uma sapatilha usada pelo norte-americano Carl Lewis, ganhador de nove medalhas de ouro e uma de prata no atletismo. O endereço na internet é www.museum.olympic.org.

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